Capítulo 1

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"Só que todas as vezes que corro
Eu continuo caindo em você"

I Know (Tom odell)


Stella

Eu estou sentada sobre a mesa do professor, olhando para a porta da sala observando a entrada dos meus colegas e esperando meus amigos, alguns estão com expressão animada e outros desanimada, nem todos são felizes com o início das aulas. Eu faço parte do grupo dos animados, embora assistir algumas aulas seja uma tortura, eu gosto de reencontrar meus amigos. Não demora muito para que Ana, minha melhor amiga, chegue, após um longo abraço, sentamos as duas sobre a mesa, conversamos com alguns colegas e fofocamos sobre as férias. Um garoto e uma garota entram na sala, não os conheço e nunca os vi pela escola.

— Eles são novatos?

Sussurro para Ana, ela olha para direção que eu estou olhando.

— Aparentemente, sim.

Com um pulo deixo a mesa.

— Eu vou falar com eles.

Ser novato em uma escola pode ser aterrorizante e desconfortável, eu serei a garota legal que os ajuda a socializar. Eles ocupam as classes mais ao fundo da sala, caminho em direção a eles e paro de modo a estar de frente para os dois, eles estão sentados e me encaram sem entender.

— Bom dia, vocês são novatos, não é? Eu sou a Stella e sejam bem-vindos.

Eu sorrio, a menina sorri de volta, mas o menino continua olhando para mim com o que parece ser desprezo, ou talvez, seja tédio.

— Obrigada, Stella, somos novatos sim, eu sou a Cecília e esse mal-humorado. — Aponta com o dedo para o garoto ao seu lado. — É Pablo, meu irmão.

Cecília tem a pele um pouco mais clara que a minha, seus olhos são castanhos, seus cabelos são lisos e pretos. O seu irmão é bem diferente com os cabelos loiros, pele clara e olhos verdes. Ele é bonito, mas seria mais bonito sem a expressão de garoto mal.

— E vocês vem de onde?

Cecília e eu engatamos uma conversa, o irmão apenas olhava para nós com desinteresse, eu o apelidei mentalmente de zangado.

A adaptação de Cecília foi fácil, uma garota engraçada e falante, nos tornamos amigas, Pablo continuava distante, ele não interagia com ninguém, a não ser com a irmã. A garota que eu fui aos quatorze anos admirava o garoto quieto com seu jeito nerd e ao mesmo tempo menino problema.

Abro os olhos, encaro seu corpo inerte sobre a cama.

— Você sempre aparentou ser um play boy, um garoto problema, mas nós sabemos que você tem um coração generoso.

Eu saio da sala de aula e caminho para o pátio da escola, torço para que não encontre nenhum professor. Eu estou morrendo de cólica e dor de cabeça, maldita menstruação, nessas horas, eu gostaria de ter nascido com um pau. Por sorte não encontro ninguém e consigo sair, o vento bagunça meus cabelos, eu respiro fundo, eu amo o clima no outono. Sento-me em um dos bancos espalhados pelo ambiente externo da escola, olho ao redor, o pátio fica no meio do prédio, um prédio quadrado, mas vazado, ou seja, o pátio está localizado exatamente na metade da escola e cercado por corredores e salas de aula. Olho para céu, um céu azul e sem nuvens, seria um bonito dia se meu útero não estivesse se desintegrando, maldita Eva gulosa e por uma fruta, se fosse um brigadeiro, mas era uma fruta, inadmissível. Solto um gemido de dor

— Está tudo bem?

Desvio o olhar do céu e olho para o lado, afinal é de onde vem a voz. Pablo aproxima-se e senta ao meu lado, seu olhar analisa-me, ele está procurando por um possível machucado.

O Poder de Um EncontroOnde histórias criam vida. Descubra agora