Há pouco acordei de um belo sonho.
Tu, mais uma vez er'a protagonista;
Era tarde de um dia enfadonho,
Tu bailavas serena em minha vista.
Estavas em minha casa, sabe-se lá
O porquê. Acabara de se banhar.
Eu estava na sala, escrevendo.
E a ti de toalha estava vendo.
"Onde fica o outro banheiro?" - Perguntas -
"Tenho que me trocar" - terminas.
Te acompanho até o tal lugar,
Sem mais perguntas oriundas.
Lá tu entras, e fecha a porta.
Eu fico esperando do lado de fora.
Mas o desejo que tenho me guia;
Adentro já não há mais bonomia.
No box vejo tuas curvas nuas,
Teus rubros caixinhos, tu'alva tez...
Me vejo nu, e tu não me vês.
Estamos lado a lado às peles cruas.
Minha mão sobe da tua cintura
Ao pescoço, te apalpo os seios.
Tu gemes e me deseja, oriunda
Foda de antigos devaneios.
Ah! O calor e os toques,
Os gemidos os desejos carnais.
Ao momento escreveria odes,
Pois repetir-se-ia jamais!
Todo o resto do sonho foi
Tão somente uma foda vulgar.
Foi tão belo, tão belo foi,
Mas tive que acordar.
Acordo. E mais uma vez percebo
Que para ti nunca serei alguém.
E contento-me com o desejo
De que outrem não será também!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Jardim no Inferno - Antologia Poética
Puisi"Onde se plantaram tantas flores do mal nasce um Jardim, e onde se vivencia o torpor máximo do sofrimento se encontra o Inferno. Dito isso, o que é o Jardim no Inferno senão uma antologia de sofrimentos?". Trecho retirado do prefácio do livro. Insp...