VI - Elegia da Beleza

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Ah! Malditos sejam!

Estes tiranos da beleza,

Mercadores do monopólio do belo!

Vos odeio! Digo com clareza;

Por eles não guardo alheio esmero!

Que morram! - Eu espero -

Apodreçam no sepulcro de Narciso!

Como? Como podem ser amados,

Somente por sua beleza, somente por isso!?

Ah! Vos odeio! Aqueles que alienam o cantar!

Assassinos! Merecem o meu julgar!

Homicidas da nobreza da alma!

A você, que branda a beleza:

Como? Como ousa ser tão belo?

Tirano, Ditador! Isento de qualquer pureza.

São! Da existência o próprio desmazelo!

Merecem. Sim! Merecem a morte!

Fazendo-os valer maldita sorte!

Demônios da tirana beleza torpe,

Destruidores da alheia estima!

Cirurgiões da felicidade, estigma

do feio foi a cirurgia cardiovascular

Que os tiranos neles fizeram!

Eram todos belos, eram!

E hoje não merecem alheio amar!

A beleza em qualquer coisa

É infinda maldição estética!

Ah! Pávida! Beleza quimérica!

Sereias e tritões, armadilhas d'alma;

Psicopatas, homicidas da calma

É isso. Sim, é isso o que são!

O Deus do belo implora,

Mas não, não merece;

Não merece humano perdão!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora