Acordei muito mal. Com muita dor de cabeça e indisposição.
Levantei, peguei meu celular, coloquei para carregar e o desliguei. Quero evitar qualquer tipo de mensagem, estou sem energias para isso. Então, escovei meus dentes e desci para tomar café. Minha mãe está na cozinha.
- Bom dia, meu bem! - ela diz abrindo um sorriso.
- Bom dia, mãe.
Eu me sento na mesa e preparo meu café da manhã; pão e geleia de morango.
- Como você está? Ontem você chegou estranho.
- Eu estou bem, só cheguei muito cansado.
- Entendi - enquanto eu tomo meu café em silêncio, minha mãe fica de pé, parada e me observando. - Bom, pelo menos a festa foi boa, né? - eu faço que sim balançando a cabeça.
Depois de tomar café, fui para o quarto. Nem fiz questão de arrumar pelo menos minha cama, apenas me deitei nela novamente, com a preguiça dominando meu corpo. Coloquei alguma coisa na TV para assistir. Até que ouço a campainha tocar. Minha porta do quarto está fechada e a TV alta, não consegui ouvir quem era. Então, ouço, bem baixo, minha mãe aparentemente me gritando. Abaixo o som e ela grita novamente: "Pietro, é pra você!". Eu não consigo pensar quem poderia ser, apenas me levanto com muita dificuldade, ajeito meu cabelo e desço.
Descendo as escadas, olho para porta e é o Estevão. Eu tomo um susto. Ele dá um passo a frente quando me ouve descendo, olha pra mim e dá um leve sorriso. Eu vou recebê-lo.
- O que tá fazendo aqui essa hora? - eu falo de forma calma para não parecer grosseiro.
- Nossa, é assim que você recebe uma visita? - ele sorri.
- Desculpa, eu não quis...
- É brincadeira, está tudo bem - ele me interrompe.
- Você quer entrar?
Ele faz que "sim" com a cabeça e entra. Fecho a porte e subimos juntos para meu quarto. Chegando lá, espero ele entrar, fecho a porta e sento na cama de frente pra ele.
- Eu vim te pedir desculpas - ele diz de pé em frente a porta.
- Desculpas pelo o que?
- Por não ter te ajudado ontem a noite.
- Bom... - eu dou risada. - Acho que eu que lhe devo desculpas. Te tratei de uma forma muito horrível. Desculpa mesmo.
- Tudo tranquilo, eu te entendo.
Nós dois nos encaramos com um leve sorriso. Eu ainda não tinha raciocinado completamente o que ele me disse na noite anterior, e só agora, olhando para os olhos dele, consegui entender tudo.
- Você disse aquelas coisas de coração, ou... - eu respiro fundo. - Para me acalmar?
- Acho que os dois - ele sorri. - Ontem eu só consegui pensar em você e em tudo que aconteceu. Aquilo foi louco.
- Realmente - eu coloco a mão no rosto com vergonha. - Mas pelo menos você se preocupou comigo. Eu... - abaixo a cabeça e tento recuperar o fôlego. - Acho que meus amigos não ligam mais pra mim.
- O que? É claro que ligam! Aquele só foi um momento ruim - ele então se senta ao meu lado na cama.
- Para de querer achar sempre uma saída positiva. Aquilo foi pesado, não sei se o Valter vai me perdoar, o que eu fiz com ele foi péssimo.
- Ei... - ele diz se aproximando um pouco mais de mim. - Amizades verdadeiras sempre vão estar ali, independente de qual momento estejam enfrentando. E você só fez isso pensando no melhor para ele, uma hora ele vai entender isso.
Eu solto um sorriso bobo. Em seguida, levanto a cabeça e olho para ele, só conseguindo pensar na pessoa incrível que ele é.
- Você não existe - eu falo.
- Tem certeza? E como sente isso?
Ele se aproxima mais um pouco e aos poucos vai chegando sua mão em mim. Sua mão passa lentamente pelo meu braço, até chegar no meu rosto. Ele começa a tocar delicadamente meu rosto, me fazendo arrepiar muito, isso já é demais para mim.
