Capítulo 27

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Cinco meses depois do casamento. 
Escrito pela Thalita:

Diário, hoje foi um grande hiper mega Power dia especial! Sabe por quê? Porque finalmente eu comi a minha tão esperada pizza de atum com brigadeiro. Quer dizer, eu também sem querer arranquei a peruca de um homem e o derrubei em cima de uma mesa de plástico... Mas isso definitivamente não vem ao caso. O importante é que hoje foi a minha formatura. Isso mesmo que você "ouviu". Agora eu sou oficialmente uma master big chef! Chique, né?

Agora ninguém me segura! Onde estiver uma panela de pressão, lá eu também estarei. Onde estiver um dente de alho solitário ansiando por ser amassado, lá estarei. Onde estiver uma panela pegando fogo, lá estarei procurando desesperadamente o extintor. Porque eu sou a super panelinha! A super-heroína do avental de cogumelos gigantes que usam óculos escuros.

Meu grande dia começou com um delicioso café da manhã em família. E então passei o dia todo cuidando do meu psicológico para o "gran" momento.

O dia passou voando e logo chegou a minha noite. Coloquei um vestido super básico vermelho intenso red cor de sangue jorrando nas veias. 
Minha pancinha estava uma graça, você tinha que ver. A Sabrina arrumou os meus cabelos e a Evelyn fez a minha maquiagem e eu estava pronta para receber meu título real de chef of food. Se bem que "food" em inglês é comida. Cozinha em inglês é... É... Ah, esquece. Sou chef e pronto. Oficialmente gastronômica na área da gastronomia gástrica. Se bem que a palavra gástrica me lembra suco gástrico, e isso me lembra estômago, e o estômago me lembra que estou com fome. De novo.

— PRONTA, AMOR? — Caio gritou por mim da sala.

Eu saí do quarto e fui desfilando no estilo Gisele Bündchen obesa com câimbra, porém super elegante.

— Eu nasci pronta, amor. — Respondi e meus pais, meus sogros, a fofa da Maria Júlia, minha avó, meus amigos e dona Socorro estavam me esperando na sala. Espera! Dona Socorro??!

— Você está linda, minha filha! — Papai beijou minha testa e eu abracei ele e todo mundo. Só que quando eu cheguei na minha querida vizinha intrometida, eu parei olhando para ela e ela me olhando. Ela me olhando e eu olhando para ela. Foi estranho.

— Dona Socorro, o que faz aqui? — Perguntei após nossas trocas de olhares não trazer nenhuma resposta do motivo da presença ilustre dela.

— Ora, eu vi esse tanto de gente entrando aqui, fiquei preocupada... — Olhou em volta e me olhou novamente. — O que está acontecendo aqui? Para onde você vai parecendo um tomate maduro?

— Era só o que me faltava. — Caio reclamou irritado e a dona Socorro olhou fixamente para minha barriga.

— Você está grávida?

— Não. Comi uma melancia inteira. — Respondi e ela me abraçou do nada.

— Que coisa boa. Você vai ter um filho. De quem é?

— Como de quem é? Do marido dela, né, ó tapada. — Minha cunhadinha Evelyn respondeu com toda sua doçura.

— Será mesmo? Vi uma reportagem uma vez que sessenta e nove por cento dos pais criam filhos que não são deles...

— A senhora está insinuando alguma coisa? — Meu sogro perguntou irritado.

— Eu? Nada... Só que... E aquele moreno bonito daquela vez? Se eu bem me lembro você sumiu o dia todo com ele...

— Dona Socorro, por favor, sai da minha casa agora! — Meu amor pediu revoltado.

— Mas eu só fiz uma pergunta. É só a moça responder...

— Lava a sua boca para falar da minha filha. — Mamãe falou nervosa.

— Sai da minha casa, dona Socorro! — Caio falou muito sério.

— Está com medo de descobrir a verdade? — Dona Socorro ironizou.

