Noah~
O meu pai e Shaira me chamaram na tarde de sábado para conversar.
Entramos na sala dos professores, estava vazia, a área é bem espaçosa, tinha três mesas, havia alguns sofás, poltronas e alguns armários espalhados por ali. Sento em uma poltrona, meu pai numa outra à minha frente e Shaira num sofá ao meu lado.
-Noah, entramos em sua mente enquanto você estava inconsciente depois da prova e...
-Por que vocês entrariam em minha mente?- O interrompo.
-Filho, só me ouve. Está bem?- Ele cruza suas mãos. - Quando estávamos em sua mente percebemos que havia uma memória sobreposta a outra e esta era do dia da morte do Victor.- Me ajeito na poltrona.- Você não o matou, mas sim criou uma memória falsa sobre isso.
-E porque faria isso?
-Isso é totalmente discutível. -Shaira entra na conversa, viro minha cabeça para o lado onde ela está. - A criação de memoria falsa é bem comum quando se trata de um evento sério, emotivo, provavelmente você criou para se culpar pela morte do seu amigo. Se considerarmos a sua quirk isso te torna ainda mais vulnerável a tais memórias que uma pessoa comum. -Ela da uma pausa e olha para o meu pai. - A porcentagem de morte de pessoas comuns causadas por pessoas como nós são maiores que eu gostaria, mas ainda assim são bem baixas, e você não está dentro desta porcentagem. Enquanto você dormia eu iria apagar a memória falsa, mas seu pai me pediu para deixa-lo acordar antes e que você escolhesse. - Deu uma pausa. - E então, quer apaga-la?
-Claro, por favor. - Aceito sem hesitar, mesmo não sabendo o que ela faria. É melhor do que viver com uma lembrança péssima que não deveria estar aqui.
A diretora se levantou, se aproximou de mim, e tocou o centro de minha testa com o dedo indicador. Fecho meus olhos, sinto algo difícil de explica, uma calor emanava de seu dedo, dou um suspiro alto e rápido, em segundos duas memórias passam pela minha cabeça, consigo ver e ouvir ambas ao mesmo tempo até que apenas uma fica ali repetindo como uma flashback. Aperto a poltrona com as palmas das minhas mãos. Sei que havia outra coisa ali, mas não consigo saber o quê.
Sinto seu dedo se afastar, lágrimas escorrerem por minhas bochechas e logo sinto o gosto salgado em meus lábios.
-Obrigado!- Falo baixo a ela que me dá um sorriso.
-Ninguém deveria passar por isso. - Toca meus cabelos com a mão macia. –Principalmente alguém tão jovem como você.
Nos levantamos e saímos da sala onde estávamos. São três da tarde, vou direto para o quarto e encontro Martin lendo.
Seus olhos caminhavam pela página do livro, seu rosto sereno e seus lábios se moviam a cada palavra lida.
-Você não vai almoçar?- Pergunto interrompendo sua leitura,sei que ele odeia ser interrompido quando ler, mas só estou preocupado.
-Não estou com fome. - Diz me olhando rapidamente e voltando a leitura
~16~
Ao sair do banho vejo o Martin em um surto de choro, o livro jogado em um canto da cama, suas mãos apoiadas em seus joelhos, seus olhos fixos no chão e sua respiração ofegante. Visto rapidamente uma roupa qualquer e me aproximo.
-Ei, o que houve?-Sento ao seu lado e toco seu ombro.
- Não aconteceu nada. - Seus olhos ainda estavam fixos no chão.- Sai daqui, por favor.
- Não Martin, não vou deixar você sozinho. Me diz, o que houve?
- Não aconteceu nada... Cadê a droga do meu celular!- Fala como se eu não estivesse ali. - Preciso colocar algo para tocar, música me acalma.
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DEZESSEIS (Livro 1)
Roman pour AdolescentsUm universo em quem muitos adolescentes vêm suas vidas mudarem totalmente por nascerem com habilidades especiais. Os irmãos gêmeos, Marina uma garota popular que sempre pensa nas pessoas a sua volta e Martin um garoto super inteligente e bem tímido...