Capítulo Trinta Três

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Eu olhava pela janela do meu quarto a cidade acordando, assim como fazia à alguns meses atrás. Tudo parecia não ter mudado, o cantar dos pássaros, o cheiro de pão vindo da padaria ,estava tudo como antes, a não ser por mim. Eu não era a mesma pessoa, eu mudei de tal maneira que às vezes eu não me reconheço.

Talvez o fato de estar grávida tenho me feito amadurecer, me fez ter coragem para encarar a vida . O fim do meu relacionamento com Pedro foi um grande golpe, não perdi apenas o cara que eu amava, mas também meu grande amigo do qual sinto tanta falta.  Mas invés de ficar pelos cantos chorando, eu estou tocando minha vida em frente e de cabeça erguida sem me importar com  nada,nem com as inúmeras fofocas da vizinhança. Pena que minha mãe não consegui ignora - las também, e quase todo dia arruma confusão com algum vizinho que falou mal de mim. Na verdade o que realmente importa,  é que  estamos nos entendendo e que apesar de tudo que aconteceu ela está do meu lado me apoiando.

Estarei mentindo se dissesse que não sinto mais nada por Pedro, e que as vezes bate uma saudade insuportável dele.Porem estou tentando afogar essa saudade me dedicando ao trabalho na loja e  cuidando do minha gravidez, pois sei que minha estória com Pedro nunca dará certo, ainda mais agora que desconfio que sua mãe o convenceu que ele não é o pai do meu filho. Já que Pedro desapareceu, e se quer ligou ou mandou uma mensagem para saber como eu o bebê estamos.E isso sim me entristece, pois meu filho crescerá sem a presença do seu pai, e será rejeitado pela sua própria família.

_ Bom dia! _ Digo assim que entro na loja, cumprimentando meu pai e minha mãe com um beijo.

_ Bom dia Helena!...., você não tinha que ir a clínica para fazer seu exame de ultrassom agora de manhã?_ Minha mãe pergunta, com toda certeza mais ansiosa do que eu para enfim saber o sexo do seu neto.

_ Ainda falta meia hora dona Magnólia!...E estou esperando Elisa para ir comigo!.

_ Se não fosse todos os afazeres aqui na loja eu iria com você! _ Minha mãe reclama a mesma coisa pela décima vez.

_ Nem pensar!...,e melhor Elisa ir com Helena, pois provavelmente você arrumaria briga com a médica na hora do exame! _ Meu pai comenta, fazendo minha mãe o fuzilar com os olhos e eu cair na gargalhada.

Mas a verdade é que meu pai tinha razão, dona Magnólia tem mesmo o pavil curto, tanto que só esse comentário do meu pai foi suficiente para acarretar uma discussão entre os dois. Meu pai saiu de fininho para o depósito enquanto minha mãe continuava a reclamar atrás dele, enquanto eu fui abrir a loja me divertindo com a confusão daqueles dois.

Abro a primeira porta e acabo dando de cara com uma camionete  parada na frente da loja, ao lado dele está Pedro me deixando surpresa. E vê-lo ali parado me encarando com aqueles olhos castanhos, fez meu estômago gelar e meu coração bater como da primeira vez que percebi que estava apaixonada. Ele estava diferente, mais magro , com a barba e cabelo maiores e tinha uma expressão cansada. Elisa havia me dito que ele andava sumido, que tinha se isolado de todos e que raramente ò via, e que evitava até mesmo conversar com Zeca, e isso estava deixando todos preocupados.

_ Oi! _ Pedro diz, quebrando o silêncio entre nós e dando alguns passos na minha direção.

_ Oi!..., é uma grande surpresa vê-lo por aqui!..., você andava sumido! _ Digo, tentando manter a calma e não transparecer que sua presença tinha me afetado .

_ É,...Eu precisava por minha cabeça em ordem!..., mas hoje de manhã eu estava conferindo alguns emails, e então meu celular começou a tocar por causa de um lembrete..., então lá estava escrito que hoje você iria fazer o exame de ultrassom para saber o sexo do bebê!..., então aqui estou! Pois eu não perderia isso por nada nesse mundo! _ Ele afirma me deixando surpresa, pois eu tinha quase certeza que ele não acreditava mais que era o pai do meu filho.

_ É claro!..., Elisa iria comigo..., Mas acho mais do que justo, você ir já que é o pai!....,eu só vou mandar uma mensagem para ela avisando! _ Digo indo até o balcão pegar meu celular e começando a digitar uma mensagem para Elisa.

Enquanto isso Pedro vem atrás de mim, e fica encarando minha barriga por alguns segundos depois da um sorriso de lado.

_ Sua barriga cresceu bastante!...o bebê já deve estar mexendo muito! _ Pedro comenta me tocando, e eu no impulso acabo me afastando dele.

_ Me desculpa!...Eu só queria sentir o bebê! _ Ele diz parecendo magoado.

_ Está tudo bem! Eu só fui pega de surpresa!...,mas o bebê já começou a se mexer, na verdade apenas eu consigo perceber, já que é apenas pequenos movimentos! _ Afirmo tentando amenizar o clima ruim. Já que nos dois parecíamos mais dois estranhos, e não aqueles que já foram grandes amigos dês da infância.

Por isso é que pego sua mão e coloco sobre minha barriga, pois não queria que ele pensasse que eu  ainda estava magoada. Ao contrário disso, eu estava feliz por ele ter finalmente aparecido e por ainda acreditar que meu bebê é seu filho.

Pedro toca minha barriga com receio, como se tivesse medo de que isso fosse nos machucar. E como algo inexplicável, o bebê mexe neste exato momento, um pouco mais forte do que das outras vezes , como se estivesse reconhecendo que seu pai estava ali.

_ Eu sinti!...,ele mexeu ou foi minha imaginação? _ Pedro indaga com os olhos marejados.

_ Não é sua imaginação!...., ele realmente mexeu bem forte do que das outras vezes...., acho que ele estava com saudade do seu pai! _ Digo também emocionada.

_ Eu também estava com saudade dele!...,e de você!....,mas prometo de não vou mais me afastar de vocês dois!.

_ Eu espero que sim, Pedro!... pois mesmo que não estejamos mais juntos, eu não quero que você fique longe do nosso filho, ele precisa de você!... preciso do pai por perto! _Digo sendo sincera.

Pedro me olha por alguns segundos e então sem ao menos esperar ele me abraça. Aquele abraço é reconfortante e também doloroso, pois eu estava com saudades do meu melhor amigo, mas também era difícil não me lembrar das muitas vezes que adormeci deitada ali.
Não lembrar dos beijos e das inúmeras palavras bonitas que ele me dizia, e não ficar imaginando que agora era para estarmos casados.
E que talvez poderíamos ter sido felizes, se ele realmente me amasse!
           "🌷💔🐎"

E se fosse Verdade?Onde histórias criam vida. Descubra agora