Capítulo 8: Tarde no lago.

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Marina~

- O treinamento de Quirks variam de pessoa para pessoa, eu estarei aqui para te ajudar, mas os meus conselhos podem não servir para você!- O meu professor o Sr. Roberto, um homem já com uns 50 anos, creio eu, diz andando de um lado para o outro. -Sugiro a você que me ouça, mas também que ouça a si própria. Você irá perceber que seu corpo vai aconselhar melhor que as minhas palavras, ouça a si mesma.

Eu, ali parada, só o acompanhava com os olhos e assentia com a cabeça.

O Quirk do professor é basicamente criar o gelo, mas não controlá-lo, como o meu. Tento aprender muito com ele.

Assim começou o meu primeiro dia de treinamento com ele e com o Nathan, agora já faz algumas semanas desde que eu aprendi a não só controlar a criação, mas também a manipular meu Quirk.

O senhor Roberto estava certo, devíamos nos ouvir desde o início e é bem mais fácil se fizermos isso.

Sábado à tarde o céu estava azul e a luz forte do sol batia na parede do meu quarto, fazia bastante calor, mesmo já estando no meio da tarde. Eu estava sentada na minha cama, manipulando um floco de neve que criei, flutuando na palma da minha mão.

-Marina, coloque um biquíni que nós vamos ao lago. - Mia entra no quarto e eu me desconcentro o que faz meu floco se desfazer com a altura da sua voz.

-Não precisa falar tão alto. - Olho para ela. -Vou ligar pro meu irmão.- pego o celular sobre a mesa.

- Não precisa, eu já chamei. E agora seja rápida. - minha amiga coloca uma pequena mochila sobre o ombro direito.

Depois de que eu abri o meu guarda-roupa que me dei conta. Eu não tinha biquíni ali!

Olho para a Mia sorrindo um pouco sem graça.

- Eu não trouxe biquíni.

- Como você não trouxe biquíni?- Mia vai até o seu guarda-roupa.

- Certo, da próxima vez eu penso: "Nossa, vou para uma escola com várias pessoas que tem poderes e preciso levar biquíni para tomar banho em um lago que eu não faço a mínima ideia que existe". - Ela me olha seriamente, me encara por alguns segundos e depois começa a rir.

-Pega, esse deve dar em você!- Ela estica a mão para mim com um biquíni azul sobre ela.

Enfim fico pronta e seguimos em direção ao fundo da escola, onde encontramos o meu irmão, Noah, Camila e o Nathan. Adentramos um pequeno bosque e em uns dez minutos, ou um pouco mais, estávamos no lago.

Havia muitos alunos ali, desde o primeiro ao terceiro ano. Vários estavam usando seus poderes, voando sobre o lago, jogando futebol, vôlei, e escorregando em um plástico grande que seguia num pequeno declínio de grama, alguns cantavam e tocavam.

Alguém aí quer jogar pega-pega com Quirks?-Falou um garoto loiro que parece ser do terceiro ano.

-O que?- Fico sem entender.

-É simples. Como na brincadeira normal um corre atrás de alguém para "pegar", mas aqui nós usamos as Quirks para fugir e para pegar. - Explica outro o garoto.

- Eu vou. -Responderam Noah e Camila em uníssono.

- Eu também!- Agora foi o Nathan.

Eu vejo que algumas pessoas já faziam um círculo para escolher quem seria a primeira a pegar, então me aproximo para também participar.

-Vocês vão?- Falo olhando para o Martin e a Mia que já estavam sentados na grama. E ambos negam. Mia abaixa o óculos de sol e deita olhando para o céu e o meu irmão apenas fica olhando para a gente.

Logo a brincadeira começa. Corro para o mais longe possível do "pegador" e fico olhando a distância como tudo aquilo era demais.

A habilidade da pessoa que estava correndo atrás de nós é ter um corpo elástico e em questões de segundos a Camila foi pêga.

-Droga .- Ouço-a gritar.

Ela me olhou e naquele minuto eu já sabia que ela correria atrás de mim.

Sorrio para ela e corro olhando para trás, ela cria vários clones fazendo correr atrás de cada um que estava na brincadeira.

- Isso não vale!- Grito sorrindo.

-Aqui vale tudo meu bem. - Ela diz logo atrás de mim.

Penso em algo, não sabia se iria conseguir, mas mesmo assim corro em direção ao lago.

-Tem que dar certo, tem que dar certo. -Repetia para mim mesma em voz alta.

Sinto meus pés descalços tocarem a água refrescante do lago e então depois de alguns passos crio flocos de gelo de maneira grande o suficiente para que meus pés coubessem para que eu pudesse correr sobre a água, logo após desfazendo-os para que a minha perseguidora não os use também. Me senti dentro de um desenho animado.

Chegando a uma boa distância paro e olho para trás e lá está ela parada à borda do lago olhando para mim.

-É isso que não vale. - Ela diz com as mãos na cintura.

-Aqui vale tudo meu bem. - Respondo imitando a mesma.

Enquanto uma das Camila estava comigo, outra havia pegado o Nathan e agora ele corria atrás das pessoas, mas um dos garotos onde ele estava correndo atrás voou sobre a água passando uma das mãos sobre a mesma. Isso não parou o Nathan, ele lançou chamas de ambos os pés e das mãos para se impulsionar acompanhando rapidamente o garoto voador, quando conseguiu chegar perto o suficiente desativou seu poder de ambas as mãos, tocou o garoto e então caiu na água.

Sinceramente fiquei um pouco preocupada com a cena, mas então ele emerge na superfície com um sorriso vitorioso e seu braço direito erguido. Eu sorrio ao ver que ele está bem.

A brincadeira durou um bom tempo. Quando paramos fomos em direção à mesa de bebidas onde tinha algumas pessoas.

-Você é muito boa nessa brincadeira. - O Nathan ficou ao meu lado.

-Acho que sim. - Respondo-lhe colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

O Nathan abre a boca para falar algo, mas é interrompido por um grupo de meninas que pareciam já estar bêbadas. Onde elas conseguiram bebidas alcoólicas?

-Oi, Marina não é?- Uma garota fala pelo grupo. Eu balanço a cabeça em confirmação dando um gole na bebida gelada. - Você poderia criar um escorregador com seu Quirk?

- Eu... Eu nunca fiz isso.

-Vocês não podem arrumar outra pessoa?- Nathan entra na conversa impaciente.

- Como você deve saber há poucas pessoas com Criocinese nessa escola, ainda mais com uma tão forte quanto à dela que aguentaria a temperatura. E... hã... Não tem nenhum criocinesista no lago hoje. - A garota diz olhando para os lados.

Vejo que ele iria rebater a resposta dela, então o interrompi.

-Okay, eu posso tentar. - Coloco o copo na mesa.- Já volto. -Falo saindo de perto dele.

Acompanho o pessoal até o local onde o escorregador deveria ser feito e o crio. Não foi difícil tanto quanto imaginei, é bem simples na verdade. Apenas fiz uma faixa bem grossa no chão e uma barreira ao lado para que ninguém escorregue pela lateral.

Volto em direção a mesa e vejo a Cami e o Nathan conversando, pareciam se divertir. Decido deixá-los sozinhos e vou a procura da Mia.

DEZESSEIS (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora