Capitulo 4 - Ashton

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ASHTON POV

#FLASHBACK ON *5 years ago*

O mar é tão bonito. Não percebo porque é que não posso ficar sentado na praia a ver as ondas a rebentar e a ouvir o som da água a embater nas rochas.

Podia ficar ali para sempre sem me fartar. Só a ver. E a ver. E a deixar-me levar pelo conjunto de sensações maravilhosas que o mar me proporcionava.

Pensava nisto enquanto olhava pela janela da nossa casinha. Uma casinha pequena, numa aldeia pequena e sossegada onde vivia com os meus pais, perto da praia.

Eles nunca me deixavam ficar na rua até tarde e eu odiava isso. Á noite era quando o mar ficava mais bonito, a água a refletir o luar e o silêncio apenas quebrado pelo som da água. Tinha 15 anos, já não era nenhum bebé! No entanto os meus pais tratavam-me como se ainda fosse o rapazinho pequenino que eles viam sempre que olhavam para mim.

Suspirei.

- Ash, vai dormir, já é tarde. – chamava a minha mãe.

- Ainda nem é meia-noite. – protestei.

- Tu precisas de descansar. – o seu tom autoritário e ao mesmo tempo doce era definitivo. Afastei-me da janela de onde podia ver o mar. Pensei ter visto um borrão preto mesmo lá no fundo mas associei-o á baixa luminosidade.

- Até amanhã. – murmurei.

Pode parecer estranho, mas eu falava para ele vezes e vezes sem conta. Não tinha amigos, exceto o mar. Sentia-me atraído por tudo o que fazia desde as bolhinhas da rebentação das ondas aos salpicos na areia e na minha cara.

*

- Ash!!

O grito do meu pai acordou-me. O meu pai trabalhava de noite a limpar e consertar barcos, só era suposto voltar de manhã. Ele entrou de rompante no meu quarto e suspirou de alivio ao ver-me na cama.

- Pai! O que se passa? – perguntei ao ouvir movimento lá fora e múltiplas vozes desesperadas. Levantei-me.

- Não Ash, não saias daqui. – ele parecia perdido. Olhou em volta.

- Esconde-te dentro do armário Ash. – ordenou o meu pai.

- Porquê? O que é que se passa? Onde está a mãe? – disparei as perguntas. Não obtive resposta nenhuma. O barulho exterior ganhava intensidade e um som ensurdecedor preencheu-me os ouvidos. Parecia…Um tiro de canhão!

O meu pai não perdeu mais tempo, puxou-me por um braço e quase me atirou para dentro do armário.

The Pirate Ship || h.s ||Where stories live. Discover now