O Poder de Um Encontro

Capítulo 20

"Como uma ideia que existe na cabeça
E não tem a menor obrigação de acontecer"

Apenas mais uma de amor ( Lulu Santos)

Stella

Encaro o calendário sobre minha mesa, os dias passaram de pressa, com minhas mãos pego o pequeno triângulo de papel e toco o número  que indica o dia de hoje com as pontas dos meus dedos, hoje faz exatos seis meses do acidente de Pablo e muitas mudanças ocorreram nos últimos meses. Eu estou nostálgica e feliz com os acontecimentos da minha vida. 

Largo o calendário, apoio minhas costas e cabeça na minha cadeira giratória, fito o teto e giro pelo meu consultório. 

Construímos recordações ao longo dos dias, sorrio com as lembranças. Pablo está melhor, sorridente, leve sem sequelas do acidente, somos um casal, um casal sem rótulos, mas um casal apaixonado. Foram jantares à luz de vela, jantares em restaurantes, em seu apartamento, no meu apartamento, saímos para dançar, para assistir filmes, tomamos vinhos sentados no tapete da sala e assistindo filmes, trocamos muitos beijos, muitos abraços, muitas carícias, muito sexo para nossa alegria, conversamos, rimos, tivemos pequenas DR's por culpa de toalhas molhadas na cama, tivemos momentos incríveis com Maria Eduarda, nós estamos avançados em libras e conseguimos acompanhar algumas conversas. Não existiu um único momento  de arrependimento, não me arrependo de escolher Pablo, escolher enfim lutar pelo cara que eu amo.

Mais uma vez sorrio, ultimamente sorrisos não tem faltado em meu rosto. Em seis meses sua vida pode mudar e muito. 

Meu celular vibra, desperto dos meus pensamentos e minhas lembranças, retiro o aparelho do bolso do meu jaleco. Mensagem das minhas meninas, duas fotos de Fernanda vestida em lingeries sexys com a seguinte legenda "Qual, eu levo?" , respondo imediatamente, e logo em seguida chega às respostas de Helena e Júlia, engatamos uma conversa sobre sutiãs e calcinhas, sobre quais modelos são confortáveis e quais são sexys. Ao ler a última mensagem de Júlia, eu solto uma gargalhada, minha barriga dói de tanto rir e estou sem fôlego, eu quero parar de rir, mas ao tentar lembro da mensagem e simplesmente não consigo. Eu preciso de alguns minutos para enfim controlar minha risada, novamente leio a mensagem de Júlia, eu realmente amo a minha irmã. "AHHH, calcinha de renda e fio dental é um horror, ninguém sabe o porquê acha sexy, aliás acredita que é sexy só porque todo mundo diz, nem existe uma lógica, além de tudo enfia no seu cu e precisa ficar puxando toda hora, ou seja feia e desconfortável. E convenhamos alguém que perde a tesão por causa de um pedaço de pano...problema não é a calcinha, é a pessoa. Minhas calcinhas deixam você sem tesão, Helena?"

Eu posso imaginar minha cunhada vermelha, mas irá sorrir e responder sua mulher, eu sorrio dessa vez uma simples curva em meus lábios. Meus olhos deparam-se com o horário, enfim fim de jornada de trabalho por hoje, suspiro aliviada, eu estou cansada, necessito de um banho. 

Após enviar um rápido tchau e beijos para as meninas, retiro meu jaleco, pego minha bolsa e deixo o consultório. Desloco-me pelos corredores do hospital sorridente, esbarro com alguns colegas, cumprimento-os brevemente e desejo uma boa noite. O caminho para o estacionamento é curto, ao entrar no meu carro, coloco a bolsa no banco de passageiro e minhas mãos sobre a direção, suspiro aliviada mais uma vez, eu estou muito feliz em ir para casa.

Dirijo para o apartamento de Pablo, mais uma vez, talvez, eu não recorde a última vez em que dormi em minha casa e eu realmente não me importo. Música ecoa pelo carro e eu canto com o cantor, eu amo cantar, mesmo não sendo um dos meus talentos, não ligo para a falta de talento, ligo para os sentimentos que a música causa em mim. O trânsito está calmo, não demoro a chegar. Estaciono o carro, subo pelo elevador para meu andar, eu praticamente estou correndo, eu estou com pressa. Eu estou ansiosa por vê-lo, quero seus beijos, seus toques e uma massagem.