23| Antepenultimo

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Todo o meu corpo gritava em alegria, parei de correr ao chegar na porta do quarto que era dos meus pais e onde minha mãe faleceu ao dar a luz a mim. Há quase uma década eu não entrava ali, contudo abri a porta agitado. Faziam cinco desde  me declarei, dias em que não podia vê-la sem ficar corado e ansioso. 

Eu procurava sua presença a todo o momento e quando não conseguia se conter a beijava quando estavamos sozinhos. Mas um dia Andras nos pegou e saiu assobiando. E ontem a noite após termos dormido sentados no banco embaixo do pé de pêssego depois de termos comido os primeiros frutos, senti aquela manhã que o dia havia chegado.

Entrei encontrando o quarto parado no tempo, apenas arrumado como se ela fosse entrar a qualquer momento, ir ao closet e depois se deitar na cama com lençõis impecaveis. Eu pedi que deixassem sempre a cortina aberta, porque era o único lugar onde eu podia encontrar a minha mãe; suas roupas, suas joias, seus gosto e perfumes, o seu cheiro ainda pairando no comodo mesmo após tantos anos.

Caminhei até o closet abrindo seu porta joias de madeira. Tudo aquilo era o único jeito que encontrei para conhecê-la. Havia um cobertor de bebê que ela decidiu borbar a mão com as inicial M. Ilda me contou que minha mãe pensou em dois nomes Melinda se fosse menina e Mitchell se fosse menino. O coberto permanecia dobrado encima dos que pertenciam a ela.

Se tivesse um filho ou uma filha cuja a inicial fosse M, gostaria de usar o cobertor. Ficaria muito feliz se Izzy compartilhasse disso comigo, principalemente que fosse a mãe de meus filhos e minha esposa. Dentro de um dos compartimentos do porta joias estava um anel de minha mãe que ela ganhou da avó ao completar 15 anos, era o anel preferido dela.

Ele me lembrava de Izzy; delicado, brilhante, único e especial. A pedra do anel era rosa circulada por pequeninas pedrinhas de diamante, o corpo do anel era de prata e o tamanho perfeito para minha amada Izzy. Era como um pessegueiro somente seu. Tirei do bolso a caixinha de vidro que pedi ao joalheiro da familia que me fizesse dois dias atrás e coloquei o anel sobre as flores de pêssego que restaram na arvore, em seguida a guardando no bolso da calça.

Depois sai trancando a porta e descendo para o primeiro andar onde me esperavam. Era o tão esperado dia do festival onde eu declararia o meu amor na frente de todos e para todos ouvirem. Na escada avistei Izzy ajudando Ilda com algum enfeito solto no cabelo, ao me verem sorriram radiante. Todos estavam vestidos para o festival até Albert. Mordi a parte interna da minha bochecha par não rir ao recorda de que Ilda nos impediu de ficarmos sozinhos no mesmo quarto e de como Albert riu da minha reação ao dizer que só iriamos dormir e me aconselhou a obedecê-la.

Fiquei um pouco irritado, mas tive paciencia pois eu sabia que faltava pouco para tê-la ao meu lado por toda a minha vida.

- Estão todos prontos? - perguntei.

- Andras está esperando no carro. - Izzy respondeu não se aproximando por causa dos pais.

Os documentos dela haviam chegado e Izzy era, agora e sempre seria para o governo, Izzy Eisen filha de Albert e Ilda Einsen e irmã mais nova de Andras Eisen. Lembrei-me da emoção dela quando os documentos chegaram e tiveram que assina-los, de como tudo pareceu ter se encaixado, da sensação estranha que sentia quando ela foi declarada "Izzy Eisen". Uma sensação familiar, como se aquele nome sempre tivesse sido dela.

- Filha vá na frente e diga a Andras que já estamos indo.

- E você? - Ela olhou para mim.

- Vou ajeitar a grava do principe, filha, vá indo que ele não demora.

- Tudo bem.

Andras iria conosco e os pais em outro carro.  Tive que insistir muito para conseguir que Izzy fosse comigo pelo que podia se ver conseguia, entretanto tinhamos que levar o irmão junto. Ilda pareceu esperar que Izzy sumisse no caminho que levava aos carros para se aroximar de mim, pela janela eu ainda conseguia ver o vestido azul dela.

Discovered - Destinados a se amarOnde histórias criam vida. Descubra agora