Capítulo 21- Assistindo ao show parte 2

207 25 268
                                    

Noah~

O meu pai e Shaira me chamaram na tarde de sábado para conversar.

Entramos na sala dos professores, estava vazia, a área é bem espaçosa, tinha três mesas, havia alguns sofás, poltronas e alguns armários espalhados por ali. Sento em uma poltrona, meu pai numa outra à minha frente e Shaira num sofá ao meu lado.

-Noah, entramos em sua mente enquanto você estava inconsciente depois da prova e...

-Por que vocês entrariam em minha mente?- O interrompo.

-Filho, só me ouve. Está bem?- Ele cruza suas mãos. - Quando estávamos em sua mente percebemos que havia uma memória sobreposta a outra e esta era do dia da morte do Victor.- Me ajeito na poltrona.- Você não o matou, mas sim criou uma memória falsa sobre isso.

-E porque faria isso?

-Isso é totalmente discutível. -Shaira entra na conversa, viro minha cabeça para o lado onde ela está. - A criação de memoria falsa é bem comum quando se trata de um evento sério, emotivo, provavelmente você criou para se culpar pela morte do seu amigo. Se considerarmos a sua quirk isso te torna ainda mais vulnerável a tais memórias que uma pessoa comum. -Ela da uma pausa e olha para o meu pai. - A porcentagem de morte de pessoas comuns causadas por pessoas como nós são maiores que eu gostaria, mas ainda assim são bem baixas, e você não está dentro desta porcentagem. Enquanto você dormia eu iria apagar a memória falsa, mas seu pai me pediu para deixa-lo acordar antes e que você escolhesse. - Deu uma pausa. - E então, quer apaga-la?

-Claro, por favor. - Aceito sem hesitar, mesmo não sabendo o que ela faria. É melhor do que viver com uma lembrança péssima que não deveria estar aqui.

A diretora se levantou, se aproximou de mim, e tocou o centro de minha testa com o dedo indicador. Fecho meus olhos, sinto algo difícil de explica, uma calor emanava de seu dedo, dou um suspiro alto e rápido, em segundos duas memórias passam pela minha cabeça, consigo ver e ouvir ambas ao mesmo tempo até que apenas uma fica ali repetindo como uma flashback. Aperto a poltrona com as palmas das minhas mãos. Sei que havia outra coisa ali, mas não consigo saber o quê.

Sinto seu dedo se afastar, lágrimas escorrerem por minhas bochechas e logo sinto o gosto salgado em meus lábios.

-Obrigado!- Falo baixo a ela que me dá um sorriso.

-Ninguém deveria passar por isso. - Toca meus cabelos com a mão macia. –Principalmente alguém tão jovem como você.

Nos levantamos e saímos da sala onde estávamos. São três da tarde, vou direto para o quarto e encontro Martin lendo.

Seus olhos caminhavam pela página do livro, seu rosto sereno e seus lábios se moviam a cada palavra lida.

-Você não vai almoçar?- Pergunto interrompendo sua leitura,sei que ele odeia ser interrompido quando ler, mas só estou preocupado.

-Não estou com fome. - Diz me olhando rapidamente e voltando a leitura

~16~

Ao sair do banho vejo o Martin em um surto de choro, o livro jogado em um canto da cama, suas mãos apoiadas em seus joelhos, seus olhos fixos no chão e sua respiração ofegante. Visto rapidamente uma roupa qualquer e me aproximo.

-Ei, o que houve?-Sento ao seu lado e toco seu ombro.

- Não aconteceu nada. - Seus olhos ainda estavam fixos no chão.- Sai daqui, por favor.

- Não Martin, não vou deixar você sozinho. Me diz, o que houve?

- Não aconteceu nada... Cadê a droga do meu celular!- Fala como se eu não estivesse ali. - Preciso colocar algo para tocar, música me acalma.

DEZESSEIS (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora