Capítulo: 17

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-- O que vc prefere? - Christian estendeu os jornais da manhã sobre a mesa da cozinha. - "Fêmeas fatais", " Viúvas Vingativas" Ou "Esposas Homicidas"?

   Dulce enfiou a colher na taça de iogurte com tanta força que foi um milagre não tê-la quebrado.

-- Isso é o melhor que eles podem conseguir?

-- Eu pessoalmente prefiro o artigo da Sra. Hernández: " Esposas em Excesso ". - Ele riu e serviu-se de café. - A propósito, ela telefonou há pouco e deixou uma mensagem. Ainda quer ouvir o seu lado da história.

-- Ninguém quer ouvir meu lado da história. A verdade não é tão excitante quanto a ficção.

-- Agora que teve alguns dias para pensar, quem vc acha que matou Paco?

-- É difícil imaginar que Beatriz ou Ruby possam ter cometido um assassinato.

-- Mas de acordo com o que vc me contou, Ruby seria bem capaz de matar.

-- Christian! Eu não disse que ela matou o homem. Foi um acidente, e temos de considerar que Ruby teve uma infância difícil. Ela é ingênua demais para cometer um crime planejado. No entanto, eu não ficaria surpresa se fosse Beatriz. Dentre nós três ela parece a mais vingativa.

-- Vaud passar pelo detector de mentiras amanhã?

-- Vou. E pior é que o promotor Peter quer observar, o que me deixa pouco a vontade.

-- Fique tranquila. Alfonso e eu estávamos conversando a esse respeito, e ele disse que esses aparelhos de última geração são muito precisos. - Christian olhou para a irmã com expressão atenta. - Aliás, ele me pergunta sobre vc todos os dias.

-- Deve ser por que os negócios andam parados.

-- Ao contrário, os negócios estão indo muito bem.

-- Que bom para ele. Afinal o Sr Herrera tem duas crianças pra alimentar.

-- Por que está tão determinada a não gostar dele?

-- Não é nada disso. - Ela se levantou e colocou a louça do café da manhã sobre a pia. - Não está atrasado?

  Christian então olhou no relógio de pulso e terminou de comer rapidamente.

-- Tem certeza que vc não se importa em me empresta seu carro?

-- Não vou precisar dele. Ficarei em casa o dia todo.

-- Então até mais tarde. Trarei uma salada para o almoço. Há e mais uma coisa tranque as portas.

    Dul se despediu do irmão, desejando que ele não tivesse de ir trabalhar. Depois de encher uma xícara com café ela subiu para o quarto, sentindo que as pernas se moviam automaticamente. Assim, decidiu se concentrar apenas em tarefas que pudesse controlar... Como tomar banho. Entrou sob o Jato quente de água e no mesmo instante lembrou-se de que ela e Paco costumavam fazer amor no chuveiro.
    O pensamento seguinte, porém desmanchou qualquer possibilidade de nostalgia. O amor de Paco não passava de uma ilusão. O que ela havia julgado ser a essência da vida, para ele não passava de um jogo intrincado.
   Saiu do banho e vestiu uma camiseta e uma calça jeans desbotadas. Um olhar no espelho confirmou que ela parecia tão derrotada quanto se sentia.
   De repente o rosto de Alfonso dançou em sua mente. Por que ele tinha de se intrometer até em seu pensamento? Com aqueles sorrisos promissores e infantil, com palavras sedutoras, Alfonso Herrera estava simplesmente brincando com ela. Afinal ele já havia admitido que se sentia culpado. Era óbvio que sentia pena dela.
   Quando saiu para o jardim desolador e viu os repórteres rondando a casa, ela concluiu que não conseguia controlar a imprensa, a investigação e nem mesmo seus pensamentos.
   No intento podia controlar o jardim. Decidida, foi a garagem e apanhou o cesto com o material de jardinagem. Ouviu o telefone tocar dentro de casa, mas ignorou o chamado.
  Ao respirar o ar úmido da manhã, ela soube que havia tomado a decisão certa. Cuidar do jardim a distrairia. Avaliou com olhar crítico o caminho que Alfonso reformou, notando que ele teve o cuidado de não danificar a grama delicada que crescia entre os vãos de pedras. Tinha ficado perfeito pensou sorrindo.
    Animando-se, ela se ajoelhou sobre o canteiro de ervas aromáticas e começou a arrancar as pragas. A atividade era terapêutica e perdeu a noção só tempo até ouvir o ruido do carro na garagem. Percebeu que estava com fome, torcendo para que o irmão tivesse lembrado de trazer a salada que prometeu.

Um Amor de VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora