Capítulo 24

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"Vá lá, me dê uma chance!
Para provar que eu sou a única que pode fazer
Até o fim começa agora"

One and Only (Adele)

Pablo

Caminho pelo corredor da casa dos meus pais com um peso em minhas costas à menos, eu estou mais leve, uma parte minha está feliz em estar em pé mesmo sem Stella, eu amo Stella, amo tê-la ao meu lado, mas não é o que me mantém em pé. Eu estou orgulhoso, orgulho de mim mesmo, orgulho por não estar no fundo do poço. 

Sair do fundo do poço é difícil, lutar contra a depressão é doloroso, tentar controlar a sua ansiedade é torturante, não é de repente, é um processo demorado, é como estar se afogando, nadar para superfície e não encontrá-la, então em alguns momentos você pensa em desistir de continuar nadando, se afogar parece ser o mais fácil. Eu lutei e nadei horrores antes de atingir a superfície e quando a encontrei valeu à pena, voltar a viver valeu à pena, encontrar como ser feliz vale à pena, ainda há dias difíceis, dias em que eu volto a estar em baixo da água, mas encontrar a superfície e voltar a respirar tornou-se muito mais fáceis e menos dolorido. Aos poucos a dor e vazio em minha alma são substituídos por felicidade, ou simplesmente por paz. 

Encontro meus pais na cozinha, os dois estão dançando no meio da cozinha, um música antiga deixa o celular do meu pai, há duas taças de vinho sobre a mesa, apoio meu ombro no batente da porta e observo os dois. É possível ver o amor entre os dois, apenas pela forma como estão olhando um para o outro. Eu quero ter isso com alguém, quero terminar minha noite com vinho e dança no meio da cozinha. E eu quero ter com Stella. 

A música chega ao fim, dona Carla aproxima-se de mim e eu a abraço, eu sou mais alto e sua cabeça bate em meu queixo, beijo sua testa.

— Eu amo você, mãe. 

Beija meu peito, coloca sua mão sobre meu coração. 

— Eu amo você, filho.

— Você pode me perdoar, mãe? Por todas vezes em que me afastei, por todas vezes em que falhei.

Eu não posso recomeçar sem pedir perdão pelas vezes que errei, não importa que tenha errado por estar no fundo do poço, ainda sim foram erros e meus pais merecem um pedido de desculpa. 

— Claro que eu perdoo você, Pablo, você é uma parte minha, uma das partes mais bonitas. 

Com um gesto chamo meu pai, aproxima-se, passa seu braço por meus ombros, apoio minha cabeça em seu ombro.

— Por muito, eu acreditei estar destinado aos erros das mesmas pessoas que me colocaram no mundo, das mesma pessoas que herdei o sangue e DNA, eu acreditei que sangue é tudo, mas eu estava errado. — Minha voz embarga, eu quero chorar, respiro fundo. — Eu não sou como eles, eu sou como meus pais, meus pais de verdade, vocês, o sangue não é tudo, o amor é tudo. E assim, como vocês, eu erro, mas ao perceber meu erro, eu procuro corrijó-los e além de tudo temos caráter. Eu não sou e nunca fui como eles, desculpe demorar tanto para entender. 

Meu pai beija minha bochechas e minha mãe acaricia a lateral do meu rosto. Continuamos os três abraçados por um tempo, há uma paz no ar, eu estou completo, eu estou bem. Beijo o rosto dos meus pais.

— Eu preciso ir, preciso lutar pela garota que eu amo, ir para Alemanha é apenas o plano B.

Recebo beijos e abraços, vamos os três para a porta, mais abraços, beijos e lágrimas de despedidas, meus pais prometem me visitar na Alamenha, eu prometo se ficar os visitar no sábado. Caminho para meu carro, antes de entrar, olho para trás, aceno para meus pais pela última vez, então entro no carro e dirijo para seu apartamento. 

O Poder de Um EncontroOnde histórias criam vida. Descubra agora