III - Lembranças de Uma Chaga Insuperável

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I.

Eu te amei, posso dizer.

Muito te amei, e como amei.

Ainda amo; não negarei.


Você nunca percebeu,

Imagino eu, tamanho amor.

Claro, sentimento enfadonho,

Insondável à versos e chocolates.


Tu bem sabes, que este

Poema é para você. Claro,

Como poderia não ser?

E qual poema não é para você?

Tanto escrevi pensando em ti.


Cada Inês, cada musa e cada Vênus,

Eram reflexos, paixões substituíveis,

Tentativas (falhas) de te esquecer.

Mas nunca o fiz, e como poderia?

Se o único amor verdadeiro era

Aquele que sentia por ti.


II.

Uma pena foi, meu amor,

Que tua frieza pisou em mim.

Estraçalhou os nobres sentimentos,

Assassinou o romantismo, tal como

Assassinou o poeta ingênuo.

Desde então, toda rima foi para ti.

Toda dor foi por ti,

Todo amor foi pensando em ti.


Ainda assim, em dor, em lágrimas,

Aos recônditos e secretos prantos,

Eu ainda corro atrás de você,

Eu ainda morro por você,

Eu ainda te amo.


Tu não sabes a dor que é

Tentar esquecer-te. Claro.

Pois amar-te me corrói,

E esquecer-te me machuca.


E isso, tudo isso;

Toda dor, angústia e penar,

Todo sofrimento, mal-do-século,

Todas os pensamentos suicidas,

Tudo isso não teria acontecido,

Se você, Meu Amor,

Tivesse aceitado meu amor.


III.

E ainda que, não aceitasse

Meu amor, poderia muito bem

Ter admirado-o, ter entendido-o.


Mas tu não o fizeste,

Apenas ignorou tamanho sentimento.

Tamanho amor tornou-se vão,

Senti-me triste e em sofrimento.


Te amei como nenhum outro amou,

Te escrevi como nenhum outro representou,

E ainda assim nunca fui nada para ti!


Diga-me, Mefisto da Paixão,

O que é o amor para você?

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora