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Hungria, 1945

A observava de canto de olho. A brisa da noite brincava com seus cabelos onde meus dedos queria estar. Izzy estava distraída com o cachorro lobo que me obrigou a deixar que ficasse com ele. Sim, ela encontrou Paco na entrada do castelo. O cachorro chorava de frio e fome. Com sua nobreza de coração ela o encontrou e o alimentou.

Ilda e Albert alertaram que não deveria o levar para dentro do castelo e muito menos o levar até mim. Todos estavam apreensivos, mas assim que vi o cão não pude evitar de ceder a seus pedidos e deixar com que ficasse. Quando eu era criança encontrei um filhote na cidade e pedi a meu pai se poderia ficar com ele, duramente me respondeu:

- Você não é valente o suficiente, por isso precisa de um cão para defende-lo?

Os olhos de Izzy brilhavam ansiosos. Nos últimos tempo eu vinha fazendo de tudo para agrada-la, gostava de ceder a seus desejos e faze-la feliz, porque isso também me deixava feliz.

- Acho que ele não vai gostar. - escutei Ilda.

- Não sei se é uma boa ideia. Nunca tivemos um cão domestico no castelo, mesmo na época do avô de sua alteza. - Albert concordou.

Izzy se aproximou cm o cão. O encarei sem saber exatamente como reagir.

- Podemos ficar com ele? 

Olhei para Ilda e Albert que deram de ombros. O que dizer? E se ele tivesse um dono, se tivesse apenas se perdido. la ficaria muito triste com sua partida. O cachorro lentamente se aproximou do eu sapato, cheirou e deitou em meus pés mesmo eu não estando sentado. Estiquei os braços até ele fazendo carinho em suas orelhas peludas. 

- Tudo bem, ele pode ficar.

Ilda e Albert se entreolharam. É eu tinha cedido por conta dela e dos meus próprios desejos de infância.

Em pouco tempo o cão se apegou a nós, principalmente a ela. Descobrimos enquanto escolhíamos o nome do cão e eu descobria que sua madrasta dou o que ela tinha na infância apos se casar com o pai dela, que nascemos no mesmo dia. Ilda estava preparando um bolo surpresa para nós, mas Andras, que não sabia da surpresa, contou tudo.

Muito feliz por termos algo em comum. E levado pela aproximação que desenvolvemos nos últimos dias, quis lhe dar um presente; o que quisesse. Passavos goras juntos e sozinhos. Todas as manhas antes de encontra-la na sala de chá eu a via andando de um lado para o outro com  cão no jardim morto.

Diferente de como foi com Aimee, eu não me sentia sufocado, era apenas eu mesmo  e espontâneo. Revelava um lado de mim que escondia de todos há muitos anos. Nós falavamos sobre livros, nossos gostos. nossa infancia, sobre pintura, como era viver sozinhos, sobre sua madrasta e  meu pai. Nunca fali para alheios sobre meu pai, somente no dia em que Aimee o descobriu. E falava desabafando com Izzy que tinha em mim alguém para desabafar sobre sua cruel madrasta. 

Quando sugeriu que eu contratasse alguém para trazer vida de volta ao jardim imediatamente neguei, logo que nunca o vi vivo e não sabia como era. Mas, não esperava que fosse pedir aquilo de presente de aniversario.

- Posso escolher o que eu quiser?

- Sim.

- Quero sua permissão para cuidar do jardim.

Foi uma grande surpresa. Dentre tudo que poderia pedir, aquilo era honrável. Outra em seu lugar teria pedido uma joia.

- Não acho que vá conseguir, mas fique a vontade.

- Se eu conseguir o que ganho?

Ri.

- Um jardim.

Ela era divertida.

Depois de três dias e meio limpando, cortando, pintando e plantando, eu acordei pela manhã indo, como de costume, par a janela do corredor de onde avistei o que poderia ser um paraíso particular. O jardim  estava de volta a vida e em todo o seu esplendor. Ilda chorou por vários minutos. Eu não conseguia pensar em nada, só que era lindo.

E, agora, tinha certeza que o que o tornava lindo era a própria Izzy.

- Está olhando o que? - Desviei o ar envergonhado por ter sido pego.

Paco abanou o rabo esfregando o corpo na minha perna.

- A noite, a noite está muito linda hoje. Ainda mais com o jardim assim.

Ela me olhava de uma maneira estranha. Eu tinha dito algo de errado? Ou tinha algo em meu rosto? 

- Algum problema? Digo eu não limpei os cantos da boca?

Sua risada estava mais suave aquela noite. 

- Só percebi como seus olhos ficam brilhantes a noite.

Arregalei os olhos engasgando. Foi um elogio? Ela realmente estava flertando comigo? Pelo jeito em que mordeu os lábios constrangida eu tinha a minha resposta. Sendo assim precisava devolver o elogio para mostrar que também estava interessado nela.

- A senhorita é o que tem de mais belo neste jardim.

- Por que eu seria?

Com um passo eliminei a distancia que havia entre nós ficando de frente para ela com nossas respirações se mesclando em uma melodia alta.

- Porque é uma flor em pessoa.

Suas iris incharam de uma maneira sedutora. Relutante com meus sentimentos tentei me afastar, entretanto ela me abraçou.

- Há algo importante que preciso dizer.

Meu coração ficou pesado no peito. Às vezes nosso coração era um fardo mais pesado que um pedra. Uma bomba prestes a explodir como um chocolate propenso a derreter.

- Diga estou ouvindo.

- Isso pode mudar tudo.

Talvez eu quisesse que algo mudasse. Talvez era isso que eu estive esperando.

- Pois que mude.

Ela inclinou a cabeça para trás, ainda abraçada a mim. Meus braços pendiam nas laterais do meu corpo sem saber como reagir: prende-la a mim ou solta-la.

- Antes me prometa uma coisa.

- O que quiser.

- Não use o que direi contra mim, não use o meu coração.

Sem ela saber era o meu coração que eu deveria proteger, o meu coração que deveria pedir que ela prometesse nunca usa-lo. Contudo, se eu pudesse cuidaria de seu coração o unindo ao meu para sempre.

- Não usarei.

- Porque há muitos dias ele é todo seu.

Naquele momento ela acabava de tomar o meu coração para si, ele era todo seu  somente seu. Eu a abracei de volta. Não poderia solta-la quando o meu coração estava em suas mãos.

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora