14. Sinceridade

125 18 60
                                    

Eu não consegui dormir depois daquela mensagem. Desliguei meu celular e fiquei deitado na minha cama, olhando para o teto, pensando e repensando em que atitude segura eu tenho que tomar agora.

Não me doeu por eu simplesmente ler aquela mensagem. Me doeu porque eu não sabia no que aquela mensagem se tornaria. Uma amizade? Um novo romance? Eu não tinha falado pra ninguém sobre meus sentimentos, eu preferi guardar para mim mesmo. Mas talvez esse segredo poderia acabar me deixando muito machucado. E tudo isso seria culpa minha.


Dias se passaram, eu fui para escola. Chegando lá, me encontrei com a Naysha e o Estevão conversando na entrada. Eu fiquei ainda pior vendo aquilo. Respirei fundo, coloquei minha meu capuz do moletom, abaixei a cabeça e só passei reto. Logo a Naysha me viu e me puxou pelo braço.

- Pietro! - ela me chama quando me puxa me trazendo pra perto deles.

- Me solta, Naysha - retiro meu braço com força e eles fazem um cara de assustado.

- Eita! - Naysha diz muito surpresa com minha atitude. - O que você tem, gatinho?

- Não precisa forçar essa intimidade agora, por favor - retruco.

- O que aconteceu, Pietro? - o Estevão pergunta preocupado.

- Nada, eu estou bem - eu falo já me virando para sair dessa conversa tóxica.

- É, consigo ver no seu semblante o quão bem você está - Naysha responde rindo.

Quando ela diz isso, eu paro no mesmo instante e o meu corpo arrepia. Eu juro que tento relevar qualquer tipo de comentário sarcástico, mas dessa vez eu não consigo mais me contar. Olho pra trás e respondo:

- Olha só. Por que não continuam o papo de vocês e me deixam em paz? É tão difícil assim ter que respeitar o espaço de alguém? - um silêncio toma conta da conversa por alguns segundos. - Licença, tenho que ir para aula.

- Mas, Pietro... - a Naysha ia falando quando eu a interrompo.

- E você... - dou um corte me aproximando dela. - Não pega mais no braço desse jeito, você não faz ideia do quanto isso é chato pra cacete. Obrigado.

Um clima tenso se alastra no ambiente e eu saio rapidamente. Nunca falei com a Naysha dessa forma, mas senti que precisava dizer isso.

Chegando no banheiro, me olho no espelho por alguns segundos e me vem a vontade de chorar. Fecho meus olhos e na minha cabeça as palavras se repetem: "Por que?", "Por que?","Por que?". Até que o Estevão chega abrindo a porta. Eu me assusto e tento disfarçar a situação.

- Ei - ele diz se aproximando de mim e ficando atrás de mim em frente ao espelho.

- Foi mal, eu tô saindo já - eu falo arrumando meu cabelo e indo em direção à porta.

- Espera! - ele me para segurando minha mão. - Por que você está assim? Aliás, você esqueceu uma coisa e eu só vim trazer de volta - ele estende a outra mão e entrega minha touca.

Eu fico sem argumentos. Pego minha touca e o encaro por alguns segundos. Então, ele continua.

- Sua touca, bobo. Eu achei no carro e esqueci de te devolver. A Naysha passou na frente de casa, eu a vi e pedi pra que ela te entregasse hoje.

Eu continuo olhando pra ele ainda muito confuso. Ele solta um sorriso de leve e me olha com um olhar doce e sincero.

- Mas e aquela foto? - pergunto.

- Ela estava brincando. A gente só conversou por uns cinco minutos. A Naysha é gente boa, ela não fez isso pra te magoar.

- Droga - eu acabo soltando bem baixo.

Meu Pequeno UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora