O Diário De Um Casal Loucamente Normal

Capítulo 31

Nove meses depois do casamento. 
Escrito pela Thalita:

Diário, hoje o dia foi uma loucura! Tudo começou com o Wandinho roubando as meias da Melzinha. Eu estava guardando as milhares, centenas, dezenas de roupinhas que ganhamos. Sabe, nessas horas eu queria ser bebê também, pois eles ganham muita roupa bonita. E eu aqui com minha calça de moletom de dois mil séculos atrás (pois é o que está entrando ultimamente) estampada com cabecinhas de girafas "zoiúdas".
Minha blusa parece muito com a toalha de mesa da cozinha, porém, é bem maior que a toalha. Esquece o glamour na gravidez! Chega uma hora que tudo que você quer é comprar uma geladeira nova para poder pegar a imensa caixa que vem nela e entrar dentro, e usar como modelo de caixa/outono/inverno.

Arrastei meus pezinhos inchados nas pantufas de pé de galo. Uma fofura, é da cor amarela gema de ovo e tem até as unhas enormes dos penosos, parece um pouco com os pés de Wandinho também, acho que essas pantufas intimidam ele.

E antes que você pense: "como ela ainda está casada se vestindo dessa forma?" Lembre-se que estou sozinha, está chovendo muito lá fora, e antes do meu maridinho chegar, eu sempre dou um "up" no meu visual. Mentira!!! Na atual situação meu marido tem apenas que estar feliz por eu estar usando minha calça de girafas e não a minha calça com vilões de filmes de terror. Por algum motivo que desconheço, ele não gosta das minhas calças boca de sino com a carinha do Jason estampada. É uma graça! Você tinha que ver. Mas eu nunca uso essas calças quando estou sozinha. Tenho medo. Sei lá, vai que o personagem se empolga? Cruzes, não estou em condições de correr de um vilão. Na verdade eu nunca estou em condições de correr. No filme de terror da vida eu sou aquela personagem que tropeça durante a fuga e é a primeira a ir parar no estômago do monstro. Credo em cruz!

Voltando ao assunto: Wandinho roubando meias, tive que arrastar meus pés atrás dele para tentar recuperar a meia. Oh vida! Sabe, não é nada fácil ter a casa cheia de bichos. Às vezes a Clementina está curtindo um mergulho na mini piscina e o penacho pula junto, molhando a casa toda. O Wandercleysson sempre está roubando algo, dá última vez ele pegou a chave do carro. Foi um sacrifício tomar dele, pois ele foi parar em cima do telhado. A boa notícia é que recuperamos a chave, a má notícia é que graças à um "olé" que o Wandinho deu no Caio, meu amor desequilibrou em cima do telhado e quebrou uma grande parte das telhas. Agora temos uma fonte particular no meio da sala, pois a chuva não para. Tive que abrir o guarda-chuva dentro de casa, espero que não dê azar. Pelo menos, não mais do que o normal.

— Wandercleysson! Que coisa feia! Devolva a meia da Melzinha! Agora! — Fiquei batendo meu pezinho de galo e ele me olhou nervoso. — Você não tem escapatória!

Quando eu tentei abaixar ele fugiu lentamente pela diagonal. Não pude fazer nada. Eu criei uma regra: depois do sétimo mês e meio de gestação o que cair no chão é presente do chão. Sem condições de ficar abaixando e pegando. A impressão que tenho é que vou capotar e um buraco irá aparecer inexplicavelmente e me sugar para o Japão. Ui! Adoro o Japão! Povo educado e limpo. E a organização deles? E a segurança? Nem se fala! Se eu pudesse moraria lá. Me vestiria de cosplay todo dia, sabe aquele povo que se fantasia de algum personagem de desenho ou filme, ou qualquer coisa? Pois é. Eu seria esse povo. A única coisa que o Japão deixa a desejar é na culinária. Com tantos avanços tecnológicos a frente do Brasil, eles ainda não acharam o caminho do fogão para fritar o peixe deles. Cruzes! Peixe cru não rola! Aliás, tem umas coisas que vem do mar que não me agradam. Tipo camarão. O bichinho praticamente te olha chorando, parece que está te perguntando: por que você vai me comer, humano das trevas?