Capitulo 12

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Nathan~

Era domingo e eu já não suportava estar em casa. Meu pai e minha mãe vivem brigando e o clima está totalmente destruído, então fico preso em meu quarto. A única pessoa suportável em casa é o meu avô, já que o meu irmão já não está morando com a gente.

Penso em ligar para Marina, ela de alguma forma consegue me acalmar, mas está com a Camila e com certeza está se divertindo.

Aconteceu algo estranho hoje e eu não quis contar a ninguém, mas eu preciso saber então vou até a sala onde o meu avô estaria.

-Bom dia vô. -Me sento ao seu lado.

Ele me dá um sorriso em resposta.

-Vô, a Quirk da minha vó era como a minha. Ela se queimava quando tocava em fogo?

-Hã... - Ele coloca a mão direita no queixo. - Sim, se queimava sim. Mas não com as próprias chamas. - Falou lentamente. - Ela tinha uma marca de queimadura sobre a mão direita provocada pelas chamas de uma fogueira. Estávamos com alguns amigos um dia qualquer e algum animal pequeno, não lembro qual, caiu bem próximo da fogueira, queimando-se e ela sem pensar duas vezes o puxou de lá e tentava apagar as chamas até chegar ao lago que era muito perto de onde estávamos.

-E ficou tudo bem? Digo, com o animal?

Ele deu um pequeno sorriso de canto, como se estivesse lembrando daquela época.

-Ela o levou para casa, no dia seguinte ao veterinário e ficou com ele até que se recuperasse totalmente. Ela amava animais e esse foi um dos muitos animais que ela teve nesta casa.

Agradeci a meu avô, não poderia perguntar a outra pessoa, a única com habilidade como a minha era a vovó, minha mãe consegue respirar debaixo d'água, já o meu pai e irmão não tem Quirks.

Minha curiosidade se deu pelo fato de estar brincando com chamas de um isqueiro e bem, eu sabia que não poderia me queimar com as minhas próprias chamas e com outras? Seriam capazes de me queimar?

E a resposta foi não.

Eu devo ser o único de toda a família a não me queimar.

A família da Ana, minha melhor amiga, chegará à tarde, gosto de estar com ela. Mas há uma pressão sobre nós vindo da nossa família. Ela é alta, tem a mesma altura que eu, seus cabelos ruivos vão até sua cintura e seus olhos são de um verde escuro. Eles querem que a gente fique juntos, devem acreditar num tipo de supremacia ruiva ou algo do tipo. E obviamente aumentar a fortuna.

Conversamos a tarde inteira sobre vários assuntos, inclusive sobre a Marina. Andamos a cavalo na propriedade e até jogamos video games, o qual perdi a maioria das partidas, ela joga muito bem.

- Como está a escola?- Ela sabe sobre os poderes. – Você me contou da menina que gosta, me diz sobre mais coisas.

-Fiz alguns amigos, não como aqueles da nossa antiga escola. Mas sim amigos de verdade que não se importam com quanto dinheiro eu tenho. – Me ajeito na cadeira. – Um deles se chama Noah, chegamos no colégio Fausto no mesmo dia e, coincidentemente, nascemos no mesmo dia também.

Mostro uma foto do nosso grupo e aponto para ele. Para conversar com Ana tem que entender que ela quer saber quem é todo mundo.

-Bem gatinho.

-E quem você não acha "gatinho''? – Digo imitando ela.

Chegou a hora de ela ir para casa.

-Continuamos essa conversa por chamada. Tenho algumas coisas para te contar.

Voltei à mesma de sempre. Ficar preso em meu quarto por não suportar as brigas dos meus pais

Noah~

-Desde quando você consegue fazer ilusões sem olhar para alguém?- Meu pai perguntou assim que eu piso na cozinha.

-Hã? Eu não consigo, ainda. – Olho para ele.

- Eu entrei no seu quarto e tinha uma ilusão, não poderia ter sido feita pelo Martin. –Ele se senta do meu lado.

Fico quieto, até porque não sabia do que ele estava falando.

Peguei uma caneca e coloquei café.

-Noah, você está apaixonado pelo Martin?- Meu pai diz diretamente, como sempre, sem dar qualquer volta na conversa.

-Pai... Eu...

-Se você realmente gosta dele diga, depois pode ser tarde demais. Os amores vêm e vão, mas alguns se prendem em você e é insuportável guardá-lo, esconder tanto tempo que ama alguém é como está se sufocando a cada minuto do dia. -Meu pai me abraça forte.

- Ele é o primeiro menino que eu gosto e... Eu queria te contar, queria mesmo. Mas eu fiquei confuso e com medo. – Sinto que vou chorar, mas me contenho. –E se você não gostasse mais de mim?

Meu pai sorri e me abraça.

- Eu sempre estarei aqui por você!

Tento segurar as lágrimas, mas o abraço do meu pai foi o estopim. Meu pai sempre foi de demonstrar sentimentos, mas naquele momento era mais que uma simples demonstração de afeto para mim, era algo mais. E ele é tudo para mim, não conseguiria imaginar perdê-lo.

O Martin e o Miguel entram rindo na cozinha.

-Bom dia... Está tudo bem?- Martin se preocupa assim que olha para mim.

- Não... Não é nada. - Passo as mãos em meus olhos para secá-los.

O Martin se aproxima de mim e também me abraça. Depois sem falar nada se senta, colocando o meu irmão sentado ao seu lado. Olho para o meu pai, que dá de ombros e um pequeno sorriso nos lábios.

A manhã seguiu tranquila, e ao fim tarde o Martin estava brincando com o Miguel no Jardim de casa. Aproveitei esse momento para falar com o meu pai.

-Pai?-Chamo sua atenção e logo tira os olhos de um livro. - Como soube?- Estava curioso.

Ele deu uma pequena risada.

-Você sempre o olha de um jeito muito carinhoso, você pode ter o mesmo temperamento de sua mãe, mas se parece comigo em relação a gostar de alguém. - Ele bateu a mão ao seu lado no sofá para que eu sente ao seu lado. - E... hã. -Ele sorri. - Você confirmou todas as minhas suspeitas nesta madrugada. Eu entrei no seu quarto e você e o Martin estavam em pé no meio do quarto, logo percebi que era uma ilusão já que ambos verdadeiros estavam dormindo ao lado, você não colocou ilusão onde seus corpos verdadeiros estavam, era mais como se você estivesse projetando seu sonho. No momento da ilusão vocês dois estavam abraçados e logo depois um beijo.

-Então por isso a pergunta hoje de manhã?

Ele confirmou com a cabeça.

-Mais uma coisa. - Ele olhou sério para mim. - Porque naquele parque? Por favor, não o leve lá!- Ele sorri.

Meu pai estava a falar sobre um parque velho que eu passava muito tempo, ninguém mais ia lá, era minha fuga desde que minha mãe nos deixou.

-Pode deixar. - Sorri.

DEZESSEIS (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora