Extranatural

Capítulo 17

Percebo que David ficou mal com todo o ocorrido, era o primeiro amor dele, era o filho dele, era a queda dele e era o criador dele que estavam envolvidos nessa história. Não gostei de ver meu namorado saindo desanimado do meu quarto, não gostei de ver ele amando outra, mas também não gosto de ter quase certeza de que ele saiu triste hoje por ter perdido ela naquele dia. Era para ser uma noite legal e não uma viagem ao passado.

Passo o resto da noite pensando e então durmo.

10:00 o alarme toca e eu levanto para tomar banho. Hoje não terá aula por causa do baile, mas pretendo sair para procurar emprego. Sento no vaso, cochilo um pouco e tomo meu banho. Já banhada, visto um vestido azul tomara que caia com mangas curtas abaixo do ombro e que vai até dez centímetros acima do meu joelho. Calço uma rasteirinha chiquiteira nó nobuck cor caramelo, pego uma bolsinha e desço.

— Que linda! Para onde você vai? — Pergunta papai.

— Vou atrás de um emprego!

— Não precisa se preocupar com isso, Camila! — Diz ele com uma expressão de preocupação e desconforto.

— Pai, não precisa poupar-me de tudo! Eu preciso realmente desse emprego.

— Ok! Se você quer... Toma esses trinta reais para usar caso queira algo! — Ele tira trinta reais do bolso e coloca em minha mão.

— É por isso que preciso de um emprego! Te amo e até já. — Digo e caminho até a porta.

— Boa sorte meu amor!

Fecho a porta e vou até o rádio. Coloco para tocar o álbum da Britney Spears e a primeira música é Lucky. Vou cantando por todo o caminho, desviando de alguns carro, me olhando no espelho, jogando o cabelo de um lado para outro até chegar na parte mais povoada da cidade. Vejo uma loja de cosméticos e decido entrar.

— Bom dia! Estou em busca de emprego.

— Bom dia! A vaga que divulgamos na internet foi preenchida ontem mesmo.

— Ah, Ok! Obrigada.

Retorno ao carro e rodo até chegar em uma loja de roupas.

— Bom dia! Eu gostaria de... — Digo e a moça sai.

Sento na cadeira para aguardar, mas desisto depois de 20 minutos inúteis de espera. Volto para o carro e tento em mais sete lugares diferente, mas dou uma pausa devido ao cansaço e o horário.

— Droga! — Digo.

Desço do carro e vou à uma sorveteria.

— Boa tarde! — Digo ao atendente.

— Boa tarde! — Ele responde abrindo um belo sorriso.

— Um sorvete de morango com chocolate, por favor!

Ele prepara o sorvete e eu sento na pequena mesa em frente à barraca. Meu telefone toca e eu atendo.

— Alô?

— Pronta para hoje? — Pergunta David.

— Sim! De onde está me ligando?

— Do seu novo local de trabalho!

— O quê?

— Aqui está o seu sorvete, senhorita. — Diz o homem da barraca.

— Um minuto, David! — Pouso o telefone no ombro, pego o sorvete e pago ao homem. — Obrigada! — Digo e ele sai, e então retorno ao telefone.

— Quem era? — Pergunta David.

— O homem da sorveteria, mas não esqueci essa coisa de emprego. Pode cancelar! Eu disse que iria atrás sozinha. — Digo enfurecida.