The Drug In Me Is You

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  Após a conversa, Donald começa a preparar o jantar, insisto em ajudar mas ele me despacha pro quarto. Fico sem jeito de subir e encontrar Gerard mas mesmo assim o faço, bato na porta do quarto me sentindo meio inseguro, a porta logo se abre e encontro um Gerard meio sorridente abrindo a porta:

— Oi. — Digo e sorrio fraco.

— Oi, Frank. — Ele me dá passagem e entro. — Meio estranho... Você estar aqui. — Ele fecha a porta e encosta na mesma.

Caminho pelo quarto analisando as coisas que quase não mudaram, mesmo com o tempo.

— Eu precisava te perguntar... — Levo meu olhar ao seu rosto. — Por que você foi embora?

— Bom, na verdade eu também não sei. Eu acho que só precisava ficar mais perto da minha família.

— Então vai ficar por aqui?

— Eu ia perguntar o mesmo. — Ele ri se aproximando e senta na cama. — É, Delaware não é pra mim.

— Eu vou passar um tempo aqui. — Sorrio me sentando também.

— Foi muito legal isso, ter vindo aqui e pedido desculpa pra ele. — Gerard diz juntando as mãos nas coxas.

— Como eu disse, vocês são a minha família. — Digo.

Gerard sorri tímido e se levanta ficando de frente pra mim, levo meus olhos à ele sem saber o que esperar.

— Eu sei que veio me fazer lembrar.

— E não vai me impedir? — Pergunto me levantando também.

— Não, eu quero me reconhecer. É como se o mundo rodasse, mas eu não fosse mais daqui. — Suspira e me olha. — Faço o que for preciso pra me lembrar.

Sorrio animado com sua empolgação.

— Espera pra ver. — Rio indo até a porta. — Boa noite.

— Espera, onde vai? — Ele pergunta franzindo de leve o cenho.

— Procurar um hotel. — Digo sem drama.

— M-mas você pode dormir aqui e meu pai não vai te deixar dormir fora. — Ele diz e cruzo os braços.

— Não quero incomodar, sério.

— Não vai! — Ele afirma.

Resolvo ficar, isso depois de tentar sair mas ser impedido por Donald. Tomo um banho e me preparo pra dormir, sigo pro quarto do Mikey, Gee puxa meu braço já no corredor. Ele inventa umas histórias sem pé nem cabeça sobre o quarto do Mikey e insiste pra eu dormir no dele, acho fofo de sua parte mentir só pra me manter por perto, aceito e durmo em seu quarto mas em um colchão próximo à cama. Apagamos a luz e fecho os olhos me cobrindo, uns minutos se passam e meu sono não chega:

— Frankie, tá acordado? — A voz baixa de Gerard me faz abrir os olhos.

— Sim.

— Não consigo dormir. — Ele se vira pra mim ficando na beira da cama e me fitando com a pouca luz que vem de fora.

— Quer que eu leia uma história? — Brinco e ele ri.

— Não é uma idéia ruim, vai que eu me lembre de algo.

— Hum... ok, o que quer escutar?

— Como nos conhecemos. — Ele responde e sorrio me lembrando perfeitamente do dia que não saia da minha cabeça.

Me sento ajeitando as cobertas e penso exatamente no dia, pra falar a verdade eu não tinha a menor idéia de que eu iria me apaixonar por Gerard naquele dia, não sabia nem que eu gostava de garotos também.

— Era uma noite fria, eu estava extremamente entediado por estar lá naquele beco parado o dia inteiro. Então acendi um cigarro e fui fumando, logo percebi uma aproximação, eu já tinha te visto algumas vezes na escola mas não passou disso. Você vinha todo inseguro, eu sabia exatamente o que você queria e assim que chegou perto o bastante, eu disse que não te venderia droga por ser um estudante e você ficou com cara de tacho provavelmente pensando como eu sabia que era um estudante. — Rio anasalado me lembrando e ele sorri atento à história. — Você me convenceu e então eu fui buscar a droga num carro, você não parava de olhar pra minha cara, era engraçado. Te disse pra parar de olhar pra mim e você corou, brigamos mais um pouco e você foi embora. Não foi uma coisa muito... romântica.

— É uma boa história. — Ele diz animado. — E nosso... primeiro beijo?

— Nosso primeiro beijo? — Sorrio tímido.

Nosso primeiro beijo foi algo que fiz por impulso mas não me arrependo nada, foi em um momento frágil meu e eu precisava demonstrar meus sentimentos em relação à ele de alguma forma.

— Eu estava doente, com febre e você me ligou. Eu disse que estava doente e ainda não tinha tomado remédio, você surtou e me pediu meu endereço, eu acabei dando e você foi lá, no lugar mais perigoso da cidade.

— É, eu sou muito corajoso. — Ele se convence e rimos.

— Você chegou, mandou eu tomar um banho e fez um chá até que bom pra mim. — Sorrio me lembrando. — Cuidou de mim e estava prestes a ir embora, eu pedi pra ficar e com um tempo você concordou, discutimos sobre onde dormiríamos e no final a gente dormiu na mesma cama. Eu senti que precisava demonstrar meus sentimentos de algum jeito e então pedi pra te beijar. — Ruborizo.

— Você pediu? — Ele ri e fico com vergonha. — Que fofo.

— Você ficou em pânico, mas aceitou. — Termino e sorrio.

— Deve ter sido legal. — Ele muda o humor repentinamente e se vira.

Fico sem entender e me deito novamente, após alguns minutos escuto seu baixo choro e fungadas, acho que eu fiz alguma coisa errada. Me arrisco a perguntar:

Gee?

O som de seu choro vai desaparecendo e ele se vira limpando discretamente as lágrimas.

— Sim?

— Você tá bem? — Pergunto o fitando.

— Acho que sim. — Ele diz baixo e me levanto indo até a cama e me deitando ao seu lado.

Sem se opor ele dá espaço me esperando e cubro nossos corpos ficando próximo dele e o abraçando, ficamos na posição até dormir.

A noite passa e logo chega a manhã, acordo com o braço um pouco dormente e noto Gerard me abraçando por cima do braço. Sorrio e passo a outra mão em seus fios de cabelo vermelho o tirando do rosto e admirando sua estética perfeita, ele quase sorri dormindo, eu estava com muita saudade de acordar com ele. É muito nostálgico pra mim isso, espero que quando ele acorde sinta nostalgia também. Me levanto com delicadeza e retiro meu braço lentamente debaixo dele, vou até o banheiro aliviando minha bexiga e prontificando minha higiene matinal. Sigo pra cozinha ainda sonolento, encontro Donald cozinhando animado e rio, ele me percebe e sorri:

— Que foi, nunca viu um homem feliz?

— Claro, até já fui um. — Me sento na cadeira.

— Gerard está dormindo?

— Sim, parece que ele não dorme há dias.

O meu humor hoje está uma maravilha, mesmo Gerard não lembrando de antes, é como se o antes não importasse mais, só o agora. É ruim pensar em esquecer isso de lembrar do passado?

Escuto a porta de entrada abrir e me viro pronto pra ver quem vai entrar, meu sorriso se desmancha ao ver Mikey e ele o mesmo. Engulo o seco:

— Oi Mikey...

Youngblood - Frerard (Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora