Prólogo| 1

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30 de dezembro de 1915, Hungria
Nascimento do terceiro príncipe,
Mitchell Lazar

Inusitadamente, para um final tão triste e inesperado, aquele dia começou com um lindo raiar do sol. Quem poderia dizer que seria um dia triste ou amargurado? Ninguém, o sol decidiu acordar todos naquela manhã.

O terceiro príncipe - como era chamado o dono daquele imenso castelo - acordou ansioso assim como sua esposa. Esta parecia vermelha demais para um dia frio, embora ensolarado como a primavera.

A mulher abriu um sorriso e ele ficou agitado. Era o sinal, não era? Oh, o bebê iria nascer! Então ele se pôs de pé, embora as pernas tremessem. A mulher permanecia deitada, quando este gritou em húngaro:

- Vai nascer! Meu primogênito está a caminho!

Foi o suficiente para que todo o castelo acordasse e em instantes toda a cidade e redondezas soubessem, passando de boca em boca, que o primogênito daquele castelo protegido por belas árvores e uma montanha, iria nascer.

O doutor chegou, ao seu lado suas assistentes e o próprio príncipe. Uma das empregadas, a mais querida pela princesa, olhava a cena com os braços doendo por conta das primeiras vestes que o pequeno iria usar. O príncipe estava ao seu lado, ele não conseguia se aproximar da cama.

Sua esposa fora cercada por enfermeiras e pelo médico que sorria largamente. É claro, ele iria ter a honra de ser o primeiro a segurar o primogênito do terceiro príncipe.

Passaram-se horas, ninguém sabia exatamente quanto tempo passou, mas foi muito, pois o sol começava a se pôr. Assim, no entardecer, um lindo entardecer por sinal, o grito agudo da princesa seguido de um choro forte anunciaram que finalmente o herdeiro havia nascido.

Mas, era um dia muito lindo para ser real. O médico pegou o menino forte e com lindos olhos cinza-azulados mais belos que o da própria mãe, ficou perdido por alguns minutos naqueles encantadores olhos. Ao entregá-lo a mãe percebeu que algo estava errado.

Ela chorava, não de alegria, e sim de uma dor inexplicável. Seus olhos cinza-azulados como os do filho, brilhavam de uma maneira indecifrável, uma dor sentida apenas por alguém que sabia que não iria ter o prazer de segurar seu filho novamente.

O médico ficou aterrorizado era evidente em suas feições. O príncipe e todos os outros no quarto notaram aquilo.

- Meu pequeno, como é lindo. É tão lindo quanto o sol que está se pondo e como a lua que era surgir ou as estrelas que brilham em seus preciosos olhos. Estarei com você meu amor, quando olhares para si mesmo no espelho me verá olhando para você de volta. Talvez não recorde do que digo, mas verá minhas pinturas, me verá em seu coração porque hoje dou o meu coração a você, a minha vida por você. Eu o amo tanto, meu pequeno Mitchell que um dia irá crescer e será o homem mais bonito de toda Hungria. Será o terceiro príncipe, o belo, valente e lindo... Ahh... Mitchell Lazar. - Palavras tão belas para um momento tão triste, porém inesquecível para as pessoas presentes.

Ela olhou mais uma vez para o filho que lhe sorriu, e fechou os olhos ao encostar a testa na do bebê que parou de chorar e tocou sua face.

Quem poderia imaginar que seria a única vez que aquele bebê tocaria em sua mãe ou que está não abriria mais os olhos.

Quando seus braços começaram a soltar a criança, o médico se apressou, um pouco desconcentrado pelo que acabou de testemunhar, e o pegou nos braços que tremiam.

- Não! Não! - O príncipe gritava, descontrolado.

Havia mais uma notícia para se dar: " a princesa falecera após o parto". A cidade Rousse nunca foi tão silenciosa e fria como naquele dia, contudo o próprio dia jamais foi tão magnífico como neste.

Um tempo depois, a empregada segurava o bebê, totalmente abalada. O príncipe saía do quarto onde a esposa era preparada para o funeral, quando ela tentou lhe entregar o filho que estava calmo e sereno tanto quanto o vento do anoitecer que entrava no corredor.

Ele parou, olhou para o filho, desviou o olhar como se ele nem estivesse ali e disse:

- Leve-o para bem longe de mim, pois por culpa dele minha esposa está morta.

A empregada cambaleou, desnorteada.

- Mas, alteza... É o seu filho.

- Meu filho morreu com minha esposa.

Ela fechou a boca e apertou a criança nos braços. O príncipe passou por eles sem olhar para trás ou demonstrar um pingo de amor, o que era ainda mais de se surpreender, logo que ele era o mais ansioso por seu nascimento.

- Alteza, ele o ama, só está triste. Mas saiba, eu vou cuidar de você, pela sua mãe, minha alteza e amiga.

O bebê dormiu no exato momento em que o corpo da mãe era tirado do quarto.

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora