Que monstro medonho esse que me seta,
D'um olhar tão negro quanto a treva.
A pele moura, típica do ímpio pagão,
Os lábios secos, mortos em putrefação;
As narinas animálias d'uma tartaruga,
O monstro me observa na penumbra!
Ah! Que horror este semblante moreno,
Essas mãos calejadas de tinta e pena.
Tudo o que é feio, perto, torna-se pequeno;
Pois esse horror à minha vista condena!
Elegiado em arroubos alá Orfeu;
A morte para o monstro seria sublime troféu!
Ele é febril, monstro taquicardíaco.
É louco, psicótico, hipocondríaco;
Um retrato perfeito da degeneração do homem,
Maldição infinda à vista de outrem.
Ele é doente, louco esquizofrênico.
Ele vive, mas preferiria não ser ninguém!
Das mitologias seria o próprio arcaide.
Dicotômico, homicida e bipolar, um Mr. Hyde!
Para a Abominação a morte é um sufrágio.
Para que parem de bater os relógios,
O monstro quer dormir em necrológios,
E da morte ser seu próprio presságio!
Espere! Apagou-se o meu centelho!
Na penumbra luminosa da face de vidro,
Percebo agora que isso é um espelho...
Da antepaixão ao pranto aspiro...
Esse monstro, socorro! Parece comigo!
Ah! Queria que fosse um pesadelo meu!
Esse monstro... Socorro! Sou eu!
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Um Jardim no Inferno - Antologia Poética
Poesia"Onde se plantaram tantas flores do mal nasce um Jardim, e onde se vivencia o torpor máximo do sofrimento se encontra o Inferno. Dito isso, o que é o Jardim no Inferno senão uma antologia de sofrimentos?". Trecho retirado do prefácio do livro. Insp...