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Hungria, 1945

Aquela manhã eu havia a visto da janela do corredor brincando com o cachorro. Distraído não percebi Ilda se aproximar carregando uma pilha de lençóis. Estava pensando em como Izzy era um colírio para os olhos a ponto de eu acordar todos os dias e ir imediatamente na janela vê-la no jardim.

- Se você a ama, não a deixe ir, lute por ela, se possível, até a morte. - disse, me pegando de surpresa, na verdade me pegando no flagra. Virei-me com as mãos no peito.

- Me assustou. - Ela deu uma risadinha entrando no meu quarto.

Izzy se aproximou, meu coração batia forte havia acabado de lembrar o que aconteceu de manhã. Talvez Ilda tivesse razão. Quem sabe não era o momento de eu tentar descobrir o amor. Ah, o que está acontecendo comigo? pensei balançando a cabeça ao quase dizer o que não devia. Mordi o lábio contendo a vontade de falar o que vinha a mente.

Mesmo no dia em que estávamos conversando no ateliê e Ilda, que nos procurava, entrou encontrando-nos sentados  lado a lado em cadeiras. Izzy dormia com a cabeça em meu ombro, eu fiquei parado e acabei fechando os olhos. Mas escutei a porta abrindo e sinalizei com o dedo nos lábios para que Ilda fizesse silencio.

Com um sorriso ela encostou a porta. Eu passei longos minutos acariciando os cabelos dela, em silencio. Me sentia preenchido por um sentimento intenso, embora não estivesse doente eu tremia e que não estivesse com sono queria fechar os olhos e escutar a sua respiração.

- Não quero que brinque comigo ou me use como fez com as outras que se apaixonaram por você. Quero apenas que tente me amar, porque eu acabarei, certamente, amando você. - declarou pegando de surpresa.

Inesperadamente meu coração deu um salto como se fosse sair pela minha boca. Esqueci tudo o que vinha pensando e lembrando, e olhei no fundo de seus olhos que refletiam o céu acima de nós. Ela era linda. Meus batimentos se tornaram fortes e animados. Eu não sabia como reagir pela primeira vez na vida, fiquei paralisado.

Ela se aproximou eliminando por completo a distancia curta entre nos. Sua respiração alta atingiu meu queixo. O que ela estava fazendo?

- Me perdoe por isso, mas não posso mais evitar.

Num instante ela jogava os braços ao redor do meu pescoço e no outro seus lábios estavam contra os meus. Fechei os olhos retribuindo ao beijo. Seus lábios era macios e tinham o gosto de morango como também eram delicados e suaves como algodão. Segurei sua cintura beijando-a com intensidade.

Eu a queria, eu sonhava com aquela mulher desde o primeiro dia. Eu estava... Eu estava. Ela se afastou com as bochechas coradas. Meus lábios ainda quentes pelo beijo. Ela se distanciou e correu, fugiu apressada para dentro do castelo. Fiquei ali parado com tudo girando. 

Não conseguia definir que sentimento era aquele; qual sua origem ou porque de sua reação, mas era bom. Nunca senti algo tão doce e singelo, algo que me fizesse ter a certeza de alguma coisa esta que ainda não conseguia definir o que era, algo que alimentava minha alma e embreagava meu coração todas as vezes em que via Izzy Esposito.

Se era amor, então amar era viver, pois eu me sentia vivo cada vez que ela sorria e ainda mais vivo quando nossos olhares se cruzavam. Agora, ao beijar-me, fez com que eu sentisse que poderia viver para sempre ao seu lado, esse sentimento poderia nos tornar imortal apenas para estarmos um com o outro pela eternidade, porque o sentimento que eu sentia era uma chama sem fim.


Era lindo.

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora