PAULA
Meus sentimentos estavam à flor da pele e confusos, eu me questionava se a ida a Irlanda me faria bem. Eu me questionava do por que meus olhos não quererem largar os dela. Do por que desse encanto repentino e rápido demais, eu só podia estar doida. Era isso.
― Chega Cintia! - eu disse irritada.
O caminho todo Cintia vinha me falando sobre a loira, disse que tinha visto os olhares e tudo o mais. Eu só fiz rir, que mais ela tinha visto ali?
― Chega por quê? - Cintia retrucou. Nós já havíamos chegado e ficamos no carro discutindo sobre a tal loira, a Stella. Eu não ousei dizer a Cintia o nome da loira que havia me hipnotizado. Eu não queria que ninguém soubesse.
― Eu vi como seus olhos brilharam, quando eu perguntei quem era ela, Paula. - Cintia retornou a falar, e eu me preparei para abrir a porta. ― Prova disso, é que ainda está usando a jaqueta dela e está segurando com força. Eu te conheço Paula. - o quê? Nem eu havia percebido que ainda segurava a jaqueta, mas enfim Cintia estava certa. Mas eu não admitiria, a verdade é que eu estava confusa.
― Eu já vou, boa noite pra vocês. – sai batendo a porta do carro.
Cintia sabe o quanto odeio que ela expresse suas conclusões sobre mim na frente dos outros, O sacras é um grande amigo, mas eu sou preservada e pretendo continuar assim.
Abri a porta da casa com fúria, me sentei no sofá e levei às mãos a cabeça, bagunçando os cabelos, na tentativa de por a cabeça no lugar. O que estava havendo? Toda vez que eu fechava os olhos eu podia ver aqueles olhos verdes em cima de mim, apertei a jaqueta ainda mais forte contra o meu corpo e respirei fundo. Fui tomar um banho a fim de relaxar os músculos e me livrar da tensão que foi aquela noite. Voltei para o quarto, me despi do roupão e deitei na enorme cama, virei para apagar o abajur e dei de cara com a jaqueta preta pendurada na cadeira ao lado da porta, maldita jaqueta eu pensei.
Eu não conseguiria dormir tão cedo, e para completar a noite, acho que perdi meu celular enquanto estava no pub, e agora nada me distrairia. Olhei para a jaqueta mais uma vez e fechei os olhos lembrando mais uma vez da loira e me apegando a detalhes que passaram despercebidos na hora, como a blusa xadrez na cor vermelha que ia até o começo das coxas, a calça skinny preta, e o Peep Ankle que deixava os tornozelos a mostra, os cabelos loiros estavam presos em um coque mal feito que deixavam alguns fios soltos, e por ultimo mas não menos atraente a sua jaqueta preta, ela tinha um estilo só seu. Simples, mas que servia perfeitamente para ela. E assim eu dormi, lembrando-me da pessoa que eu mais queria esquecer.
Na manhã seguinte acordei com uma dor de cabeça horrível e uma sede absurda, na mesma hora me arrependi de ter bebido tanto. Minha cabeça latejava e eu estava zonza. Arrastei-me até o banheiro, lavei bem o rosto, me olhei no espelho e vi que estava horrível. Fiz um café e tomei uma aspirina, retornei ao quarto tomei um banho e me vesti com roupas leves, me sentei na varanda da casa e apreciei a vista, a forma como eu devolveria aquela jaqueta preta martelava em minha cabeça, eu queria vê-la de novo e a jaqueta seria uma boa desculpa, meu estomago revirava com a ideia. Peguei o meu notebook que descansava na mesinha de centro, comecei a pesquisar sobre pontos turísticos em Dublin e em seus arredores, o que não faltava era opções, lugares e mais lugares, eu sabia que a Irlanda era um país e tanto, mas não esperava tudo isso. Quando decidi me dar um tempo não pesquisei muito sobre, fiz uma pesquisa básica no Google e pronto! Decidi me arriscar, mas agora que estou vendo tudo isso me encanto ainda mais, peguei papel e caneta e fiz uma lista rápida dos lugares que pretendia visitar, tiraria muitas fotos que ficariam de recordação e também atualizaria meus fãs sobre tudo.
Primeira coisa: comprar um celular novo. Eu ainda não me perdoei por perdê-lo na noite passada, aquele celular era a minha vida e agora sabe-se lá onde ele deve estar. Estava tudo pronto, eu tomaria um banho e chamaria Cintia e seu namorado, iríamos aproveitar as maravilhas da Irlanda. Eu já estava fechando as guias de pesquisa quando uma janelinha no canto inferior da tela abre com uma mensagem vinda do meu e-mail privado:
- Oi, sou a garota do bar, Stella, se lembra?
Meu coração disparou dentro do peito e um sorriso involuntário se formou em meus lábios, minhas mãos tremiam para digitar uma resposta.
- Sim, eu me lembro.
Eu sei que a resposta foi por demais chula, mas eu não podia digitar: "sim, eu me lembro e como me lembro! Eu dormi olhando sua jaqueta". Isso seria vergonhoso, afinal, eu só a vi uma única vez. Mas a resposta de Stella a seguir me mostrou que ela não era tão orgulhosa quanto eu.
- Eu quero te encontrar de novo. Preciso devolver sua bolsa e seu celular, ficaram comigo.
Fiquei aliviada por saber que não precisaria comprar outro celular e que minhas coisas ainda estariam nele.
- Ah sim, meu celular, podemos nos encontrar no Kilmainham Gaol, farei uma visita lá hoje à tarde, me encontre no portão principal. As 14h00.
Eu iria encontra-la.
- Por mim, tudo bem, estarei te esperando.
- Serei a moça de casaco vermelho, assim me encontrara facilmente.
- Você é linda, eu te encontraria em qualquer lugar e a propósito vermelho se tornou minha cor favorita.
Eu não sabia o que responder depois dessa, fiquei olhando a tela do computador por segundos até que seu usuário se tornou off-line. Ela me chamou de linda. Ela me chamou de linda e se encontraria comigo, eu mal podia acreditar.
Meu coração estava a mil por hora, e meus olhos ansiosos para perde-se naquela imensidão esverdeada.
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Descobrindo-me
FanficPaula acaba de terminar o namoro com o dentista Henrique do Valle, ainda não sabe definir seus sentimentos em relação ao término. Mas não está triste, esta mais para esperançosa, acha que agora é a hora de uma nova descoberta quer explorar seus lim...