Capítulo 27

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É isso! Aquilo são asas! Acendo a luz rapidamente e sento na cama tentando entender a situação. Como aquele homem tem asas e conseguiu pegar o aquário? Quem é aquele homem? Seguro as mãos para não parecer tão nervosa. Depois de alguns minutos escuto a porta deste quartinho abrir e então Copri entra.

— Ele chegou! — Copri fecha a porta.

— Vou lá falar com ele! Explicar a situação.

— Não! — Ele fica tenso. — É um humano! Dono desse local e exige não ser visto por ninguém além de mim.

— E por quê?

Copri olha pela janelinha como se quisesse analisar a presença de alguém e volta o olhar para mim.

— É um assassino muito procurado! Assegura que você provavelmente o conhece.

Bela mentira! Eu acreditaria se não fosse o fato das enormes asas que vi.

— Se ele é um assassino... por que aceita a sua presença?

Ele joga a cabeça para trás, solta uma risada e volta a olhar para mim.

— Você esqueceu que sou... um anjo caído? — Ele levanta uma sobrancelha e curva o pescoço em minha direção. — Um... demônio? — Ele diz quase sussurrando e revela um sorriso sombrio.

Fico incomodada com a situação. Se quero ter contato próximo com algo, com certeza não é um demônio. Cruzo os braços e fico olhando para o chão. Copri abre a porta.

— Pode vim se quiser!

Ele sai e eu fico ali pensando. Lembro das coisas que vi ao olhar nos olhos do caído que apareceu em minha janela. Guerra, morte, traição, rebeldia... tudo isso não foi captado apenas em imagens, mas em emoções. Emoções que enfraqueceu-me até agora. Levanto, pego a cadeira e saio da sala. Copri está sentado em uma cadeira na entrada do galpão. Seu corpo está totalmente relaxado, suas pernas esticadas e sua coluna fazendo um "L" assume que o mesmo está em descanso intenso. Com a cadeira nas mãos, caminho até o lado dele, ajusto minha cadeira e sento. Ambos focamos apenas na lua, mas Copri parece meio tenso. Na verdade, são poucas as vezes em que seu rosto assume uma feição boa. Geralmente ele está expressando deboche, desprezo, desencanto, preocupação, desconfiança e outras coisas do tipo. Seu olhar agora fita o horizonte como se ele estivesse julgando uma pessoa. Olho para ele, mas logo olho para o chão. O olhar de Copri muitas vezes me causa arrepios. Coloco os pés em cima da mesa, visto o capuz e lembro da cena que o caído transmitiu para mim. A cena em que eu matava várias pessoas, a cena em que meus pais eram decapitados... tudo isso faz com que meu corpo trema involuntariamente. Não suporto essas imagens!

— Foi proposital! — Diz Copri com sua voz grave, mas sem olhar para mim. — É tudo que há dentro dele!

Fico sem entender. Com o dorso da mão, limpo uma lagrima que escorrer por minha bochecha.

— Estou falando sobre o caído que transmitiu as imagens para você! Tudo aquilo é apenas o que ele deseja fazer ou o que deseja que aconteça.

— Vocês são tão ruins! — Seguro a ponta no nariz para não chorar mais. — Desculpa! Não quis atingir você.

— Sem problemas! Você não mentiu.

— Onde está o cuteleiro?

— Ultima sala! — Ele faz uma pausa. — Trancada com várias correntes para que você não entre.

— Acha que fica pronta ainda hoje? O processo deve ser longo.

— Não nesse caso.

Escuto som de pancadas em metal e então Copri olha para mim.

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