5|

168 20 5
                                    

Sentia-me em paz depois de jantares incontatáveis que tivemos desde sua partida. Ilda não choramingava empurrando a comida de um lado para o outro no prato, Albert havia se juntado a nós ao invés de ir comer sozinho na cozinha e Andras voltara a falar sem parar quando até ontem me esquecia de sua presença na mesa.

A tranquilidade aquecia meus ossos em caricias. Havia alegria outra vez, conversas, risadas e, principalmente, a voz de Izzy que capturava minha atenção continuamente. Ah, o jantar estava completo. Era obra sua aquilo, obra sua que eu não comesse mais sozinho, obra sua que eu já não estivesse mais só. Que existisse alguém para proteger e cuidar, alguém que pertencia a minha vida. 

Desde a infância existia uma grande barreira grossa que me isolava dos demais, mas Izzy Esposito a ultrapassou e, logo, não estava mais sozinho e vazio, ela era minha companhia.

Via os pássaros em seus ninhos, o casal de gansos, a galinha e seus filhos, as formigas e os peixes, todos andavam em pares e em bandos, quando criança nunca entendi o porque até Izzy atravessar a barreira e todos os dias me fazer companhia.

Ela estava na casa inteira, mesmo que eu estivesse no terceira andar eu podia sentir sua presença. Quando partir e voltei a ser aquele menino solitário, percebi que muitas pessoas poderiam entrar em nossa vidas e saírem na mesma facilidades, mas somente algumas fariam parte dela para sempre estas que conseguissem passar a barreira de cada pessoa como Izzy passou a minha.

– Izzy agora que o jantar foi servido poderia nos dizer o que aconteceu. O que fizeram com a senhorita. – Albert indagou.

Meus olhos procuraram avaliar sua expressão. Ela brincou com o purê de batatas antes de olha-lo.

– Eu fui levada para casa, não me pergunte por quem, só fui. E não, eu não queria retornar jamais quis depois que aqui vim parar. Mas não estava sobre o meu domínio escolher ou não.

Ocultava algo, talvez a parte de ter desaparecido sem deixar rastros, porém dizia a verdade.

– Porque não tentou voltar ou nos enviou uma carta? – insistiu.

– Não podia meu pai colocou minha madrasta para me vigiar, inocentemente, e ela sabia de cada passo meu. Se eu tossisse ela iria saber. Eu tentei retornar por meses, em vão. Ela descobriu que eu estava planejando algo e pensou que talvez estivesse querendo desmascara-la. Não demorou para que me ameaçasse eu fiquei furiosa, eu perdi o controle, não queria ter voltado para aquela vida horrível... – Ela se calou recordando do acontecimento. – Eu dissesse tudo o que estava preso por anos, ela enfincou as unhas nos meus braços e gritou comigo, foi quando consegui me desvencilhar e lhe atingi a face com um tapa.

Andras gargalhou orgulhoso. Fiquei em silencio, embora incomodado que aquela mulher tenha lhe feito mal novamente.

– Ela imediatamente contou ao meu pai que exigiu que eu me desculpasse. Logicamente neguei o que a levou a alegar que eu havia enlouquecido. Meu pai insistiu mais uma vez, eu neguei de novo. Então me enviaram para um hospital psiquiatra.

Ilda abandonou a taça de suco sobre a mesa forte o bastante para que o liquido laranja respingasse para fora. Olhamos todos para ela.

–  Aquela megera! E seu pai como pode manda-la para um lugar de loucos! 

– Acredite, Ilda, eu estava melhor lá do que na minha própria casa.

– Não lhe alimentaram, não foi?

– Me davam comida regularmente, mas muitos remédios que eu tinha que dar descarga. A comida não era boa, na verdade era pior do que a de uma prisão só que não era por esse motivo que eu não comia. 

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora