Extranatural

Capítulo 11

 Estou olhando fixamente para os olhos de Copri e ele devolve o mesmo olhar. Sua respiração está ofegante, assim como a minha. A floresta está coberta de névoas e os raios da luz da lua lutam para chegar ao solo. Copri coloca as mãos no bolso da calça e se apoia em uma árvore. 

 — Nada é como você pensa ser! — Diz ele olhando para o topo das árvores que quase não conseguem ser notados do solo. — Você não é quem você pensa ser! — Agora ele olha para mim e fixa seus olhos nos meus. 

 — Do que você está falando? — Pergunto. 

 — Sabe todas essas criaturas que você tem visto? São reais! Mais reais que você, que seus amigos, que seus pais... — Ele faz uma pausa e me olha meio tenso. — Estamos nessa terra desde que o Deus a criou! Estamos vivos desde que Deus criou o universo. Caímos por falha e inveja de Satanás, que não se contentou com isso e decidiu trazer também vocês para a terra. Estamos a bilhões de séculos batalhando contra anjos! Satanás perdeu a batalha celestial, mas quer levar com ele o máximo de criaturas possíveis. Você está sendo esperada desde a Roma antiga! Um antepassado seu chamado Anael se revoltou contra satanás, e sua fiel e suprema serva decidiu caçá-lo. Todas as batalhas foram em vão e um dia ela decidiu enviar mais de 20 demônios para derrota-lo, mas o arrependimento sincero e a revolta contra todo o mal fez com que Anael conseguisse o perdão divino e passou a ser novamente um anjo. Mas nada é eterno... A décima geração perderia o perdão divino, passando a ser vulnerável para os demônios. Mas Deus decidiu aumentar o prazo e acabou que você foi a escolhida para perder a proteção. O fato de você está constantemente entre humanos e não poder ver Deus claramente no trono fez com que o pecado entrasse em você e o pecado afasta o homem de Deus. Você foi a primeira sucessora a pecar da linhagem de Anael. Mas a sua proteção durou até os seus 18 anos, pois você ainda era tida como inocente no reino dos céus, por isso que ultimamente você começou a passar por inúmeras experiências paranormais. O fato de você está mais próxima dos seus 18 anos fez com que sua proteção você diminuindo lentamente e os demônios pudessem rastrear você através do cheiro de sangue angelical. Mas agora você está totalmente desprotegida. 

 — É impossível! Meus pais também pecaram! Nem que seja uma vez na vida!! Eu já os vi fazer coisas que Deus não se agradaria. — Digo com um tom nervoso. — Isso tudo é mentira! Não existe nada disso e essa história de Anael é toda falsa! Vocês são apenas frutos de uma tortura psicológica. Meus pais nunca iriam esconder isso de mim e eles também já pecaram! Eles também já pecaram! Você nunca conviveu com eles para saber! Se fosse verdade, meus pais seriam anjos também! E aí? Como é que fica? Quer tempo para inventar outra história? 

 — Eles não são seus pais! — Copri grita essa frase e olha fundo nos meus olhos. 

 — Era só essa que me faltava! Some da minha frente antes que eu mate você. — Digo e começo a caminhar pela floresta. 

 — Você não é filha deles! Você é filha de Briathos e Purah! — Ele caminha até mim e topa na minha mão. 

 Sou sugada para um lugar totalmente claro e com paredes cobertas de ouro. Vejo uma mulher coberta de luz e com asas enormes. Ela é loira, alta e muito bela. Está alisando o rosto da menininha e então entra na sala um homem muito forte, cabelo longo em penteado de trança e coberto de luz com longas asas. 

 — Está na hora! O senhor achou a serva perfeita. — Diz o homem. 

 A mulher pega a menina no colo e o local se enche de luz. Pouco tempo depois a luz diminui e posso ver a igreja. É a igreja que frequento!  A mulher entra e o homem corre pelo beco checando alguma coisa. Sou sugada para dentro da igreja e então vejo a mulher chorar e beijar o bebê. Em sua frente está ajoelhada um mulher e então a mulher de luz topa na cabeça da mulher ajoelhada e envia ponto de luz que me foi revelado que aquele sinal de luz fez com que a mulher ajoelhada tivesse entendimento de toda a situação. A mulher ajoelhada pega a neném no braço e então o homem de luz entra na igreja e caminha até a mulher ajoelhada. Não pode ser! Tapo a boca com as mãos e meu olhos se enchem de lágrimas! A mulher que estava ajoelhada é a minha mãe.