25. Fases

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Eu e Estevão vamos correndo a caminho do hospital, o mesmo no qual nos falamos pela primeira vez. No caminho ele me contou tudo: seu pai estava em estado grave após um forte ataque cardíaco. E chegando lá, foi tudo muito rápido, louco e intenso.

Estevão estava como uma barata tonta procurando seu pai, muito desesperado e sem fôlego. Eu apenas o seguia. Cada médico que aparecia em sua frente ele perguntava alguma informação. Até que um médico, que aparenta estar bem ocupado e lutando contra o tempo, aparece em nossa frente.

- Com licença, doutor. O senhor sabe do meu pai? Homem alto, com... - Estevão pergunta quando é cortado pelo médico.

- Sr° Rodriguez?

- Isso!! - Estevão exclama.

- Ele já está sendo tratado e em grande monitoração. Tente se acalmar, sente-se aqui, em breve trarei mais informações - o médico diz.

- Obrigado! - eu respondo pois percebo que Estevão não respondeu mais nada.

E o médico sai. Eu e Estevão paramos no meio do corredor em frente a algumas cadeiras encostadas.

- Ai, caramba! - Estevão fala, ainda muito desesperado com as mãos na nuca.

- Ei, calma! Precisa ficar calmo. Senta aqui - eu o ajudo a sentar em uma das cadeiras e logo me sento junto a ele.

- Obrigado - ele agradece com lágrima nos olhos.

- Você quer água?

- Sim, por favor.

- Tá, espera aqui, eu já volto.

Vou em direção ao bebedouro. Pego um copo plástico que tem ao lado e quando vou colocar água nele, me vem uma lembrança muito forte de mim e o Estevão, nesse mesmo bebedouro, cerca de dois meses atrás. Isso me faz refletir em como as coisas são realmente muito loucas. Um dia estamos disputando a água, trocamos um olhar, mas rapidamente descartamos aquele contato. E no outro dia, estou ao lado dele, o apoiando em um problema de família. É para isso que existem as fases; dias ruins podem vir, a escuridão se esforça para preencher tudo, mas em algum tempo você volta a brilhar.

Depois de pegar a água, levo até ele e me sento ao seu lado.

- Pietro... - ele começa a falar e dá um gole na água.

- Oi?

- Você que acha que ele vai ficar bem?

- Olha... - eu respiro. - Infelizmente não posso ter certeza de nada, isso é trabalho dos médicos. Mas creio que seu pai é forte, ele sempre dá um jeitinho de ficar bem.

- Tenho medo. Não é a primeira vez. Não posso perdê-lo - percebo que Estevão não para de tremer as pernas. Eu então, coloco minha mão sobre elas e o faço se acalmar.

- Eu estou aqui. Não sei se isso é o suficiente, mas enquanto precisar, eu me esforço pra ser.

- Obrigado por tudo, de verdade - ele me solta um leve sorriso, mas ainda nervoso.


Após quase 1 hora de espera, o mesmo médico aparece vindo em nossa direção com uma prancheta em mãos. Estevão já se levanta rápido.

- Doutor! - ele fala na esperança de uma mensagem positiva.

- Oi, garoto. Bom... - ele dá uma checada na prancheta, tira o óculos de grau que está usando e continua. - Infelizmente o problema que seu pai tem acabou piorando. O coração dele está ainda mais fraco de acordo com os exames. Somente remédios não irá ajudar, ele vai precisar de um longo tratamento médico e provavelmente de alguma cirurgia caso não apresente melhoras.

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