V - O Sonho e o Despertar

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Há pouco acordei de um belo sonho.

Tu, mais uma vez er'a protagonista;

Era tarde de um dia enfadonho,

Tu bailavas serena em minha vista.


Estavas em minha casa, sabe-se lá

O porquê. Acabara de se banhar.

Eu estava na sala, escrevendo.

E a ti de toalha estava vendo.


"Onde fica o outro banheiro?" - Perguntas -

"Tenho que me trocar" - terminas.

Te acompanho até o tal lugar,

Sem mais perguntas oriundas.


Lá tu entras, e fecha a porta.

Eu fico esperando do lado de fora.

Mas o desejo que tenho me guia;

Adentro já não há mais bonomia.


No box vejo tuas curvas nuas,

Teus rubros caixinhos, tu'alva tez...

Me vejo nu, e tu não me vês.

Estamos lado a lado às peles cruas.


Minha mão sobe da tua cintura

Ao pescoço, te apalpo os seios.

Tu gemes e me deseja, oriunda

Foda de antigos devaneios.


Ah! O calor e os toques,

Os gemidos os desejos carnais.

Ao momento escreveria odes,

Pois repetir-se-ia jamais!


Todo o resto do sonho foi

Tão somente uma foda vulgar.

Foi tão belo, tão belo foi,

Mas tive que acordar.


Acordo. E mais uma vez percebo

Que para ti nunca serei alguém.

E contento-me com o desejo

De que outrem não será também!

Um Jardim no Inferno - Antologia PoéticaOnde histórias criam vida. Descubra agora