(Completo)
Harvey Wingarden tinha a vida que todos os garotos invejavam; era popular, namorava a menina mais bonita do colégio, e era filho único de uma família rica de Elburg. No entanto, após sair em uma viagem, os Wingarden sofreram um grave acid...
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— Tem certeza que está bem? — Perguntou Sven, pela milésima vez, enquanto posicionava o violino entre seu maxilar e ombro.
Eu poderia dar-lhe uma resposta sincera, mas de que adiantaria? Ele me perguntaria o que havia acontecido, e eu teria de contar tudo. E então? Não havia necessidade nenhuma daquele diálogo, especialmente quando Noora nos observava em silêncio, no canto da sala de música.
— Estou bem, sim... — A fitei por alguns segundos, sem querer manter o olhar por muito tempo. — Por que ela veio dessa vez?
— "Ela" está bem aqui, você pode perguntá-la diretamente. — A loira reclamou.
— Desculpe, Noora. Por que você está aqui?
— Ficamos de planejar os slides hoje, que é o único dia vago desse energúmeno. — A garota deu de ombros. — Vocês vão tocar ou não?
Eu e o baixinho nos entreolhamos, mas aos poucos começamos a tocar. Me precipitei no piano, pois estava com a cabeça em outro lugar, mas ele relevou, seguindo o meu ritmo desajeitado, até que começamos a tocar a música que há uns dois dias estávamos treinando até ficar em um nível decente.
Até aquele momento, música clássica era tudo o que eu conhecia. Na solidão de minha casa, em que frequentemente dormia com Chloe em minha cama, passava noites e mais noites ouvindo músicas de Chopin apenas para abafar o silêncio sombrio que paisava naquele local repleto de memórias, fossem boas ou ruins. Quando Sven me apresentou a Tchaikovsky, por mais que não superasse meu amor pelas músicas de meu compositor favorito, me apaixonei à primeira vista; especialmente por aquela música em específico, que parecia traduzir tudo o que eu sentia naquele momento com notas lentas e tristes.
Quando já nos aproximávamos do final da música, ouvi Noora se levantar em súbito, soltando um longo suspiro e, aos poucos, sentando-se comigo junto ao piano.
— Vocês só tocam músicas que dá sono? — Perguntou ela, impaciente, interrompendo tanto a mim quanto a Sven, que, naquele momento, perdeu completamente a concentração.
— Não. — Eu e ele respondemos em uníssono, nos entreolhando novamente; pois sabíamos muito bem que, sim, só tocávamos músicas que davam sono.
Os dedos de Noora foram para as teclas, e logo ela tocava uma melodia agitada, mas grave, que fariam qualquer um querer dançar. E eu nem sequer sabia dançar; mas, enquanto a acompanhava batendo minhas mãos na madeira fria do piano, até Sven entrou na onda, acompanhando com o violino.
— Que música é essa? — Perguntei, talvez mais empolgado do que deveria estar, pois tudo aquilo era novo para mim.
— Você nunca ouviu "Bad Guy"? — Ainda tocando, a menina me olhou. — Era um hit no ano passado. De Billie Eilish.