— SAI DESSA CASA AGORA SENÃO EU TE VIRO DO AVESSO! — Minha sogra gritou histérica.

Todos ficamos espantados. Até dona Socorro ficou boquiaberta.

— EU DISSE AGORA! — Ela gritou novamente e avançou para cima da fofoqueira e que saiu correndo.

Foi uma cena engraçada. Muito engraçada. Até a Melzinha deve ter se divertido com o fora que dona Socorro levou. O João nem sabia o que estava acontecendo, mas deu um sorriso vazio sem dentes. Coisa mais fofa! Já o Kayke estava de boa no colo do meu sogro.

Então depois da gente rir por quase meia hora da forma desesperada como dona Socorro fugiu da minha casa, fomos todos para a minha formatura. Eu fui triunfante, me sentindo o planeta marte com meu vestido esvoaçante.

Chegamos e coloquei a minha roupa chiquérrima de formanda. Me sentei ao lado dos meus amigos e esperei o evento começar. Entre cochichos e abraços, estávamos todos eufóricos.

Formaturas são tão emocionantes! São ciclos que finalizam. Não sei se era porque eu estava muito sensível por conta da minha baby delicinha, só sei que me emocionei muito.

Aí depois de uma eternidade finalmente foi o momento da entrega dos diplomas. Como meu nome começa com uma letrinha quase no final do alfabeto, eu fiquei mofando, inquieta. Ouvia o nome de todo mundo, menos o meu. Para ajudar, a Melzinha começou a sambar no meu ventre.

— Princesinha, tá animada também? — Perguntei fazendo carinho na minha barriga.

Enquanto isso o tempo passou e finalmente ouvi o meu nome. Levantei e caminhei igual um patinho, subi a escada do palco com uma lentidão que nem eu imaginava que seria possível. Quando cheguei ao palco super empolgada, dei uma corridinha básica para pegar meu diploma, só que o problema foi que eu acabei torcendo meu pé no salto alto, e caí em cima do professor mais carrancudo do meu curso. Caímos do palco em cima da mesa de plástico. Sorte que ele amorteceu minha queda. Meus amigos me ajudaram a levantar e o professor levantou careca. Careca! Ele usava uma peruca esse tempo todo, ninguém nunca desconfiou.

Pedi desculpas para ele que estava vermelho de vergonha. Saiu praticamente fugido de cena. Mesmo eu afirmando e reafirmando que estava bem, o Caio me obrigou a ir ao hospital. Aliás, todos os meus convidados foram conosco. Depois de o médico examinar meu pé e ver se estava tudo bem com minha bebê, fui liberada.

— Talvez seja melhor você ir para casa descansar. Foi uma queda e tanto. Sorte que não aconteceu nada. — Meu amor sugeriu preocupado.

— Podemos fazer uma super festa amanhã! O que acha? — Vovó perguntou e eu pensei por um tempo.

— Não quero ir para casa. Quero.... Nossa me deu um desejo...

— Que desejo? — Evelyn perguntou.

— Pizza de atum com brigadeiro. Humm... Está me dando água na boca.

— Peixe com chocolate? — Alice fez careta e eu dei de ombros.

— Desejo é desejo. Que tal que essa noite termine em pizza? — Propus e depois de alguns protestos deles querendo que eu fosse descansar, todos concordaram.

Diário, tem forma melhor de comemorar o diploma de gastronomia do que comendo? Acho que não.

Matei minha vontade de pizza de atum com brigadeiro. Depois comi uma de calabresa, outra de abacaxi, uma napolitana, uma portuguesa e uma quatro queijos... Ao invés de refrigerante, pedi um suco natural para beber, pois eu não estava a fim de engordar. Sabe como é, né?

Foi uma noite muito feliz. Eu até queria sair para dançar, porém todos foram contra, por conta do último susto da noite. O importante é que agora eu sou uma chef super formada. Mundo da comida que me aguarde...

O Diário De Um Casal Loucamente NormalOnde histórias criam vida. Descubra agora