E se fosse Verdade?

Capítulo Dez

Entrei no carro um tanto desesperada,e depois de três tentativas finalmente consegui enfiar a chave na ignição. Mas antes de dar a partida,a última pessoa que queria ver nesse momento aparece.

_ Então é assim?...,nos dormimos juntos, e você iria embora sem sequer me dar um oi!..., muito consideração da sua parte senhorita Helena! _ Pedro aparece na janela,com seu sorriso de lado impregnado o local com seu perfume.

Sinto um frio se espalhar no meu estômago,como se milhões de borboletas estivessem fazendo um desfile de escola de samba lá dentro. Enquanto meu coração, parecia que sairia a qualquer momento pela minha boca, e cairia aos seus pés.E se isso não significava que eu estava perdidamente apaixonada por ele, eu não sei oque seria.E chegando à essa conclusão, eu senti uma vontade imensa de chorar,pois sabia que eu estava novamente predestinada a ter meu coração estraçalhado.

_ Eu achei que você...., estivesse muito ocupado! _ Engulo em seco finalmente olhando para ele, tentando evitar que as lágrimas caíssem.

_ Você está chorando, Helena? _ Pedro indaga, parecendo preocupado.

_ Não!... só um cisco que caiu no meu olho!

_ Deve ter sido um cisco do tamanho de um touro..., para te deixar neste estado! _ Ele afirma me fazendo rir. _ Vem, desce do carro!..., você está sendo intimada para almoçar comigo! _ Pedro abre a porta do carro ,me fazendo descer.

_ E qual é o motivo especial para esse convite,... por acaso Valéria está na fazenda outra vez? _ Pergunta, torcendo para que não seja isso. Não sei se serei capaz ,de me passar pela namorada falsa hoje.

_ É claro que não!...,eu não vejo Valéria dês da semana passada!...,e estou te convidando, pois já estou cansado de almoçar sozinho aos domingos, já que Zeca e Elisa não se desgrudam mais,e eu não estou afim de bancar vela. _ Ele argumenta,e eu continuo em silêncio pensando se será uma boa ideia ficar sozinha com ele.

_Vamos Helena!..., não seja uma amiga má!...,eu juro que te ajudo a preparar o almoço!.

_ Então eu terei que cozinhar?_Digo  levantando uma sobrancelha.

_ O que eu posso fazer...., se você faz o melhor bife acebolado e macarronada da região! _ Ele comenta com aquele seu olhar de menino inocente.

_ Tudo bem!...,mas a louça e com você! _Digo lhe arrancado um sorriso.

Meia hora mais tarde, lá estou na cozinha da sedia tentando me concentrar no preparo do almoço. O que está sendo uma tarefa muito difícil, com Pedro beliscando tudo antes mesmo de estar pronto e reclamando que está morrendo de fome. Então, para que ele possa me deixar em paz, faço ele contar as cebolas. E quase morro de rir, quando vejo ele se esforçar para não chorar enquanto as corta.

E de repente me dou conta, de como parecíamos um casal naquele momento. E começo a imaginar, como seria se tudo fosse verdade, se fôssemos mesmo namorados. Se num futuro próximo estivéssemos casados, e como seria maravilhoso ver nossos filhos correndo pela fazenda. Com toda certeza eu seria a pessoa mais feliz do mundo.

Elisa tem toda razão! As vezes a pessoa certa,o grande amor da sua vida, está mais perto que você imagina. Pedro sempre esteve ao meu lado,somente agora que ele ama outra pessoa, eu fui capaz de perceber isso.

_ O que foi Helena?..., você está com os olhos marejados novamente! _ Pedro pergunta, me despertando dos meus pensamentos.

_ Essa cebola que você está cortando, é tão forte que também está me fazendo lacrimejar!

_ Tá bom!...,vou fingir que acredito! _ Ele diz me olhando desconfiado. Eu ignoro oque ele disse,e continuo preparando o almoço.

O bom de cozinhar para Pedro, e vê -lo comer com gosto tudo que preparei, enquanto diz que sou a melhor cozinheira do mundo. E se eu talvez nunca chegue à ter seu amor um dia, pelo menos esses pequenos momentos juntos ninguém poderá tirar de mim.

_ Eu odeio lavar louça!..., você é uma pessoa muito má Helena, por me deixar fazer isso sozinho, enquanto você fica aí se empanturando de sorvete! _Pedro reclamava pela décima vez por ter que lavar a louça sozinho.

_ Deixa de ser chorão Pedro!...,este foi o combinado!.

_ Chorão é!..., você vai ver quem é o chorão Maria Helena! _ Ele diz jogando água da esponja em mim, enquanto eu corro para sala tentando me livrar de ser molhada.

Corro em volta do sofá tentando me livrar de Pedro, mas ele é mas rápido e me segura pela cintura molhando todo meu rosto com aquela esponja cheia de sabão.

Consigo pegar a esponja de sua mão,  e também molho seu rosto com ele caindo na gargalhada como se fosse um moleque de dez anos que adora bagunça. Mas nossa festa acaba quando ouvimos o barulho da porta da frente se abrindo.

_ Me desculpa entrar assim...,eu chamei várias vezes,e ninguém atendeu! _ Valéria diz aparecendo de repente como um pesadelo em nossa frente.

_ Tudo bem!..., você precisa de alguma coisa? _ Pedro pergunta com a expressão séria, ainda segurando minha cintura.

_ Eu pensei em calvagar, já que o dia está tão lindo hoje! _ Ela diz com a maior cara de pau, praticamente se jogando em cima dele, e isso me deixa irritada.

_ Sinto muito, mais hoje estou de folga!...,mas você pode procurar qualquer outro peão nos estábulos, que eles irão te fazer companhia! Pedro diz me deixando surpresa.

_ É claro!...,eu vou até o estábulos procurar alguém que queira calvagar comigo! _ Valéria afirma com cara de poucos amigos, me fuzilando com os olhos.

_   Você poderia ter ido com ela..., com todo certeza ela veio aqui, apenas para isso! _ Digo, assim que Valéria sai da sala.

_ É, poderia!...,mas eu não quis! , estou bem melhor aqui com você!_  Ele me olha com aquele seu jeito maroto, fazendo meu estômago gelar novamente.
_ Aonde nos estávamos mesmo? _Pedro pergunta tomando a esponja de mim, enquanto eu me desvencilho dele e volta a correr pela sala.

E posso afirmar sem sombra de dúvidas, que este foi o melhor domingo que já tive, em toda minha vida!
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