Meu Pequeno Universo

15. Pensa, pensa, pensa!

Eu não sabia mais o que fazer. Fiquei pensando em qual atitude tomar o dia inteiro. Depois de chegar da escola e continuar chorando, fiquei refletindo sobre várias hipóteses:

1- Talvez eu devesse realmente desistir do Estevão. Ele mesmo deixou explícito o fato de que eu e ele nunca teríamos nada. Bom, não foi bem isso que ele falou, mas ele deixou claro que a nossa amizade provavelmente não passará de uma amizade.

2- Eu ainda não entendi porquê a Naysha tinha feito aquilo, mas talvez seja por:

A- Ela deduziu que eu gostava dele, PORÉM, não tinha ouvido da minha boca essa certeza.

B- Eu e Estevão não temos nada além de uma amizade, ele pode ficar com quem ele quiser.

3- Eu amo a amizade da Naysha. Apesar dela ter me chateado desta forma, ela sempre esteve comigo nos bons e principalmente nos piores momentos. Eu sou grato a ela.

Eu pensei em faltar na escola, mas não podia, eu tinha uma prova de Português. Eu não parava de pensar nisso por um segundo, eu já estava ficando louco.

Chegando na escola, passo pela Naysha. Foi como uma cena em câmera lenta. Eu e ela nos olhamos seriamente no fundo dos olhos, eu quase parei e falei com ela, mas optei por ficar quieto e seguir meu caminho até a sala.

No intervalo, Naysha ficou com algumas amigas dela, Valter ficou com a (quase) namorada dele, o Estevão eu perdi de vista, e eu... bom, fiquei sozinho na mesa. Talvez você esteja me perguntando: "você não tem outros amigos?". E sinceramente, não. Achar um amigo de verdade hoje em dia é difícil, as pessoas ultimamente só querem saber de status, namoro, fotos, beijos, bebidas e festas. E eu, em me formar na escola, jogar videogame e aprender a conviver com a minha própria companhia. Os amigos que eu já tive há alguns anos atrás, já não fazem mais parte do meu ciclo. Alguns se mudaram, outros estão fechados em um relacionamento, outros mudaram de personalidade e não falam mais comigo e por aí vai.

Chegou o ensaio de teatro, eu estava completamente desanimado, até o Estevão chegar e arrancar um sorriso de mim.

- Já te falaram que você fica bonitinho com cara de bravo? - ele fala bem perto do meu ouvido para provocar.

- Cala boca - eu respondo sem graça.

- Depois do ensaio me espera lá fora, preciso falar com você.

- O que foi? - eu questionei já preocupado. Detesto esse movimento misterioso pra contar algo pra alguém.

Ele me olhou fundo dos olhos e então fomos interrompidos pela professora Jessy.

- Bom, hoje iremos começar oficialmente os ensaios do teatro. Cada um ficará responsável por um papel que se auto-candidatou, ou eu mesma encaixei alguns de vocês em personagens que eu senti que se dariam bem. E ficará assim... - a professora pega o caderno com as anotações.

- Eu espero ter o papel mais discreto na peça - um garoto chamado Wiliam comenta do meu lado.

- Atenção! - a professora nos alerta para as informações. - Bárbara será Betty, a vilã da história. Ela que vai fazer a cabeça da Rosalia, personagem principal que será interpretada pela Helen - elas comemoram. - Juliana fará o papel da Josy, a mãe de Rosalia. Já o pai Alexandre, será interpretado pelo William.

- Tem poucas falas? - William pergunta inocentemente preocupado e todos riem.

- Tem sim, meu querido. Fique tranquilo - a professora responde. - Bom, continuando. O Pietro fará o Rafael, o melhor amigo de Guto, personagem que é apaixonado pela Rosalia. E o Guto será interpretado pelo Estevão.