Millions

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   P. O. V. Gerard


As aulas da faculdade foram suspensas por dois dias, não me lembro do motivo mas isso realmente não importa. Após procurar por um trabalho o dia inteiro, volto pro meu apartamento barato. As cores dos corredores são escuras e antigas, é tudo triste e cinzento, assim como o dono desse lugar.

Coloco água na cafeteira e ligo ela logo me sentando no sofá desconfortável, esse lugar não é um dos melhores, mas realmente quebra um galho. Depois que saí de Jersey as coisas complicaram, estou pagando esse apartamento com umas economias minhas e uma ajuda do meu velho, mas agora eu quero viver independente sem o dinheiro do meu pai.

Encosto a mão nos lábios me lembrando de hoje cedo, acho que ele não quer cometer o mesmo erro novamente, eu não vou mais forçar ele à fingir que me ama. Eu só preciso lembrar desse espaço vazio e seguir com minha vida, a pior coisa de tudo isso é acordar assustado e não saber se foi um pesadelo ou uma memória, no que eu devo acreditar?

Pego meu celular ligando para Bert, sigo pra varanda mal pintada e acendo um cigarro esperando:


— Sua vadia, você foi mesmo eu dizendo pra não ir né? — A ligação nem começa direito e ele me joga essas palavras, reviro os olhos.


— E você contou pra ele, já disse que eu parei de usar. — Reclamo. — E eu fui porque precisava saber.


— Está feliz agora? Sabendo de tudo?


— Feliz não, mas satisfeito por ter a verdade, só que não consigo juntar as coisas bem. — Suspiro. — Desculpa por ir.


Escuto um alto suspiro e uns gritos de fundo.


— Tudo bem, mas você sabe que eu me preocupo contigo. Mas me diz, vocês não fizeram nada mais que um abraço né? — Perguntou e pensei em contar mas desisti.


— Não, só conversamos.


— Você ainda vai na tal festa? — Pergunta.


— Eu vou sim, você vai poder ir?


— Acho que não, hoje a gente vai substituir uma banda que desistiu no 035. Você pode vir com a gente em vez de ficar com universitários bêbados. — Rio com a definição dele.


— Tá tudo bem, eu vou mesmo ficar com os universitários bêbados, preciso fazer amizades por aqui. — Sorrio ao celular e me dou por conta de estar quase finalizando o cigarro.


— Se você quer tanto. — Ele diz. — Te amo, sem cérebro.


— Também te amo, sua vadia bêbada. — Rimos.


— Tchau.


— Tchau. — Desligo e quase ao mesmo tempo o cheiro do café pronto invade minhas narinas me deixando mais energético.

Youngblood - Frerard (Part 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora