IZZY
A primeira coisa que notei ao entrar na sala de chá foi a mesa posta. Haviam diversas guloseimas e variados aperitivos. Sem contar o cheiro de leite morno misturado ao de geleia de frutas vermelhas.
Meu estomago roncou no mesmo momento em que meu coração deu um salto. Mitchell estava com os lábios puxados de lado em um sorriso de tirar o folego. Não demorou para que meus olhos focassem neles e apenas neles.
Senti o calor de seus olhos sobre mim, o sorriso se abrindo revelando seus dentes brancos. O mundo ficava parado, totalmente preso quando minha atenção se perdia nele.
Nada se mexia ou se movia além de nossos peitos subindo e descendo conforme nossas respiração se transformavam no único som audível. O tum...tum... tummmmm se intensificava mesclando-se as respirações que saiam de nossos lábios entreabertos.
Nossas vidas formavam uma melodia, nossos corpos paralisados eram instrumentos sinfônicos que imitiam melodias próprias que eram misturadas como leite e café virando uma musica única e que somente nós dois poderíamos ouvir.
Até alguém quebrar o encanto e a melodia ruir num estrondo como vidro se explodindo e se desfazendo. Balancei a cabeça tombando o corpo de lado para ver quem entrava em passos fortes o bastante para nos despertar do que poderia me levar a um lugar mais profundo de onde Mitchell havia se escondido dentro de si.
Eu estava na bolha agora só precisava encontra-lo.
- Ham...Hamm. - Albert raspou a garganta enquanto Andras tentava bisbilhotar por cima do ombro dele.
Mitchell tossiu levando a mão fechada boca. Tive mais um vislumbre daquele sorriso que me roubou o folego.
- Hora errada? - Andras alfinetou entrando com uma jarra de suco de laranja. Ele piscou para mim diferente de Albert que parecia contrariado. - A mama acordou. Disse que vai trocar de roupa e já desce.
Mama, sorri.
- Mama? - Mitchell o olhou com as sobrancelhas unidas em um v de "pode explicar?".
- Ah, minha irmanzinha não lhe contou, alteza?
Ele desviou o olhar para mim. Engasguei tentando fugir de suas íris vibrantes como um mar iluminado pelo sol me convidando a entrar nele.
- Minha mãe pediu que Izzy a chamasse de mãe. Agora somos irmãos.
Porque seus olhos queimavam mais que o calor do sol no deserto?
- Oh, que interessante.
- Pelo visto todos adotaram-lhe, não foi? - Albert levou a mão grande e levemente pintadas de manchinhas marrons da idade.
Albert tinha um pouco mais de cinquenta anos, era alto de pernas compridas e ombros retos, tinha cabelos brancos como lã penteados de lado. Sempre usava um terno seja qual fosse a ocasião, era raro o ver com roupas informais como a que seu príncipe usava naquele momento.
Era um senhor de expressão debochada e divertida com olhos escuros. Andras era um pouco mais baixo que ele, cabelos loiros bagunçados e sempre com um sorriso na boca. Já Ilda possuía a estatura de estatua de jardim cujo corpo corpulento era seu maior gracejo, embora tive o semplante de uma pessoa séria e má era tão fofa e doce quando algodão-doce.
Ela tinha a pele mais morena e também estava na casa dos cinquenta, mas parecia um mulher de quarenta e poucos anos com bochechas rosadas e cabelos escuros com raizes brancas enrolados e geralmente presos em um coque com renda.
Já eu me encontrava entre a cor dos olhos do Andras, a altura de Ilda e a postura de Albert.
- Ao que parece sim. - falei, dando um risinho envergonhado.
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Discovered - Destinados a se amar
RomanceMitchell Lazar um homem não muito querido por aqueles que o conhecem, poderia inusitadamente, ter seu duro e calculista coração sido roubado. Roubado por uma mulher que lhe fez companhia por tão poucos dias e, mesmo assim, não sai de seus pensamento...