11. O que está acontecendo?

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Depois daquele dia de ensaio, eu não mantive contato com o Estevão. Ele não tem celular e não tinha nenhuma rede social aparentemente.

Então, chegou sexta-feira. Eu fui para escola como sempre e fiquei no aguardo do Estevão. Ele não é da minha turma, mas é da sala ao lado da minha. Alguns minutos se passaram após a batida do sinal para começar a aula e nada dele aparecer. Depois dele ter saído com pressa no dia anterior, me assustou muito o fato dele não ter ido à escola hoje.

Após algumas aulas, fomos liberados para o intervalo e lá me encontrei com a Kemelly, que é da sala do Estevão.

- Oi, Pietro! Nossa, não te vejo desde a festa. Como você tá? - ela pergunta quando se aproxima de mim, muito simpática com sorriso no rosto.

- Verdade! Eu estou ótimo e você?

- Mais ou menos para falar a verdade - ela diz desviando o olhar.

- Por que? Aconteceu alguma coisa?

- O Pedro... - ela diz de uma forma triste e alterando o tom de voz.

- O que tem o Pedro?

- É que... - ela respira fundo. - Olha, pode parecer estranho o que vou dizer agora. Eu geralmente não consigo guardar as coisas pra mim e preciso falar isso com alguém. Por não sermos tão próximos isso pode ser menos humilhante. Só... promete não contar pra ninguém?

- Fica tranquila, confia em mim, não contarei nada, eu prometo - respondo tranquilamente, mas por dentro estranho a confiança depositada em mim.

- Pois então... - ela engole a seco e continua. - Eu gosto dele desde o 5° ano, quando o conheci. Eu não sei como falar pra ele. Eu me sinto engasgada quando toco nesse assunto, é horrível ter essa insegurança para falar, mas, eu sei que eu preciso... - ele respira e continua freneticamente - E se ele não sente o mesmo? E se ele não me tratar mais da mesma forma? E se ele...

- Calma, Kemelly! Relaxa, respira! - eu tento dar um controle para situação.

- Desculpa - ela respira bem fundo novamente.

- Tudo bem. Olha, o que eu aprendi é que nunca teremos respostas se não perguntarmos. Nada vem por acaso, sempre acontece o que tem pra realmente acontecer, entende? O fato de serem próximos há tanto tempo pode significar algo. Não deixa seu medo te dominar. Fala pra ele, antes que seja tarde.

- Nossa, você tem total razão - ela olha pra cima evitando que uma lágrima caia no rosto. - Eu prometo falar com ele o mais rápido possível.

- Não prometa nada pra mim, prometa pra você.

Ela sorri e resolvo trocar de assunto então.

- Já que estamos falando sobre outras pessoas, eu tenho uma pergunta: você sabe se aconteceu alguma coisa com o Estevão?

- Estevão? O aluno novo?

- Ele mesmo.

- Bom, eu não sei de nada, juro. Por que?

- Nada demias, está tudo bem. Agora tenho que ir, depois nos falamos melhor - Eu encerro a conversa pegando meu resto de lanche e saindo da mesa.

Eu sei que é apenas um dia, mas eu realmente me preocupo. Ainda mais depois do que ele me disse sobre o pai, aquilo me comoveu muito, tenho medo de que algo ruim tenha acontecido.


Alarme tocando. Outro dia se passou, acordo, me arrumo para escola e quando termino de tomar meu café da manhã, saio da mesa pegando a mochila pronto pra sair de casa. Mas, minha mãe resolve puxar assunto comigo por algum motivo.

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