O Diário De Um Casal Loucamente Normal

Capítulo 8

Cinco meses antes do casamento. 
Escrito pela Thalita:

Diário, na época do colégio, eu estudei apenas o básico da vida dos seres vivos de um modo geral em biologia. Hoje em dia faz muita falta ter me aprofundado melhor na vida dos répteis. Só assim eu poderia ter alguma chance de entender o que se passa na mente da minha naja preferida: minha adorável sogrinha. Por que estou dizendo isso? Deixa eu te contar o resto da história:

— Meu marido não dá a mínima para você, não seja ridícula! — Minha sogra retrucou irritada.

— Ah, não? Então por que você se deu ao trabalho de vir em minha casa me espionar? Se você não estivesse se sentindo ameaçada, você não estaria aqui agora. — Maria Júlia sapateou na cara da sociedade.

— PAREM DE BRIGAR! — Gritei e elas pararam e me olharam. — Onde é o banheiro? — Perguntei com a bexiga hiper apertada.

— Terceira porta a direita no corredor. — Maria Júlia me respondeu educadamente. Deixei a Clementina na cadeira e fui voando.

O banheiro dá mulher era o máximo. Tinha até um bidê, aqueles tanquizinhos de lavar o bumbum. Muito legal!

Assim que fiz meu xixi corri novamente para a sala, com medo de encontrar alguma cena macabra, já que minha sogrinha estava no auge do seu veneno.

— Eu tenho certeza que essa garota não é filha do Ricardo. — Ana afirmou sorrindo.

— Se você tem tanta certeza, então é melhor seguir sua vida. Porém prepara o coração para as fortes emoções futuras. — Maria Júlia falou sentando novamente à mesa. — Quer mais chocolate, Thalita?

— Eu aceito...

— Ela não quer nada. Vamos embora, Thalita! — Minha sogra ordenou autoritária.

— Por que você não deixa ela responder se quer ou não? — Maria Júlia interferiu me olhando docemente. — Então, querida, você aceita? Fiz um bolo de laranja com raspas também...

— Thalita, anda, vamos embora desse muquifo! — Minha sogra voltou a insistir. Porém eu só conseguia pensar no bolo delicioso que foi me oferecido.

— Você não precisa ir se não quiser. — Maria Júlia sugeriu e minha sogra quis visivelmente voar no pescoço dela.

— Thalita....

— Chega! Vocês duas vão acabar me enlouquecendo. Primeiro: sim, eu aceito um pedaço do seu bolo, obrigada. E segundo, eu vou embora com a senhora, sogrinha, calma!

Ana me olhou furiosa e saiu marchando até a porta. Maria Júlia me entregou uma enorme fatia de bolo. Estava uma delícia! Agradeci mil vezes e fui toda contente atrás da minha sogra.

Mas, diário, você nem acredita no que aconteceu. O tempo fechou (pior que foi literalmente, pois o céu estava mega power carregado, ameaçando cair uma tempestade a qualquer momento).

A louca da minha sogra me encarou irritada e do nada bateu na minha mão, jogando meu paraíso em forma de bolo no chão.

— Meu bolinho! A senhora não podia ter feito isso! — Reclamei revoltada, magoada e desolada. Diário, era o MEU bolo.

— Você que não podia fazer o que fez comigo. — Apontou o dedo para o meu rosto.

— Tá louca, mulher? O que eu fiz com a senhora?