Capítulo: 18

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   Beatriz avistou a placa que indicava a entrada de Smiley e reduziu a marcha. Pretendia passar pela loja de penhores na volta da Paducah, mas a pernoite na delegacia havia atrapalhado seus planos.
    Gaylord convenceu Aldrich e Peter que a lista de formas possíveis de Assassinato não se tratava de evidências, e sim de um desabafo. Ela fora liberada com a condição de não sair do pais até o final do processo. E, se não fosse por Gaylord, Ruby ainda estaria detida, pois seu advogado simplesmente desapareceu.
    Como se não bastasse isso tudo, suas contas se acumulavam e os credores não paravam de telefonar depois que a notícia da morte de Paco  saiu nos jornais.
    Desvencilhou-se das preocupações e se concentrou no trajeto. Seguiu pela rua principal de Smiley e encontrou com facilidade a casa de dois andares, com jardim bem cuidado e grades de proteção nas portas e janelas. Uma discreta placa com os dizeres "Casa de Penhores Herrera" Pendia sobre o portão.

-- Em que posso ajudá-la? - Um rapaz se aproximou sorrindo.

-- Sr. Herrera?

-- Não. Sou Christian Saviñon.

-- Oh... - Ela franziu a testa ao reconhecer o sobrenome. - É o irmão de Dulce Maria Saviñon?

    Christian a estudou com atenção, e a expressão dele se abriu.

-- Vc é Beatriz Álvarez.

-- Como sabe quem sou?

-- Digamos que eu tenha ouvido muito a seu respeito... Vou dizer a Alfonso que está aqui.

   Beatriz passeou pela sala enquanto esperava, olhando com desgrado ao redor. Não podia se imaginar rodeada de tanta bagunça.

-- Sra. Álvarez? - Ela se virou para se deparar com um homem não muito alto porém muito bonito. - Sou Alfonso Herrera. Meus pêsames pela perda do seu marido.

   Ela arqueou a sobrancelha e tomou a mão estendida. Ao menos além de bonito ele também tinha bons modos.

-- Suponho que tenha alguns ítens em sua possa que podem me interessar, Sr. Herrera.

-- É verdade. Por aqui, por favor.

    Ela o seguiu para um depósito ao final do corredor, surpreendentemente limpo e organizado. Seu olhar imediatamente pousou em uma coleção alinhada sobre a mesa. A valiosa estatueta de bronze chamou-lhe a atenção: Estava em boas condições.
    Alfonso tirou uma lista da gaveta da escrivaninha.

-- Esses são os ítens que seu marido penhorou no último ano. Depois de conversar com Dulce Maria, presumi que alguns devem ser seus.

    Ela se aproximou e conferiu os ítens um a um.

-- Todos estão na minha família há muitas gerações. - Concluiu com firmeza.

-- Já vendi alguns, inclusive um candelabro de prata. Tenho nojo telefone do comprador, e vou entrar em contato para tentar reavê-lo.

-- É muito gentil da sua parte, Sr. Herrera, mas não terei condições de pagar por tudo isso.

-- Não é justo que eu fique com esses ítens, já que não foram vendidos. Minha política é devolvê-los à família, no caso de falecimento da pessoa que o penhorou.

    Beatriz piscou, admirada com a honestidade do homem. Passou a avaliar as moedas antigas, e se deteve no Rélogio de ouro cravejado de diamantes.

-- Este relógio não é meu. Deve ser de Dulce.

-- Também não é dela. Eu já Verifiquei.

-- Vejo que a conhece bem. - Insinuou com malícia. - O detetive Aldrich me disse que vc e Dulce estão tendo um caso.

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