IV - Elegia da Abstinência

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Consumou-se o primeiro mês

Sem o altivo narcótico meu.

Um'outra vez, cá estou eu

Na tortura da abstinência!

Crepúsculo de ébria decadência,

Eu roo as unhas, e não

Consigo dormir, adquiro

Tics, tacs e toques;

À morte escrevo infindas odes, e

Questiono se há algo a auferir,

Dessa prisão da minha mente,

Sentimento de vício imprudente.

E me vejo obrigado a admitir:

Eu preciso disso!

Eu morro sem isso! E sem isso

Da vida me sinto desconexo.

Usando-a, me sinto como Deus,

Dopamina, Música e como o Sexo!

Sem minha droga o que sou?

Triste, depressivo e suicida,

Inseto amedrontado a pesticida.

Cego, sem saber onde estou!

Se um'outro mês passar assim,

Sabe-se lá o que será de mim.

A vontade será da morte o prelúdio,

Pois eu vou consumar meu suicídio!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora