A Inês é, para o poeta,
Para o escritor ou o amante:
A sacra beleza eterna,
E também um amor distante!
Ela é um solene devaneio,
Uma chaga no pranto seio;
Prosopopeia da paixão,
Talvez um secreto receio,
Um canto no coração. Ela é,
Apenas, candura e mansidão.
Ela é um amor passageiro,
E para sempre passageiro!
Que dura minutos eternos.
Eternos minutos tenros!
Em segundos ela pode ser
Como Carlota foi a Werther,
Como Beatriz foi a Dante.
E n'um segundo errante,
Como Vênus foi a Marte.
Como a ventura que foi amar-te!
Ela é qualquer amor,
Ela é qualquer paixão,
Ela está em teu louvável palor. E também
Nos arroubos de uma canção!
Ela está na saudade,
Ela está na companhia.
Ela é um amor de verdade,
E também uma ilusão minha!
Ela está no amor,
E também no amar.
Ela é tudo, digo enfim;
Ela é tudo. Tudo para mim!
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Um Jardim no Inferno - Antologia Poética
Poesia"Onde se plantaram tantas flores do mal nasce um Jardim, e onde se vivencia o torpor máximo do sofrimento se encontra o Inferno. Dito isso, o que é o Jardim no Inferno senão uma antologia de sofrimentos?". Trecho retirado do prefácio do livro. Insp...