E se fosse Verdade?

Capítulo Trinta Oito

Eu estava fazendo alguns pedidos para a loja quando vi Pedro entrar pelo porta da frente, e senti meu coração disparar. Só fazia duas horas que ele havia saído e já estava com saudades. Mas meu sorriso desapareceu assim que olhei para seu rosto, ele tinha uma expressão séria e aquele finco entre as sobrancelhas estava evidente, indicando que alguma coisa deveria ter ò deixado preocupado.

_ Aconteceu alguma coisa?_ Indago, assim que ele chega aonde estou.

_ Realmente é difícil esconder algo de você! _ Pedro dá um sorriso fraco.

_ Isso é uma das vantagens de te conhecer tão bem, sei identificar cada expressão do seu rosto!...., então? o que aconteceu para esse finco horrível aparecer! _ Toca entre suas sombrancelhas.

_ Minha mãe, apareceu na fazenda hoje ,acompanhada de Valéria, estava furiosa por saber que nos tínhamos casado!

_ Posso até imaginar como ela estava feliz com isso!

_ É, com certeza ela não estava feliz!....,e como sempre tentou impor sua vontade sobre mim,..... teve a capacidade de me tirar a administração da fazenda, minha parte na sociedade do frigorífico e ainda disse que não herdarei um vintém quando ela morrer, ..... porque eu recusei de me divorciar de você! _ Pedro relata me deixando pasma diante da atitude da sua mãe.

Não fico surpresa com sua recusa, pois conheço bem o caráter de Pedro. Mas me sinto culpada por ele ter que se afastar da fazenda, o lugar aonde eu sei que ele ama, aonde ele conviveu com seu avô. A pessoa que Pedro mais admirava nesta vida.

_ Hei! nem pense em ficar se culpando por isso! _ Pedro diz, já que eu fiquei em silêncio sem conseguir olhar para ele.

_ Você adora aquele lugar, a fazenda é a única lembrança que você tinha do seu avô! _ Digo já não contendo as lágrimas.

_ A maior lembrança que tenho do meu avô, e os ensinamentos que ele deixou pra mim!..., ele sempre disse para que eu fosse uma pessoa de bem, para seguir meu coração!...E com toda certeza ele deve estar feliz por eu estar agindo desta maneira. Eu não me importo com sociedade,em ser herdeiro de uma fortuna!...., pois eu já possuo o maior tesouro do mundo!....,e é você e minha filha! _ Ele afirma segurando meu rosto e fazendo ò encarar.

_ Eu..., ti amo muito, cowboy! _ Sorrio para ele, e depois o abraço com força. Me sentindo a pessoa mais sortudo desse mundo, por ter uma pessoa como Pedro do meu lado.

*****

Tudo estava mais tranquilo agora, apesar de Pedro não poder mais trabalhar na fazenda e termos que morar com meus pais. E neste momento eles tem sido nosso grande apoio, já que meu pai assim que soube que Pedro estava desempregado, lhe chamou para trabalhar com ele, o auxiliando nos atendimentos das fazendas da região e também trabalhando no loja agropecuária.E fico muito agradecido por ter pais como Dona Magnólia e doutor João Miguel.

Depois de um dia cheio na loja, eu e Pedro, Zeca e Elisa estávamos indo até a lanchonete do Tião, para relembrar os velhos tempos de nossa adolescência. E também porque eu estava morrendo de vontade de comer uma porção de frango frito com suco de abacaxi. Pois mesmo com oito meses de gravidez, eu ainda tinha desejos inusitados, e as vezes quase deixava Pedro maluco para conseguir.

_ Será que vocês podem andar mais rápido, eu e Aninha estamos doidas para devorar aquela delicioso porção de frango! _ Digo arrancando risos de todos.

_ Se você continuar comendo assim Helena ,ficará parecendo um hipopótamo até o fim da gravidez! _ Elisa provoca.

_ Rá! rá! rá!...estou morrendo de rir! _ Digo me distanciando deles e começando a atravessar a rua.

Neste momento escuto um ronco forte do motor de um carro, e a luz forte do farol a me cegar. Não consigo esboçar nenhuma reação, só escuto Pedro gritar meu nome e depois sinto alguém me empurrando para o lado. Caio sentada no chão, sinto as palmas da minha mão arderem com o impacto no asfalto. Escuto o barulho forte do carro freando e de vidro se quebrando. Vejo uma chuva de estilhaços de vidros caindo a minha frente e em seguida Pedro cai desacordado e com o rosto sangrando na minha frente.

Tudo parece como um sonho, demoro alguns segundos para cair em mim, e perceber que aquilo era real. Me levanto e vou até aonde ele está, ajoelho ao seu lado sem me importar com os cacos de vidro no chão.

_ Pedro!!!..., fala comigo, por favor! _ Digo sentindo minha garganta ardem e as lágrimas escorrem , e toco seu rosto ensanguentada. Mas ele não esboça nenhuma reação, fica lá parado como se estivesse,.... morto.

_ Ele... morreu? _ Pergunta para Zeca que neste momento também chega aonde estamos.

_ Não!...Ele está respirando, deve ter desmaiado por causa da pancada! _ Zeca afirma depois de escutar seu coração, e me deixando aliviada.

_ E melhor não mexer nele, eu já estou chamando o socorro! _  Elisa  avisa.

De repente escutamos um grito vindo de dentro do carro, e a pessoa que estava dirigindo desce  mostrando assim seu rosto. E não consigo acreditar quando vejo Valéria em prantos encarando Pedro caído no chão.

_ Não era pra ser você! _ Ela diz soluçando dando alguns passos em nosso direção.

No momento de fúria me levanto e vou em sua direção, não perco tempo e dou lhe um tapa bem forte no seu rosto fazendo com que a palma da minha mão doa já que estava machucada. Valéria me olhar assustada tocando seu rosto,que ficou manchado com o sangue de Pedro que estava em minha mão.

_ Você é um monstro! _ Grito,  enquanto Elisa me segurar, me afastando de perto dela.

_ Eu não queria fazer isso com ele!... era você que eu queria acertar!... você, é essa criança, que tiraram Pedro de mim!...se vocês duas não existissem, ele voltaria pra mim! _ Ela diz parecendo fora de si. Oque me surpreende, pois Valéria sempre foi uma pessoa tão sensata, nunca imaginei que poderia chegar a esse ponto.Agora ela parece uma maluca, para chegar ao ponto de querer atentar contra minha vida.

O barulho da cirene anuncia que o socorro estava chegando, eu fico grato por isso. Me desvencilho de Elisa e volta a me ajoelhar perto de Pedro. Ele está pálido, e continua desacordado, e eu rezo para que ele fique bem. Pois minha vida estará acabada se por acaso o pior acontecer com Pedro. Os socorristas chegam e tenho que me afastar de Pedro, em poucos segundos ele está na ambulância a caminho do hospital. Vou com ele, já que também precisei ser atendida por causa dos ferimentos em minhas mãos e pelo meu estado.
 
Quando chegamos no hospital, eles  ò levam para dentro, mas infelizmente não posso acompanha -lo. Sinto meu mundo desmoronar, e meu coração se quebrar naquele momento. Elisa me abraça forte tentando me consolar,  mas o único coisa que fará isso ,e ver aquele sorriso maroto no rosto de Pedro novamente.

Então me lembro no que ele disse para meu pai no dia do nosso casamento, que cuidaria de mim até mesmo  com sua própria vida. E foi o que ele fez, Pedro deu sua vida pela à minha e de sua filha!

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