Capítulo: 19

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   Dulce Parou o BMW no estacionamento da estação de ônibus, espiando ao redor à procura do carro de Beatriz. Com mãos trêmulas, ajeitou os cabelos e suspirou. Ainda tinha chance de desistir, podia dar meia voltar e dirigir para Smiley, ou encontrar algum Motel para passar um fim de semana mediativo, como  disse a Christian que faria. Destestava mentir, mas não queria implicá-lo caso a pequena aventura se tornasse pública.
     O brilho reluzente do Bentley continental GT prateado entrando no estacionamento aniquilou sua esperança de fuga. Que tipo de masoquista embarcaria em uma viagem com outras duas esposas do marido.
   Uma masoquista desesperada para compreender o homem que ela julgava conhecer, respondeu para si mesma. Saiu do carro, certo ficando-se de que Ruby não estava por perto. Havia pedido que chegasse quinze minutos depois do horário marcado com Beatriz para que tivesse tempo de contar a novidade.

-- Estava com medo que vc mudasse de idéia. - Beatriz comentou quando ela se aproximou.

-- E mudei mesmo, centenas de vezes.

-- Ainda bem que veio. Eu detesto dirigir vc se importa?

-- É claro que não.

-- Seu carro tem ar-condicionado?

   Dulce suspirou, abrindo o porta malas do luxuoso  carro da mulher. Parou ao vê-lo repleto.

-- Achei que ficaríamos fora por dois ou três dias... Ainda bem que meu porta-malas é grande. - Ela respirou fundo, imaginando como Beatriz aceitaria a novidade. - E sim meu carro tem ar-condicionado, é um BMW X6 não uma carroça. E Beatriz tem algo que eu...

    Ruby surgiu em seu campo de visão nesse momento e correu ao encontro delas. Carregava uma mochila desbotada nos ombros e um cesto de vime com um objeto peludo dentro.

-- O que ela está fazendo aqui?! - Beatriz exigiu.

-- Era sobre isso que eu queria conversar...

-- Olá, Dul! Olá Beatriz.

-- Ela não vai conosco! - Beatriz determinou, cruzando os braços.

-- Beatriz, eu telefonei para Ruby a fim de saber sobre o relógio e a convidei para vir junto. Ela tem a agenda de Paco, o que pode ser de grande ajuda.

   Ruby colocou o cesto no chão e tirou  um caderno de capa preta da mochila. Beatriz tentou tomá-lo das mãos da moça, e ela o recolheu com um sorrisinho maroto.

-- Beatriz... - Dulce suspirou. - Não percebe que Ruby, é importante nesta viagem?

-- Não vou tolerar a presença dela! Essa mulher é uma stripper! Vc ao menos é... Tolerável. - Ela  concluiu com desdém.

-- Nenhuma de nós quer as outras como amigas. - Dulce ponderou seca. - Mas temos de nos unir para superar essa crise.

-- Como pode ter certeza que essa criatura não matou Paco como fez com o outro homem?

-- Da mesma forma que não tenho certeza de que vc não o matou.

-- Mas o relógio...

-- O relógio pode ser seu. E se vc estiver mentindo? - Dulce desafiou.

-- Vc também pode estar mentindo. - Beatriz cruzou os braços e empinou o nariz. - Quem cultivava a planta que matou Paco no quintal?

-- Minha tia cultivava a erva. Eu não fazia ideia de que tinha plantada no jardim. E Não saberia como usa-la para envenenar alguém, mesmo que eu quisesse!

-- Mas vc tinha acesso à droga industrializada.

-- Vc também. Seu pai era cardiologista, e vc trabalhava no hospital.

Um Amor de VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora