17. Reaproximação

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Depois daquele dia atordoado, meu corpo necessitou dormir bastante. E eu dormi.

Sou acordado com a minha mãe batendo na porta. Ela abre a porta do quarto com um cesto de roupas suja, olha para meu quarto todo bagunçado e diz:

- Filho, já são duas horas da tarde. Você tá bem?

Eu me espreguiço na cama bocejando com muito sono. Tampo meu rosto com o cobertor e respondo:

- Eu to bem, mãe.

- Já que está bem, então levanta e arruma seu quarto! - ela diz saindo do quarto e andando pelo corredor procurando alguma coisa, mas ainda continua falando. - Valter passou aqui dizendo que te ligou e você não atendeu, então ele me deixou um recado.

- O que ele falou? - eu pergunto levantando aos poucos e esfregando os olhos.

- Ele falou para você ir na casa dele às 16 horas, porque ele precisa muito da sua ajuda - ela volta para a porta do quarto e olha pra mim. Eu só balanço a cabeça fazendo que "sim". - Vai, levanta! - ela se vira para sair do quarto, mas volta - Ah, e você viu por aí o carregador do meu celular?

- Quem perde o carregador do celular? - respondo baixo.

- Te fiz uma pergunta - ela retruca me encarando.

- Não, eu não vi.

- Ai meu Deus, eu vou enlouquecer - ela sai murmurando.

Após levantar, escovar os dentes, arrumar o quarto, responder mensagens e comer, eu vou para a casa do Valter. Entro na casa, subo para o quarto dele e quando abro a porta, uma surpresa: Naysha. Ela está sentada na cama do Valter e quando chego, ela levanta a cabeça e olha pra mim. O Valter me dá um empurrão de leve pra dentro do quarto, sai e tranca a porta rapidamente. Eu tomo um susto, me viro pra trás tentando abrir a porta, mas percebo que ela está trancada.

- Quantos anos você tem, Valter? 12? - eu pergunto um pouco irritado depois de não conseguir abrir a porta.

- Bem que eu estava desconfiando - Naysha sussurra.

Eu desisto de abrir a porta e me sento na cadeira que fica em frente a mesa do computador do Valter. Olho para os lados evitando contato visual com a Naysha, pego um cubo colorido que está em cima da mesa e começo a mexer nele enquanto rodo na cadeira. O clima fica tenso por um minuto, mas Naysha resolve quebrar o gelo.

- Tá, já chega! Por que tá assim comigo? Pode me explicar o que está acontecendo?

- Porque você foi muito babaca - eu respondo de cabeça baixa, ainda rodando na cadeira.

- Eu fui babaca? - ela fica quieta por uns segundos e continua. - E olha pra mim enquanto falo com você, Pietro - ela chama minha atenção.

- Credo, parece até minha mãe - eu falo, soltando o cubo, o colocando na mesa e parando de me rodar a cadeira.

- Cara, será que tem como a gente conversar numa boa?

- Tá, Naysha. Tudo bem - eu falo em um tom firme e a encaro. - Você sempre foi a pessoa que eu mais confiei pra contar sobre meus sentimentos. E desde que o Estevão chegou, tentei falar sobre ele pra você, mas eu simplesmente não consegui. Eu ainda não sei o que eu sinto e nem o que isso significa pra mim agora. Logo em seguida você entrou numa conversa comigo sobre isso já entendendo os sinais. Ao invés de me entender, fez piadas, me ridicularizou e de repente tentou beijar ele e não me falou nada?! - e quando solto isso, ela faz uma cara de assustada.

- Então ele te contou?

- É claro que ele me contou! Por que você achou que ele guardaria isso de mim?

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