Capítulo 5: Pedido

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Noah~

O Martin gritou tão alto que mesmo em pouquíssimos segundos meu ouvido começou a doer muito, ainda bem que o Sr. Simon conseguiu ativar seu Quirk rapidamente. Metade dos presentes ali já estavam ajoelhados e tampando os ouvidos com amas as mãos.

A habilidade do professor se baseia em criar escudos invisíveis, como espelhos, e naquele momento todos nós estávamos sendo protegidos do grito de Martin.

Mas nossa sorte não passou de alguns segundos, já conseguia ver o escudo sendo quebrado como se fosse apenas um pedaço de um vidro qualquer.

-Professor, eu vou tentar aquilo.- Falo entrando em sua mente, já que ele bloqueou o som que entra nos escudo.

Eu estava treinando a algumas semanas um jeito de entrar na mente das pessoas e conversar com elas, como fiz agora no professor, e esse, no momento, será um ótimo treino.

Meus olhos reviram, tudo fica um breu completo, e rapidamente estouna mente do Martin. Era um lugar totalmente escuro, ao longe vejo alguém sentado em posição fetal, o Martin obviamente, me aproximo e coloco uma das mãos em seu ombro.

-Martin?!

Quando ele olha para mim, sinto um vazio no seu olhar.

-Foi culpa minha. - Ele abaixa a cabeça.

- Não diga isso...

-Foi culpa minha. - Ele começa a gritar, é como se uma barreira sonora se criasse a sua volta e minha presença ali parece não ter sido esquecida.

O seu Quirk está protegendo seu cérebro?

O barulho continuava a aumentar e eu cubro os meus ouvidos com ambas as mãos.

-Martin, apenas me ouça, não foi sua culpa. Você não tem controle do seu Quirk.- Ele apenas continua gritando.- Eu sei que é difícil, mas eu também matei alguém, eu matei o meu melhor amigo e eu nunca vou me perdoar por isso. -Lágrimas descem pelas minhas bochechas.- Você não será o primeiro e também não será o último a matar alguém, então só me ouça, você consegue controlar e se você não controlar agora vai acabar matando ainda mais pessoas.

Ele me olha e o barulho vai abaixando cada vez mais até ficar um completo silêncio e ele cair desmaiado.

Saio da mente do Martin e volto para minha, meu corpo estava sentado com a costa encostada no escudo, meus ouvidos doíam e sangravam.

-Você fez muito bem Noah. -O Sr. Simon diz olhando para mim.- Você consegue ir até a enfermaria sozinho?

- Sim, eu consigo. - Antes de sair dali me aproximo do corpo do Martin que estava no chão, sua cabeça sobre as pernas da Marina.- Ele vai ficar bem.- Tento tranquiliza-la.

-Obrigado. - Ela me responde com um sorriso de lado.

Vou em direção a enfermaria, uma enfermeira olhava meu ferimento quando o diretor Jean entrou.

-Noah, eu soube do que aconteceu. Você pode me contar tudo o que houve?

- Nós estávamos na aula quando o Sr. Simon pediu para que ele ativasse seu Quirk e...

- Não essa parte. - Ele me interrompe.- O que você viu na mente do Martin?

Contei o que vi e seu rosto suavizou. Queria saber o que ele esperava, mas não perguntei.

Martin~

Acordo na enfermaria com a Marina ao meu lado, minha cabeça doe um pouco. Me recordo do que ouve em meus pensamentos, o que o Noah fez e o que me falou.

Tive alta da enfermaria alguns minutos depois de ter acordado, então fui direto para o meu quarto e lá estava o Noah deitado em sua cama.

-Oi.-Falo.- Obrigado pelo que você fez.

-Não precisa agradecer. -Ele se senta.- Apesar de quase ter estourado meus tímpanos.- Ele sorri.

Peço desculpas e sento na minha cama de frente para ele.

-Cara, seu Quirk é incrível, você é um tipo de banshee, só que menino e banshees são meninas. -Ele diz totalmente eufórico.

-O seu é mais incrível, você pode entrar na mente das pessoas e fazer elas imaginarem coisas.- Respondo com um sorriso tímido.

