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Hungria, 1945

Passei toda a tarde fugindo da Ilda e da srta. Esposito não querendo ser confrontado pelo meu subconsciência. Um dia seguindo passos similares destruí a vida de uma moça inocente e a minha própria, não estava disposta a destruir a dela também. Não quando sua historia lembrava a minha. Quando seu sofrimento poderia muito bem se mesclar ao meu em um.

Para que ambos não sofrêssemos ainda mais o afastamento era necessário. Contudo, quando mais tentei evita-la a tarde toda foi inevitável não encontra-la no jantar este o qual eu geralmente me encontrava sozinho em uma mesa imensa. Assim que me sentei percebi que ela estava muito perto, mais perto de mim do que a srta. Munteanu esteve um dia. 

Izzy Esposito estava sentada na cadeira do lado esquerdo da mesa com as mãos no colo. Seu desconforto era similar ao meu, pelo visto também fazia refeições sozinha. Ilda entrou fazendo-a sorrir.

– Se você quiser jantar sozinho eu posso ir jantar na cozinha como havia dito a sra. Ilda.

Olhei imediatamente negando. Nem Aimee Munteanu jantava comigo, mas eu senti que aquilo foi um dos meus primeiros erros e deveria repara-lo de agora em diante. Comer sozinho era triste e solitário. E Izzy parecia ser uma adorável companhia como foi no café da manhã.

– A senhora não irá conosco? – perguntou a Ilda que corou.

Um dia quando tinha oito anos fiz a mesma pergunta sugerindo em seguida ao meu pai que ela sentasse ao meu lado e jantasse conosco, claro que ele não permitiu e eu nunca mais sugeri decidindo ir ajuda-la na cozinha apenas para comer junto dela e do Andras.

– Ela, Albert e Andras podem se juntar a nós, não podem? – perguntou dessa vez para mim.

Um nó se formou na minha garganta e eu afastei as mãos da mesa. Foi a mesma pergunta, a mesma expressão e o mesmo tom de voz. Lhe dei um sorriso que não deveria ser nem a ultima reação que as pessoas esperavam de mim.

– Não só podem como devem. – atendi ao seu pedido ao meu próprio.

Ilda sempre ficava atrás da minha cadeira me esperando terminar quando eu era criança, na adolescência só voltava para tirar meu prato mesmos sendo a governanta. 

– Alteza.

Albert e Andras que traziam os talheres e taças pararam surpresos.

– Eu não sou e jamais serei o meu pai. Por favor, estou cansado de comer sozinho.

– Alteza. – Ilda murmurou, num suspiro de pesar e compaixão.

– Sentem-se. Albert peça para que outros tragam o jantar e se junte a nós com Andras.

Ele assentiu.

– Sente ao meu lado, por favor. – Izzy pediu a Ilda que ainda processava o que escutou.

– Vai ficar aí parada como uma estatua, Ilda?

– Sua peste. – rosnou para mim rindo.

A segui com o olhar até sentar-se ao lado da srta. Izzy com os olhos marejados. Meus próprios olhos estavam ficando marejados conforme todos se sentaram a mesa. Não era mais somente eu haviam mais quatro pessoas.

Uma mesa muito mais do que cheia para mim. Contente por ter realizado meu maior desejo de quando criança o qual eu deveria ter mantido após a morte de meu pai, me servi de vinho.

– Somente por hoje, entendeu? – Escutei Ilda falando a Izzy.

– Nem pense nisso! Estou de saco cheio de comer sozinho, se juntará a nós do café da manhã ao jantar. – repreendi, magoado.

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora