II - Cantos à Imagem da Inês

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A Inês é, para o poeta,

Para o escritor ou o amante:

A sacra beleza eterna,

E também um amor distante!


Ela é um solene devaneio,

Uma chaga no pranto seio;

Prosopopeia da paixão,

Talvez um secreto receio,

Um canto no coração. Ela é,

Apenas, candura e mansidão.


Ela é um amor passageiro,

E para sempre passageiro!

Que dura minutos eternos.

Eternos minutos tenros!


Em segundos ela pode ser

Como Carlota foi a Werther,

Como Beatriz foi a Dante.

E n'um segundo errante,

Como Vênus foi a Marte.

Como a ventura que foi amar-te!


Ela é qualquer amor,

Ela é qualquer paixão,

Ela está em teu louvável palor. E também

Nos arroubos de uma canção!


Ela está na saudade,

Ela está na companhia.

Ela é um amor de verdade,

E também uma ilusão minha!


Ela está no amor,

E também no amar.

Ela é tudo, digo enfim;

Ela é tudo. Tudo para mim!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora