-- Sim mas nós podemos fórmular nossa opinião. - Masterson retrucou. - A primeira esposa e a jovem gravida tem mais a ganhar com a morte de Paco do que Dulce. Minha cliente não tem que pagar as dividas do esposo falecido, tampouco necessita do dinheiro só seguro. Como pode ver, ela tem uma carreira sólida, é independente e bem-sucedida.
-- Não se esqueça de que duzentos mil dólares é uma quantia considerável.
-- Cem mil dólares com o pagamento das dívidas de Paco. - Dulce lembrou.
-- É temos de considerar também a possibilidade de que outra pessoa, como um colega ou associado, esteja envolvido no caso. - O advogado acrescentou.
-- Ou alguém a quem Paco devesse muito dinheiro. - Dulce se aventurou, com a imagem de Alfonso Herrera dançando em sua cabeça.
-- Quem quer que estivesse no hospital com uma seringa cheia de ouabaina na noite em que ele foi admitido. - Aldrich completou com sarcasmo.
Dulce franziu a testa como Alfonso poderia saber que Paco estava no hospital?
-- Temos de considerar também que a Doutora poderia ter telefonado para alguém levar o veneno até o local...
-- Que absurdo! Para quem eu ligaria?
-- Para seu irmão, quem acabou de sair da Penintencianria Estadual de Missouri.
-- Christian? Mas ele nem sabia que... - Dulce cerrou o maxilar, lutando contra as lágrimas. - Ouça detetive. Vim até aqui com esperança de descobrir o que aconteceu com meu marido. No entanto, estou mais confusa do que quando cheguei. - Cobriu a boca com a mão para abafar os soluços. Queria apenas sua vida de volta, e a maior distância possível daquele oficial perito em manipular pessoas.
-- Masterson eu tenho que ir embora agora.
Quando o advogado se levantou e apanhou a valise, Aldrich não se moveu. Observou-se com atenção calculada e propôs:
-- ;A senhora concordaria em se submeter ao detector de mentira Dra. Álvarez?
-- Sim.
-- Não. - Masterson disse ao mesmo tempo. - Está muito abalada Dulce. O polígrafo pode interpretar mal sua sanidade.
Ela admitiu a sensatez da observação, especialmente a luz da súbita revelação de que ela era a principal suspeita do homicídio.
Confusa, refletiu alguns segundos e se dirigiu ao detetive por fim:-- Farei o teste e vou provar que estou falando a verdade.
Empinando o queixo, saiu da sala com passadas firmes. Não havia matado Paco... Mas como desejava ter feito isso!
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Masterson havia dito para ela não se preocupar, pois se a polícia tivesse evidências suficientes para prendê-la, ela já estaria atrás das grades. Mesmo assim, Dulce se sobressaltava a cada toque do telefone ou da campainha, esperando que o detetive Aldrich surgisse a qualquer momento com um par de algemas.
Atravessou o jardim dos fundos, sentindo remorso pela displicência com que o tratara. As pragas haviam tomado conta do antes exuberante herbário de Rosa Maria. As placas de metal fincadas nos canteiros indicando o nome científico de cada planta, estavam escondidas pelo mato que crescia em abundância.
Receosa, ela abriu a porta de vidro da adorável estufa. Desde que se mudará, era a primeira vez que entrava no santuário da tia. Não fazia ideia do que havia dentro das dezenas de vidros alinhados nas prateleiras, contendo líquidos das mais diversas cores. E se algum deles contivesse ouabaina?
Não que ela soubesse exatamente pelo que procurar. Não saberia reconhecer nenhuma das ervas que Rosa cultivava nos canteiros. Além do mais, a ouabaina podia ser obtida de diversas formas: em cristais, poções, pílulas, soluções...
Seu único alento era que, se houvesse algum vestígio da droga nas prateleiras, o pó que recobria os vidros falaria por si, provando que não eram tocados havia muito tempo.
Para evitar que sua presença deixasse evidências indesejadas, decidiu não mexer em nada até que o mistério que envolvia a morte de Paco fosse solucionado.
Ouviu o telefone tocar no interior da casa e se recusou a atender. Depois do degradante inquérito do dia anterior, queria era se isolar de tudo e de todos. Chegara a considerar fazer uma pequena viagem para se afastar do caos que se tornará sua vida. O problema era que não tinha dinheiro para encher o tanque do carro, e menos ainda para pagar uma passagem de avião. Não havia escolha a não ser ficar e enfrentar seu destino.
Tentando se animar, apanhou as luvas e ferramentas de jardinagem. Em seguida, deu um longo suspiro. Quando havia comentado com Chris que trabalharia no jardim dos fundos, e ele percebeu que ela planejava fazê-lo ajudar na tarefa, o irmão tinha mormurado alguma coisa sobre ter de procurar emprego e desaparecido.
No fundo, ela ficava aliviada. Seria melhor ficar sozinha a ter de responder perguntas sobre um assunto que preferia esquecer.
Quando saiu para o jardim, o dia ensolarado e quente a saudou... Assim como a vizinha, espionando o quintal sobre a cerca que separava as duas casas.-- Dra. Álvarez, que bom vê-la!
-- Bom dia, Sra. Hernández. - Dulce respondeu sem mostrar disposição para conversa.
-- Como está, minha querida?
-- Tentando me manter ocupada.
-- Jardinagem é uma atividade terapêutica. Ouça, se vc não souber reconhecer alguma planta, basta me chamar. Sua tia costumava pedir meus conselhos para classificar algumas variedades.
-- Obgd! Sra. Hernández. Acho que não será necessário, pois minha tia colocou etiquetas em todas as plantas do herbário.
A vizinha debruçou-se sobre a cerca e abaixou o tom de voz:
-- Dulce, o homem que bvi saindo da sua casa esta manhã é seu parente?
-- É meu irmão. - ela respondeu, preocupada em não fornecer informações formações que alimentassem a curiosidade da vizinha Bisbilhoteira.
-- Não me lembro de sua tia ter mencionado um sobrinho.
-- Eles não eram muito próximos. - Dulce vestiu as luvas e fez um gesto na direção do jardim. - Sra. Hernández se me der licença...
-- Aquele é seu irmão?
Ela seguiu o olhar da vizinha até o portão Alfonso Herrera acenava sorridente, e ela suspirou de alívio. Por menos que desejasse vê-lo, sua chegada fora providencial. Seria a desculpa perfeita para se livrar da vizinha Bisbilhoteira.
-- Aquele não é meu irmão. - murmurou. - É um paciente. Vou ver o que quer.
-- Ele me parece familiar.
-- Até logo, Sra. Hernández.
Dulce caminhou para o portão, notando que Alfonso havia cortado isso cabelos.
-- Veio buscar os brincos? - ela perguntou com expressão fechada.
-- Não. - despois de alguns segundos, ele fez um gesto na direção do jardim. - Importa-se se eu entrar?
-- Sim, eu me importo.
-- Sua vizinha esta olhando.
-- Mas uma razão para que fique do lado de fora.
-- ;A polícia me procurou. - ele declarou em voz baixa.
O estômago de Dulce se contraiu, porém ela se recusou a demonstrar qualquer emoção.
-- Considerando sua linha de trabalho, não fico surpresa.
Ele arfou antes de acrescentar:
-- A polícia de Kentucky me procurou. Um detetive chamado Aldrich fez muitas perguntas a respeito de Paco e sobre vc também.
Dulce franziu a testa. Seria capaz de jurar que ele estava preocupado.
-- Quando?
-- Sairam da loja minutos a trás. Tentei telefonar para avisá-la, mas vc não atendeu.
Aldrich estava em Smiley? Ela refletiu, preocupada. Abriu o portão e fez um gesto para que Alfonso entrasse. Suspirou, aliviada ao perceber que a vizinha não estava mais por perto.
Ele parou nos degraus da varanda, e Dulce ficou impressionada com a compleição vigorosa do homem. O cinto de couro no cós da calça jeans marcava o obdômem reto. Os braços, com bíceps bem definidos saltando sob a manga da camisa, denotavam uma força monumental. Como se não bastasse a energia que lhe transpirava por todos os poros, a altura privilegiada que tinha para ele aumentava ainda mais a impressão de perfeição com sua simples presença.
Ele cruzou os braços, e o gesto aparentemente casual antecipou más notícias. De súbito ela lembrou bde que a polícia a considerava a principal suspeita da morte de Paco e talvez pranejasse prendê-la naquele exato momento....
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Um Amor de Verdade
RomanceDulce Maria Álvarez tinha tudo pra ser feliz: Um casamento perfeito com um homem que era o sonho de toda mulher, a profissão que sempre sonhará ter e uma linda casa na pacata cidadezinha de Smiley. Então,por que ela tinha a sensação de que uma Catá...