Quando Dulce estacionou o carro na garagem, na tarde de domingo, sentia-se mais leve. A aventura do final de semana a fez perceber que ela precisava se distrair para manter a sanidade mental.
Na saída do Razor's, se não fosse pelo alto teor alcoólico em seu sangue, teria ficado apavorada com Ruby a direção do BMW. Lembrava-se de ter rido muito cada vez que a motorista inexperiente dava uma guinada chegando até, para o desespero de Beatriz a derrubar latões de lixo no curto trajeto até o hotel.
Apesar das diferenças de idade e personalidade as três tinham usufruído a companhia uma da outra. Provavelmente, pelo fato de terem mais em comum do que qualquer outro trio do planeta.
No dia seguinte, determinadas a descobrir pistas sobre a quarta mulher misteriosa, haviam telefonado Lara todas as locadoras de carro da cidade logo pela manhã. Porém nenhuma delas forneceu informações úteis.
Christian não estava em casa, e Dulce não se importou com a solidão e o silêncio ao chegar fatigada pela viagem. Ele havia deixado um bilhete sobre a mesa pedindo que telefonasse para o escritório.
Certa de que Alfonso não trabalhava nos finais de semana, julgou seguro ligar para lá.-- Financeira Herrera, Alfonso falando...
-- Achei que não trabalhasse nos fins de semana.
-- Passei por aqui pra pegar um formulário. Está livre?
-- Se está querendo saber se estou na cadeia no momento, a resposta é Não!
-- Ótimo. Eu tenho que ir a Shakerag para avaliar uma coleção de jóias de gostaria de ter uma segunda opinião. Posso apanhá-la em dez minutos?
-- As meninas vão? - Ela quis saber, consiente do perigo de está só com ele.
-- Não. Elas foram para a casa da minha mãe. - Ele hesitou antes de insistir: - Vamos?
-- Não sei Alfonso. Acabei de chegar e estou exausta.
-- Pode ir dormindo no caminho...
Trinta minutos mais tarde, Dulce estava a caminho de Shakerag, esquecida do cansaço. Como era possível que um homem tivesse tanto poder de persuasão sobre ela? Pensou com certo nervosismo.
-- Meu pai sempre me disse para não confiar em homens que dirigem caminhonetes. - Ela murmurou, como se pensasse em voz alta.
-- Vou acrescentar esse item na lista de recomendações para as meninas.
Dulce riu e olhou para a fotografia das meninas sorrindo, presa no painel.
-- Sente falta delas não é?
-- Não sei como minha vida podia fazer sentido antes de tê-las comigo. São engraçadas as artimanhas do destino para nos fazer melhores do que éramos. - Ele desviou os olhos da estrada para fitá-la. - O mesmo se aplica a vc. Não sei o que fez no fim de semana, mas a cor voltou ao seu rosto.
Dulce entendeu a insinuação discreta, porém resistiu ao impulso de contar sobre o que ela, Ruby e Beatriz haviam feito.
Conversaram sobre amenidades durante o restante do trajeto até que Algonso parou diante da loja de penhores em Shakerag.-- O que acha? - pediu a opinião dela quando o proprietário da loja estendeu as peças sobre o balcão.
-- Bem, não sou profunda conhecedora de jóias, mas o bracelete de safira é lindo.
-- Tem mesmo olho clínico, doutora. - Ele elogiou sorrindo.
Dulce o observou apanhar a pulseira e mas seis peças enquanto conversava com o vencedor como se fossem velhos amigos. Era fascinante a capacidade de Alfonso em lidar com pessoas. Todos pareciam orbitar ao redor dele... Inclusive ela própria.
No caminho de volta, Algonso parou em um restaurante à beira da estrada e comprou galinha frita e refrigerantes. Sugeriu que fizessem um piquenique no parque das imediações, e Dulce mais uma vez não teve como recusar o convite.
Sentaram-se na relva, semiescondidos por uma árvore frondosa, e colocaram a embalagem com a comida entre eles.
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Um Amor de Verdade
RomansaDulce Maria Álvarez tinha tudo pra ser feliz: Um casamento perfeito com um homem que era o sonho de toda mulher, a profissão que sempre sonhará ter e uma linda casa na pacata cidadezinha de Smiley. Então,por que ela tinha a sensação de que uma Catá...