35. Adeus

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Semanas se passaram, e com ela o desespero e a ansiedade.

Infelizmente chega o fim. Ou quase fim, eu não sei. Mas nele a certeza de que meu contato com o Estevão só vai diminuir cada vez mais.

Passamos essas últimas semanas super juntos, dispostos a aproveitar ao máximo cada instante que tivemos um do lado do outro. Foi incrível, mas ao mesmo tempo desesperador.

Jogamos videogame juntos várias vezes, passeamos pela cidade, comemos muito, assistimos filmes, fomos a um show da cidade juntos com os meus pais. Tudo foi muito incrível e eu guardei comigo mais lembranças sinceras e apaixonantes ao lado dele.

E na nossa última tarde juntos, ele me manda uma mensagem de repente:

"Me encontra naquela praça perto da escola daqui 30 minutos".

Eu rapidamente me preparei e fui rapidamente para a tal praça.

Chegando lá, já avisto ele. Sentado num banco que fica debaixo de uma árvore. Eu chego por trás dele e o assusto:

- Ow! - eu grito e toco nos ombros dele.

- Ai meu Deus!!!

Ele grita e dá um pulo pra frente e nós dois começamos a rir.

- Calma. Respira - eu falo passando a mão no rosto dele e rindo descontroladamente.

- Quis retribuir todos os sustos que te dei? - ele diz recuperando o fôlego.

- Não vou dizer que não.

Eu falo e ele vai se acalmando. Até que sentamos no banco e começamos a conversar seriamente.

- Como você tá? - ele pergunta.

Eu apenas o encaro e ele dá um falso sorriso.

- Péssima pergunta, eu sei - ele conclui.

- Bom, tirando o fato de eu provavelmente não te ver mais... - eu o encaro. - Eu estou feliz de pelo menos estar aqui, agora, com você.

- Você é tudo pra mim - ele diz.

Nesse momento meu coração aperta e a vontade de chorar pulsa dentro de mim.

- Ninguém nunca me fez tão bem e tão completo como você me fez. É como se... - eu respiro fundo. - Como se você estivesse em algum canto do mundo me esperando. E eu esperando você. Mas ambos sem saber dessa espera. Como se cada passo errado, fosse o motivo perfeito para nos unir. Como se fôssemos pedaços, prontos para serem completados. Entende?

E eu não aguento. Meus olhos se enchem de lágrima. Eu olho para ele e ele está parado me observando com o seu único e intenso olhar que acaba comigo.

- Eu também nunca me senti assim. Você faz eu me sentir especial de verdade. Isso é incrível.

- Estevão, só me promete que... - eu falo e pego na mão dele.

- Prometo.

- Calma, eu ainda nem falei.

- Eu confio em você.

Eu dou um sorriso bobo.

- Eu só quero que você prometa pra mim e pra si mesmo, que nunca vai deixar de acreditar em você. Que independente do que aconteça, ou do que façam com você, você vai se levantar e mostrar pro mundo do que você é capaz.

- Você é absurdamente sensacional - ele fala e uma lágrima desce do seu rosto. - Eu prometo.

- Óti...

- Mas... - ele me interrompe. - Quero que prometa o mesmo pra mim.

Eu olho no fundo dos olhos dele por alguns segundos e respondo:

- Eu prometo.

- Nossa conexão é fortíssima, né? - ele comenta.

- Sempre foi.

- Acho que nascemos um pro outro. As peças finais de um grande quebra-cabeça. Iguais. Completos agora. Entrelaçados. Eu por você, e você por mim - ele fala.

- Somos sinônimos agora - eu concluo.

O rosto dele se aproxima do meu. E então, nos beijamos. Um último beijo.

Um gosto de "querer estar aqui infinitamente" invade o ambiente. Mas é hora de ir.


Levo ele até sua casa. E de lá, vou com a família dele até o aeroporto, não muito longe dali. Cada metro andado, uma pontada no coração.

Depois de andar um pouco pelo aeroporto, paramos em frente ao portão principal para embarque.

- Ai, Pietro! Vem cá, me dê um abraço - a tia do Estevão me abraça. - Obrigada por ter sido tão gentil conosco.

- Eu que agradeço por todo carinho! - eu falo e em seguida saio do abraço.

- Adeus, Pietro. Foi um prazer passar esse tempo com você! - o tio do Estevão me abraça.

- Por nada! Foi um prazer.

Os dois me olham, com os olhos cheios de lágrima. Em seguida, vão indo na frente e o Estevão fica comigo para um último adeus.

- Eu... eu...

Ele não aguenta e começa a chorar e eu o abraço.

- Calma. Tá tudo bem - eu choro também.

- Não quero te perder - ele fala soluçando enquanto continua chorando. - Obrigado por tudo. Você é a pessoa mais incrível de todo universo. Obrigado, obrigado...

- Para, eu vou chorar mais! - eu falo parando de o abraçar, e enxugo suas lágrimas. - Você é especial pra mim. Sempre será. E nunca. Escuta: Nunca! Vai me perder.

Então, perdemos o assunto. Nossas lágrimas já falavam mais alto que qualquer outra coisa.

- Agora tenho que ir - ele diz enxugando as lágrimas.

- Não perca o contato comigo. Sempre que puder, me manda uma mensagem ou me liga.

- Pode deixar.

Ele enxuga o próprio rosto.

- Eu te amo, Estevão.

Ele me olha, com o olhar de mais puro e de belo amor.

- Eu te amo, Pietro.

Damos um último abraço. Ele paga as malas, respira fundo e vai em direção aos seus tios.

Ver ele indo embora está sendo horrível. Mas sei que esse amor não vai acabar, porque alguma chama dentro da gente sempre estará acessa.

Ele olha para trás pela última vez. Dá o seu lindo sorriso lindo e eu aceno para ele. E ele vai. Nossos olhares não se encontram mais.

Ele se foi.

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