- Por estarmos falando em poderes, eu não entendi muito bem, mas o diretor Jean me perguntou sobre o que eu vi na sua mente.

-Mas o Sr. Simon não explicou tudo a ele?

Assim que eu termino de fazer a pergunta alguém bate na porta e o Noah se levanta para abrir.

-O diretor Jean quer falar com vocês dois.- Diz Denny na porta.

-Está bem, obrigado Denny.- Noah o responde.- Vamos Martin?- Ele olha para mim.

Me levanto, pego um casaco e saio do quarto junto a ele.

- Só quero que você saiba que esses poderes são como armas, nós a controlamos e escolhemos o que fazer como ela. Então não tenha medo de usa-las, controle-a e assim todos ao seu redor estarão a salvo. - Ele para no meio do corredor. – "Seria melhor não tê-las", foi isso que eu disse ao meu pai quando ele me falou essa frase e a resposta dele foi: "Quando não temos escolha de algo, mas temos a escolha de como usa-las; ao menos isso é possível, então temos que fazer o nosso melhor pelas pessoas que gostamos. Não queremos machuca-las e fazemos de tudo para isso".

Caminho até a diretoria com isso não cabeça, não quero machucar mais ninguém e vou fazer o meu melhor para isso. Esse coisa que tenho em mim não irá me consumir!

Batemos na porta e o Sr. Jean nos manda entrar, ao entrar na sala vejo a Marina e o Nathan sentados á sua frente.

- Sentem-se. -Pedi o Sr. Jean.- Como já havia dito antes, vocês terão aulas separadas da turma, assim como o Nathan e o Noah também tem, até aprenderem a usar seus Quirks totalmente.- Fala para Marina e eu.

-E por que você me chamou diretor?- Pergunta Nathan.

- Eu quero fazer um pedido para você e o Noah.- O diretor Jean olha para o Nathan.- Seu Quirk é Pirocinese, ou seja um manipulador do fogo, um poder oposto a Criocinese da Marina, mas que podem ser aprendidos da mesma forma, então como ela está um pouco atrasada em relação a turma você pode ajudá-la a controlar o Quirk?

Nathan olha para a Marina e diz.

-Se ela quiser, por mim tudo bem.

- E o que Noah tem haver com isso? O Quirk dele não tem nada parecido com o meu. - Falo com a cabeça baixa, quero saber o porquê de estar aqui.

-Mas foi o único que conseguiu te parar. Seu Quirk ainda é uma incógnita para nós, um poder realmente raro. A conhecida como "Primeira", criadora desta escola foi uma da poucas conhecidas, por nós, por ter esse tipo de poder. - Ele se levanta e vai em uma gaveta e pega um livro.- Neste livro contém a história da "Primeira" e como ela descobriu seu Quirk e muito pouco de como ela conseguiu controlar, os outros poucos que tinham uma variação desde poder enlouqueceram e logo morreu .-Ele coloca o livro em minhas mãos e se senta novamente. -Então Sr. Noah, você aceita ajudá-lo em seu treinamento?

- Sim, claro. - Noah me olha.

Após sair da diretoria, vejo alguns alunos caminhando por entre os corredores. Muitos deles andavam de casacos com gorros cobrindo completamente seus rostos.

Quando eles nos veem, tentam mudar logo de direção. Não entendo bem o porquê até o Nathan e o Noah nos explicar.

Algumas pessoas mudam suas formas, algumas com características animalescas, corpo branco como um papel e veias saltitantes, dentre outras. Eles não fazem muitas amizades ali, além deles mesmos, mantém distâncias de todos e a Marina sempre odiou todas estas situações de exclusão e resolveu ir falar com eles.

Tento ir com ela.

-Vá com o Noah e o Nathan, vou conversar com eles.

- Já tentei, mas eles acharam que eu estava apenas querendo pregar uma peça, zombar de suas aparências. - O Nathan diz num tom um pouco triste. – Espero que você consiga.

Deixamos a Marina ali e voltamos para os nossos quartos.

DEZESSEIS (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora