O Poder de Um Encontro

Capítulo 6

"Porque você sabe como me dar
Você sabe me puxar de volta
Quando estou fugindo, fugindo
Tentando escapar de amar você"

You da one (Rihanna)

Stella

Dessa vez, ao subir para CTI, eu encontro os pais de Pablo na sala de espera, eu não os vejo há anos, mas os reconheço, eles estão em pé e abraçados. Aproximo-me e eles olham para mim com esperança, a mãe  desvencilha-se do pai e caminha em minha  direção. 

— Como meu filho está? Como Pablo está?

Eu estou de branco, eles acham que eu sou a responsável por Pablo, balanço a cabeça negando.

— Eu não sou a médica responsável por Pablo, eu sou sua amiga, trabalho no hospital e apenas vim ver como ele está. — Ela assente, lágrimas deixam seus olhos e escorrem por seu rosto. — Vocês são os pais de Pablo, não é?

O pai aproxima-se, a mãe apoia seu corpo no seu.

— Sim, Leonardo e Carla Cavalcante. 

Ele estende sua mão e a aperto.

— Nós já nos conhecemos, eu sou Stella, Pablo e eu fomos colegas na época de escola.

Há reconhecimento no olhar do casal. 

— Eu lembro de você, você foi a primeira  amiga de Cecília na cidade. 

Dor assume o olhar de Carla ao mencionar a filha, seu choro torna-se mais intenso, vira-se para o marido, ele a abraça.

— Eu não posso perder, Pablo, não vou suportar essa dor, novamente, eu não posso perder outro filho, Léo. 

O meu peito dói ao presenciar sua dor, Leonardo sussurra palavras positivas para a esposa, mas em seu olhar há dor. 

— Eu irei procurar saber como ele está.

Leonardo assente, Carla continua chorando. Afasto-me do casal, caminho pelos corredores meio aérea, perdida, vê-los tão tristes e chorando pelo filho adicionou uma carga emocional em mim que eu não estava esperando, abalou minhas esperanças e certezas, o medo sussurra "e se ele não ficar bem?". 

Pare, Stella.

Eu preciso pensar positivamente, eu não posso perder as esperanças, Pablo ficará bem. Entro no corredor de quartos da CTI e Pietro está saindo do quarto de Pablo, meu coração acelera, Pietro é um neurocirurgião e só pode significar algo. 

— Ele precisou de outra cirurgia?

Ergue seu olhar da ficha médica que está em suas mãos e olha para mim. 

— Sim, uma pequena intervenção e Stella, o coma não está mais sendo induzido, ele está apto para acordar.  

Suspiro, eu estou aliviada e com medo, por mais que tente afastar o medo, ele está aqui. 

— Pablo irá acordar.

Eu estou tentando me convencer, quem sabe falar em voz alta ajude, eu gostaria de ouvir de Pietro certezas, mas ele apenas assente, ele não pode me dar garantias. 

— Eu estou indo conversar com a família do paciente, chegaram há pouco, adiei a conversa para depois de verificá-lo para ter as informações mais recentes possíveis.

Eu estou de frente para o cara vestido de branco, o cara que até outro dia era apenas meu colega de trabalho, nunca imaginaria estar no papel de família de paciente, nunca imaginaria estar esperando ansiosamente por boas notícias.