Chegou o fim de semana, e num Sábado por volta das 19 horas da noite, eu acabo jantando com meus pais na mesa pela primeira vez em meses. Havia muito tempo que não tínhamos um momento desses, foi incrível. Na verdade, foi um pouco estranho também. Ao mesmo tempo que estava tudo perfeito, aquele lugar, aquela comida, aquele momento, meus pais também estavam em um clima um pouco estranho um com o outro, talvez seja pelo divórcio que estão processando. Mas eu não tirava a ideia de que nunca mais eu teria a oportunidade de ter um momento igual aquele e que simplesmente uma hora tudo iria acabar de uma vez por todas.
Depois de acabar o jantar, ajudei minha mãe a tirar as coisas da mesa e já fui direto para meu quarto. Eu estava pronto para jogar videogame, quando de repente algumas cenas bizarras do passado começaram a passar pela minha cabeça. Esses flashbacks acontecem de vez em quando, é uma maneira estranha do meu cérebro continuar amadurecendo tudo que já aconteceu. É desafiador às vezes pensar tantas coisas ao mesmo tempo e tentar dormir. Mas, ainda sim continuo lidando bem, acho que minha evolução tem sido interessante.
E por alguns instantes, toda a trejetória que eu estava refletindo foi me levando até o Estevão. Começo a pensar em como ele pode estar nesse momento e o que estava passando pela cabeça dele. Mas aquilo começou a me deixar louco, então resolvi fazer uma coisa que eu sempre fazia quando estava triste: pegar meu celular, um fone de ouvido, colocar na minha playlist e simplesmente andar por aí pra esquecer qualquer coisa em minha volta.
Está frio lá fora. Coloco meu moletom preto, minha touca cinza e saio de casa.
E assim começa esse meu momento pessoal. Andar sem rumo é libertador. No meu rosto eu sentia a brisa do vento e daquele frio enquanto toca "Ariana Grande - Thinking Bout You". E quando percebi, em poucos minutos eu já tinha andado muito e por muitas ruas, até chegar na escola.
Após andar mais um pouco, começo a observar alguns detalhes em minha volta. Algumas gramas secas, árvores balançando com o vento seco e um carro preto parado no meio da calçada de uma casa. Vejo um rapaz familiar indo em direção ao carro com muita pressa. Ele liga o carro e eu logo percebo que é quem eu menos esperava: Estevão. Ele aparentemente está com raiva. Eu atravesso a rua e quando ele vai entrar no carro eu o chamo.
- Estevão?! - eu me aproximo do carro e tiro meu fone de ouvido.
- Ai merda, que susto! - ele me olha com os olhos assustados e em seguida olha pra baixo respirando fundo, se recuperando do susto.
- Desculpa. Aconteceu alguma coisa?!
Ele respirou bem fundo, levanta a cabeça, olha pra mim por alguns segundos e diz:
- Entra no carro.
- Calma aí, o que? - eu solto uma pequena risada. - Isso por acaso é uma tentativa de sequestro? - faço uma piada porque não estou entendendo nada do que está acontecendo.
- Entra no carro agora! Eu te explico depois - ele falou já ligando carro e pronto pra entrar nele.
- O que? Você tá falando sério? Você sabe dirigir? - ele me encara.
- Ótimo, fica aí então - ele entra no carro e fecha a porta.
- Espera! - eu grito.
Eu pensei por alguns segundos se era seguro fazer isso, então respirei fundo soltando um "que droga" e entro no carro no banco do passageiro. Fecho a porta, olho para ele e vejo que está nervoso ao ligar o carro. Então, pergunto:
- Agora você pode me contar o que aconteceu?
- Meu pai... ele é um otário.
- Por que? - e nesse momento ele acelera o carro e sai em alta velocidade. Meu coração dispara, eu tomei um susto e simplesmente não disse mais nada.
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Meu Pequeno Universo
RomansaA vida na pele de Pietro pode ser assustadora em alguns alguns momentos, pois nem todos sabem lidar com a intensidade pessoal. E depois de passar por diversos traumas amorosos, paixões, ilusões, confusões, ele resolve deixar de lado a vida amorosa p...