- Consegue sentir isso? - ele diz cochichando bem perto de mim.
- Consigo - eu respondo com um sorriso, sentindo o arrepio ainda maior.
- Pois bem. Eu estou aqui. Sempre vou estar aqui.
- O pra sempre me assusta ás vezes - vou caindo na realidade aos poucos e entendendo que já me machuquei muito com outras promessas.
- Você sente medo quando te toco assim? - eu balanço a cabeça dizendo que não. - Pois bem. Se eu disser que quero ficar pra sempre assim com você, ainda te assusta? - solto um sorriso genuíno quando ele diz isso.
- Não. Isso aqui não me assusta.
Ele olha para mim, aproxima seu rosto do meu, vai chegando cada vez mais perto. Sinto meus sentimentos ficarem embaraçados, meu estomago embrulhar, um sentimento que eu não tenho há muito tempo.
Quando ele aproxima sua boca da minha, quase tocando seus lábios nos meus, ouço o barulho das escadas. Era provavelmente minha mãe chegando. Paramos o que estávamos fazendo e tomamos uma distância segura. E então, ela abre a porta.
- Desculpa atrapalhar - ela dá um sorriso sem graça. - Filho, seu pai acabou de chegar e está te esperando lá em baixo.
- Tá bom, mãe. Eu já estou indo.
Ela sorri e fecha a porta. Solto uma respiração que estava presa dentro de mim.
Eu tinha me esquecido que combinei com meu pai de ir conhecer o apartamento dele e também para passar um tempo com ele. Precisávamos disso. E então, após esse clima super intenso, sou obrigado a me despedir do Estevão.
- Eu preciso ir - eu falo com um olhar decepcionado.
- Tudo bem, eu vou indo também - ele diz já se levantando e se preparando para sair do quarto. Um silêncio se forma por alguns segundos.
- A apresentação do teatro já é nessa quarta, estava me esquecendo - eu puxo assunto para quebrar o silêncio.
- Sim. É, o teatro - ele responde meio nervoso com a mão na nuca. - E aí, como você tá em relação a isso? Ansioso?
- Um pouco, eu acho.
- Você acha? - ele ri.
- A verdade é que não sei mais de nada que acontece comigo, então estou apenas empurrando de barriga qualquer coisa.
- Vai dar tudo certo, meu caro Pietro. Você é bom em tudo que se propõe a fazer - eu solto um sorriso e ele abre a porta do quarto que estava encostada, se preparando para sair.
Levo Estevão até a porta e o agradeço pela visita.- Não sou muito fã de visitas inesperadas, mas até que gostei da sua - comento rindo assim que chegamos no lado de fora da casa.
- Melhor do que pular da janela de madrugada, não acha?
- Muito melhor! - damos uma risada sincera. - Bom, então, até logo, Estevão - falo isso e percebo que nossa mania de colocar os próprios nomes no final das frases ainda não tinha acabado.
- Até segunda, Pietro - ele sorri de uma forma linda pra mim e vai embora.
Fico alguns segundos olhando ele ir embora, com um aperto no coração. Depois, vou até meu pai que está me esperando na cozinha. O cumprimento e ele pergunta sobre o Estevão. Eu respondo que é "apenas um amigo da escola", ele acredita. O que não é bem uma mentira, porém, vai pouco além disso também.
Eu e meu pai nos preparamos e vamos para o apartamento e passamos o resto do dia juntos. Foi muito bom e necessário. O Sábado no qual eu provavelmente passaria deitado sem fazer absolutamente nada além de ver TV, chorar e dormir, acabou se tornando num dia um pouco feliz e leve. Meu pai e o Estevão me ajudou a esquecer os atuais problemas por algumas horas. Mas, ao fim do dia, eu ainda pensava na Naysha e no Valter e em como as coisas poderiam ficar dali em diante.
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Meu Pequeno Universo
RomansaA vida na pele de Pietro pode ser assustadora em alguns alguns momentos, pois nem todos sabem lidar com a intensidade pessoal. E depois de passar por diversos traumas amorosos, paixões, ilusões, confusões, ele resolve deixar de lado a vida amorosa p...