Capítulo 17 _ Parte 1

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O grande dia!
Escrito pelo Caio:

É hoje, diário! Daqui a pouco eu e minha pequena estaremos oficialmente casados. Não vejo a hora disso acontecer. Sinceramente, já sonhei com esse momento tantas vezes.

Eu não consigo me imaginar me casando com uma mulher que não seja a Thalita. Quando mais novo eu era contra casamentos, pois presenciava diariamente as discussões e indiferenças dos meus pais. Eu não queria uma vida igual a que eles viviam juntos. Parecia que na primeira chance alguém pularia do barco antes dele afundar de vez. Porém com o tempo meus pais mudaram muito. As brigas ficaram menos frequentes e de algum modo, mais reservado, eles pareciam felizes juntos. Apesar do gênio forte da minha mãe e do meu pai sempre estar de bem com a vida. Eles são a prova que os opostos realmente se atraem. E depois de um tempo eu percebi que eram essas diferenças que tornavam o casamento deles tão sólido. Pelo menos era o que eu achava, até a Sabrina aparecer em nossas vidas e virar tudo de cabeça para baixo novamente.

Voltando ao assunto sobre meu casamento, sabe, eu estou muito ansioso. Já são três da manhã e eu ainda não dormi. Tecnicamente o casamento é hoje. Lá fora está escuro e eu estou sozinho aqui no quarto, pois minha princesa foi dormir na casa dos pais dela. Eu fiquei lá até altas horas, na verdade, eu até tinha cochilado junto com a Thalita e quando acordamos tentei beija-la. Entretanto acabamos tendo uma breve conversa sobre como será quando estivermos oficialmente casados:

— Nem vem! Eu não vou beijar você. Acabei de acordar... Seria como se você estivesse beijando um leão. Eu não sei como os ricos conseguem se beijar ao acordarem. Quando nos casarmos isso não irá acontecer nunca. Eu não quero me divorciar de você por conta de um bafo matinal. — Contou e eu dei gargalhadas. — Eu estou falando sério. Muito sério.

— Tudo bem, mas e sobre o café da manhã na cama? Como iremos fazer? — Perguntei após conseguir me acalmar um pouco das gargalhadas.

— Simples. Você levanta e me acorda. Daí vou correndo escovar os dentes, enquanto você prepara o café. Então eu volto correndo para cama e finjo que estou dormindo. Você finge que me acorda e nós iremos fingir que somos ricos, sem bafo e com sabor refrescante de flúor. Combinado?

— Combinado. — Ri novamente e roubei um beijo dela que mesmo contrariada, retribuiu.

Por mais que a gente já dormisse junto na nossa, sentíamos que com o casamento as coisas seriam diferentes. Seria oficial.

— Agora vai embora! Amanhã uma hora dessas estaremos casados. — Me abraçou manhosa e eu não resisti roubando mais um beijo dela. — Até mais meu futuro marido.

— Até mais, minha eterna princesa. — Falei e ela me beijou novamente, me fazendo esquecer momentaneamente da decisão de vir embora.

Cheguei em casa e agora estou na companhia dos gatos e da tartaruga. Todos me olharam desolados quando perceberam que a Thalita não estava aqui. Até os animais sentem que falta a presença dela nessa casa.

Rolei de um lado para o outro, várias vezes até finalmente pegar no sono. Acordei bem tarde já. Olhei no celular e tinha várias chamadas. Parece que todos resolveram me ligar.

Levantei ainda desorientado. Tomei um café-almoço, pois já era mais de meio-dia. E desde então fiquei o tempo olhando no relógio. Ficou combinado da Thalita vir se arrumar na casa dos meus pais.

Ouvi a campainha tocar, era o Jonas.

— Oi! Fui expulso da casa dos seus pais. Tem três mulheres malucas lá dentro. — Resmungou com um terno pulando da sacola, debaixo do braço.

— Entra aí! Já tomou café?

— Você tem noção de que está na hora do almoço? — Jonas ironizou e eu ri dando de ombros.

— Tenho sim. Aceita um resto de torta de frango com batata frita? — Apontei para a mesa.

— Aceito. — Foi logo se sentando e servindo o próprio prato.

Depois do almoço jogamos algumas partidas de vídeo game. Das quais, diga-se de passagem, ganhei a maioria. Só então começamos a nos arrumar para o casamento. Fomos mais rápidos que o previsto.

— Estamos noivos apresentáveis? — Jonas perguntou um pouco nervoso.

— Acho que sim. Como dá o nó em gravata? — Perguntei todo enrolado com a minha.

— Eu não faço ideia. Já desisti de fazer um. — Respondeu e só então eu percebi que a dele estava apenas jogada ao redor do pescoço como um xale.

Tentamos o passo a passo de um tutorial na internet, e definitivamente, se fôssemos depender disso para viver iríamos morrer de fome.

Acabamos dando o nó, mas era visível que ficou errado. Sobrou um pedaço enorme que não é comum sobrar. Eu desfiz a minha e o Jonas enfiou o enorme pedaço que sobrou da dele dentro do colete. Como meu terno não tinha colete não tinha como eu fazer o mesmo.

Seguimos para a igreja no meu carro. Penacho, Bola de neve e Clementina foram juntos. Chegando lá já tinha bastante gente. Por sorte encontrei a Sabrina.

— Oi, Caio! — Sorriu e eu a abracei.

— Oi! Achei que você não viria.

— Eu não poderia perder o casamento dos meus irmãos... Mesmo que não sejamos próximos... Eu espero que vocês sejam felizes. E não se preocupe, não deixarei sua mãe me ver. — Fiquei sem jeito com tal declaração, sem saber o que dizer. — Problemas com a gravata?

— Sim. Todos possíveis.

— Quer que eu te ajude?

— Se puder salvar este noivo em apuros. — Brinquei e ela riu. Rapidamente fez um nó digno de um noivo. — Muito obrigado, Sabrina!

— De nada. E parabéns pelo casamento! Gosto muito da Thalita.

— Novamente obrigado! Fico sinceramente feliz por você ter vindo. E a sua mãe?

— Mamãe ultimamente não anda muito bem. Ela diz que não é nada de mais, espero que seja verdade.

— Espero que tudo fique bem. Ela parece ser bem legal. — Ao contrário da Sabrina, eu sabia exatamente o que estava acontecendo com a mãe dela. Entretanto não podia dizer nada.

Segui com o Jonas para o altar, a igreja foi lotando aos poucos. Minhas mãos começaram a soar. Por que as noivas demoram tanto?

Os minutos foram passando como crianças correndo no recreio escolar. Eu e Jonas já estávamos inquietos quando de repente meu celular tocou, o padre me olhou bravo com a minha gafe de ter deixado o celular ligado. Decidi desligar o celular, porém o nome da chamada me fez parar. Era o meu pai, ele ficou encarregado de trazer as noivas e a minha mãe para a igreja.

— Oi, pai? Tudo certo?

— Caio, meu filho, por Deus! Não haverá mais casamento. — A voz dele estava ofegante, parecia desesperado.

— O QUÊ? COMO ASSIM, PAI? — Gritei nervoso. Jonas me olhou confuso. Aliás, vários olhares se direcionaram para mim.

Como assim não vai ter mais casamento? Afinal, o que será que aconteceu? Será algo grave? Será que minha pequena está bem?

O Diário De Um Casal Loucamente NormalOnde histórias criam vida. Descubra agora