Capítulo 7

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Cinco meses antes do casamento. 
Escrito pela Thalita:

Olá diário, hoje o dia foi bombástico. Você nem acredita no que aconteceu. Bom, a Evelyn fez o exame e descobriu que está de três meses de gestação. Então marcamos para a escolha do vestido dela. Até então, iria acompanhar ela apenas eu e minha Clementina, pois ela gosta de passear. Mas o Jonas resolveu ir também, contrariando a minha sogra que cismou que o noivo não pode ver a noiva com o vestido antes do casamento. E quem também não poderia faltar? Claro, a ilustríssima, a estrela desse casamento, a miss mãe de noivos 2016. Ela, a dama de vermelho, a rainha do Egito moderno, a goiabada do queijo: Ana!

Vamos todos vaiar... Digo, aplaudir a presença mais esperada desse matrimônio. Só que não.

Fomos até um ateliê chiquérrimo, e depois de uns quinze vestidos experimentados, uma chuva de palpites da minha sogra e das duas se desentenderem umas quinhentas vezes, minha cunhadinha finalmente se decidiu por um modelo mais básico, lindíssimo. Porém, ficou para a costureira fazer várias alterações. Até porque até o dia do casamento, minha cunhada vai estar uma foquinha fofa de gorda, por conta da gravidez.

— Eu ainda acho aquele rendado mais elegante. — Minha sogra comentou contrariada com a escolha de um vestido simples.

— Mãe, eu já me decidi. Eu quero esse mesmo. — Evelyn falou olhando no espelho. — Não é lindo, meu amor?

— É perfeito! — Jonas respondeu encantado e minha sogra revirou os olhos azuis.

— Nem era para esse rapaz estar aqui. Onde já se viu o noivo ver a noiva experimentando o vestido? Isso dá azar. — Reclamou pela milionésima vez.

— Eu não me importo com essa superstição. — Evelyn comentou. — E você se importa, Thalita?

— Não. Só não deixei o seu irmão ver o meu vestido porque quero que ele se surpreenda. Até porque, mais azar do que já ando tendo... Acho difícil.

— Não desafie a vida, Thalita. — Jonas ironizou e nós três começamos a rir.

— Eu não entendi o seu comentário. Que azar você anda tendo? — Minha sogra perguntou, aumentando as risadas.

— Era só uma brincadeira, sogrinha. — Disfarcei abraçando a Clementina que se recolheu na carapaça dela.

Depois de passar quase o dia todo no ateliê, chegou a hora de ir embora. Fomos todos para o carro da sogrinha no estacionamento.

Thalita, hoje é sábado, o Ricardo sai mais cedo do trabalho... — Minha sogra murmurou sorridente.

— Que bom para ele. — Falei distraída.

Thalita, hoje é sábado. — Ela repetiu e ficou me olhando com expectativa.

— Eu entendi, sogrinha.

Thalita, caramba, hoje é sábado. — Piscou para mim.

— Meu Deus do céu, eu sei que hoje é sábado. Normalmente depois da sexta-feira é sábado mesmo. — Respondi irritada e ela sorriu nervosa.

— O que nós combinamos de fazer hoje? — Ela perguntou e eu comecei a verificar minhas listas mentais. Vejamos, sábado: dia de não fazer nada...

— Bom... Nada? — Ela fechou a cara. — Calma! Foi só um chute. — Então nós combinamos de... De... Me ajudem! — Pedi para a Evelyn e o Jonas.

O Diário De Um Casal Loucamente NormalOnde histórias criam vida. Descubra agora